por JJcomunic
É um desfile de notícias geralmente acompanhadas de justificativas cínicas. O governador que pega carona em jatinho de empresário que tem negócios com o estado; o ministro do STF convidado em boca-livre total para o casamento do advogado amigo, em Capri. Advogado este que defende causas relatados pelo dito ministro; juízes que viajam anualmente para um alegre resort com tudo pago por empresas especialmente campeãs de ações que estão nas mesas dos referidos magistrados; políticos que moram em apartamentos emprestados por amigos etc etc. Bom que essas denúncias venham a público. Mas a cultura do jabá e da boca-livre vai muito além. Alcança a mídia. A reprodução acima é da revista Viagem. No pequeno texto, a publicação avisa que é o único veículo especializado em turismo que não aceita viagens a convite e que paga suas próprias contas. "Isso significa que viajamos de forma independente, como você. Nenhum dos endereços citados nas reportagens é publicidade disfarçada". Um exemplo a ser seguido por muitos jornais, revistas, rádios, TVs e portais. A regra na mídia, em geral, vai no sentido oposto. Poucas editorias escapam. Com hotéis, passagens, transporte local e refeições pagas pela parte interessada, no mínimo uma certa "boa vontade" jornalística estará garantida. Seja na cobertura de lançamentos de produtos, empreendimentos ou roteiros turísticos ou no apoio ao "marketing empresarial" de um setor de negócios (por exemplo, um grupo acusado de agredir o meio ambiente convida a imprensa, em boca livre, para conhecer seus projetos de sutentabilidade). É comum jornalistas viajarem a convite de governos, entidades, ongs, associações de classe, promotores de eventos, seminários e congressos. Não é difícil imaginar que tal prática embute graves conflitos de interesses. Nesse choque, geralmente a informação e a ética saem perdendo. O passaporte pode ser verde, azul ou vermelho... mas a "chapa" não engana... é "branca".
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