segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Luiz Paulo Silva : a paixão pelo jornalismo

Jornalista Luiz Paulo. Foto: Acervo Pessoal

José Carlos Jesus, que preside a Comissão de Ex-Empregados da Bloch Editores, enviou ao blog o aviso para a missa de Sétimo Dia do nosso querido amigo Luiz Paulo Silva. A cerimônia será realizada amanhã, terça-feira, dia 30 de Setembro, na Igreja Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, às 18h.

Luiz Paulo só tinha amigos na velha Bloch. Seu caráter e integridade eram admirados por muitos colegas. Ele trabalhou inicialmente no setor de Educação da empresa, mas seu objetivo era se transferir para o jornalismo. Tanto lutou que conseguiu. Suas primeiras matérias foram feitas para a Fatos & Fotos. A primeira pauta que recebeu foi uma entrevista com Agildo Ribeiro. A partir daí foi escalando oportunidades. Após a falência da Bloch dedicou-se com sucesso à mídia sindical, atuando como editor de publicações. 

Que vá em paz, como viveu.

Trump taxa em 100% filmes estrangeiros que tentem acessar o mercado estadunidense.

Parece haver uma certa ingenuidade da mídia e do governo brasileiros no destaque e na euforia concedidas a um suposto encontro de Trump e Lula, conforme o presidente dos Estados Unidos disse na ONU. 

Para começar, Trump não merece confiança. 

Adora convidar chefes de Estado ao Salão Oval para sessões de falta de educação e até de bulying. Normalmente, as conversas são apenas armadilhas que não geram consequências práticas. Tanto que após o evento da ONU, o magnata e seus oligarcas acomodados no governo, dispararam mais sanções e aceleraram a guerra das tarifas que atingem aliados históricos dos estadunidenses. Um dos assessores de Trump afirma que o Brasil é apenas um país a ser "consertado" para se render aos interesses da Casa Branca. 

Lula vai lá receber as pautas do "conserto" ? Esse encontro tem tudo para não dar certo.  

Nenhum setor está fora do alcance da ofensiva tarifária. Hoje, Trump anunciou tarifas de 100% que alcançarão qualquer filme não produzido nos Estados Unidos e que seja lançado no país. Sabe-se que o público dos EUA já não é muito chegado a ver filmes estrangeiros, mas as novas taxas fecham completamente o mercado. No caso, a medida tem um viés ideológico: Trump que impedir que filmes com teor político, tais quais as produções vencedoras recentes do Oscar, como a brasileira "Ainda Estou Aqui" (que denunciou um crime da ditadura apoiada pelos Estados Unidos), o filme pacifista "Nada de Novo no Front", produzido pela Alemanha e "Uma Mulher Fantástica", que focaliza a história de uma garçonete transsexual, cheguem aos cinemas estadunidenses. 

São exemplos de temas execrados pela extrema direita que ocupa o atual bunker fascista da Casa Branca.

Os filmes estrageiros eventualmente concorrentes ao Oscar, são obrigados a estrear antes da premiação em salas de exibição dos Estados Unidos. "O Agente Secreto", produzido por Brasil, França, Alemanha e Holanda, disputa uma indicação na categoria Melhor Filme Internacional. Se for selecionado para concorrer à estatueta, o exibidor local que importar o filme vai "morrer" em taxa de 100%. 

Quem vai querer?    

Aos leitores - Roberto Muggiati - : Em breve o Panis Cum Ovum retomará a publicação de novos capítulos do folhetim "Mistério na Glicério"

Visita ao mestre. José Esmeraldo Gonçalves e Roberto Muggiati.
Foto de Jussara Razzé.

O jornalista e escritor Roberto Muggiati fez uma pausa para cuidar da saúde. Após a conclusão de uma série de sessões de fisioterapia, ele deverá enviar para este Panis Cum Ovum, até meados de outubro, novos episódios do folhetim noir "Mistério na Glicério" . Em visita que fizemos ao amigo, ele comfirmou a mim e a Jussara Razzé, que também retomará a finalização do livro "Humor na Manchete" e começará a trabalhar em um próximo projeto: a produção da sua fotobiografia. (José Esmeraldo Gonçalves).  


quinta-feira, 18 de setembro de 2025

O que a PEC da Bandidagem tem a ver com Mané da Glock

Sob o enorme guarda chuva da PEC da bandidagem, parlamentares acusados de crimes só poderão ser processados após consentimento dos colegas. Já viu, não é? Quanto valerá um mandato que terá como bônus um autêntico escudo contra a lei? Investigações já revelaram suspeitas da apropriação de cargos eletivos preenchidos por delegação de organizações criminosas ou da ligação de maus políticos com com milicianos e traficantes. Com a PEC e o desmonte da lei da ficha limpa é de se esperar o interesse de formação de uma futura bancada do crime propriamente dito. No mínimo, como consequência, novos apelidos entrarão na cena política. Os quase poéticos João do Posto, Zé Feirante, Paulo da Borracharia, Cacilda Tatuadora, Célia de Jesus e Ana Florista vão dar vez , quem sabe, a Gegê do AR15, Malvadão do Pedaço, Mané da Glock, Cria do Inferno. Qualquer semelhança de apelidos é mera coincidência, mas a invasão marginal não acontecerá por acaso.

PEC da Bandidagem e farra das emendas: a corrupção institucionalizada

 

Charge de Mariano originalmente publicada na Revista Fatos (1985)

Esta charge do Mariano foi publicada na Revista Fatos em 1985. Na época, a compra de votos rolava solta na campanha para eleições de prefeitos e vereadores. Agora, em tempos de emendas parlamentares e PEC da Bandidagem, é mais atual do que nunca. Eh Brasilzão, terra em que a maioria dos eleitores pobres ou remediados vota em em ricos corruptos ou líderes "religiosos" bilionários. Como resultado, formam um Congresso controlado por bandidos. Boa sorte pra vocês.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

O recado de Lula para Donald Trump

 


Artigo de Lula, dirigido ao Presidente Trump, publicado ontem, 14 de setembro, no New York Times.

𝗔 𝗱𝗲𝗺𝗼𝗰𝗿𝗮𝗰𝗶𝗮 𝗲 𝗮 𝘀𝗼𝗯𝗲𝗿𝗮𝗻𝗶𝗮 𝗯𝗿𝗮𝘀𝗶𝗹𝗲𝗶𝗿𝗮𝘀 𝘀ã𝗼 𝗶𝗻𝗲𝗴𝗼𝗰𝗶á𝘃𝗲𝗶𝘀

Decidi escrever este ensaio para estabelecer um diálogo aberto e franco com o presidente dos Estados Unidos. Ao longo de décadas de negociação, primeiro como líder sindical e depois como presidente, aprendi a ouvir todos os lados e a levar em conta todos os interesses em jogo. Por isso, examinei cuidadosamente os argumentos apresentados pelo governo Trump para impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.

A recuperação dos empregos americanos e a reindustrialização são motivações legítimas. Quando, no passado, os Estados Unidos levantaram a bandeira do neoliberalismo, o Brasil alertou para seus efeitos nocivos. Ver a Casa Branca finalmente reconhecer os limites do chamado Consenso de Washington, uma prescrição política de proteção social mínima, liberalização comercial irrestrita e desregulamentação generalizada, dominante desde a década de 1990, justificou a posição brasileira.
Mas recorrer a ações unilaterais contra Estados individuais é prescrever o remédio errado. O multilateralismo oferece soluções mais justas e equilibradas. O aumento tarifário imposto ao Brasil neste verão não é apenas equivocado, mas também ilógico. Os Estados Unidos não têm déficit comercial com o nosso país, nem estão sujeitos a tarifas elevadas. Nos últimos 15 anos, acumularam um superávit de US$ 410 bilhões no comércio bilateral de bens e serviços. Quase 75% das exportações dos EUA para o Brasil entram isentas de impostos. Pelos nossos cálculos, a tarifa média efetiva sobre produtos americanos é de apenas 2,7%. Oito dos 10 principais itens têm tarifa zero, incluindo petróleo, aeronaves, gás natural e carvão.

A falta de justificativa econômica por trás dessas medidas deixa claro que a motivação da Casa Branca é política. O vice-secretário de Estado, Christopher Landau, teria dito isso no início deste mês a um grupo de líderes empresariais brasileiros que trabalhavam para abrir canais de negociação. O governo americano está usando tarifas e a Lei Magnitsky para buscar impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que orquestrou uma tentativa fracassada de golpe em 8 de janeiro de 2023, em um esforço para subverter a vontade popular expressa nas urnas.

Tenho orgulho do Supremo Tribunal Federal (STF) por sua decisão histórica na quinta-feira, que salvaguarda nossas instituições e o Estado Democrático de Direito. Não se tratou de uma “caça às bruxas”. A decisão foi resultado de procedimentos conduzidos em conformidade com a Constituição Brasileira de 1988, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar. A decisão foi resultado de meses de investigações que revelaram planos para assassinar a mim, ao vice-presidente e a um ministro do STF. As autoridades também descobriram um projeto de decreto que teria efetivamente anulado os resultados das eleições de 2022.
O governo Trump acusou ainda o sistema judiciário brasileiro de perseguir e censurar empresas de tecnologia americanas. Essas alegações são falsas. Todas as plataformas digitais, nacionais ou estrangeiras, estão sujeitas às mesmas leis no Brasil. É desonesto chamar regulamentação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção de nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio. A internet não pode ser uma terra de ilegalidade, onde pedófilos e abusadores têm liberdade para atacar nossas crianças e adolescentes.

Igualmente infundadas são as alegações do governo sobre práticas desleais do Brasil no comércio digital e nos serviços de pagamento eletrônico, bem como sua suposta falha em aplicar as leis ambientais. Ao contrário de ser injusto com os operadores financeiros dos EUA, o sistema de pagamento digital brasileiro, conhecido como PIX, possibilitou a inclusão financeira de milhões de cidadãos e empresas. Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro que facilita as transações e estimula a economia.

Nos últimos dois anos, reduzimos a taxa de desmatamento na Amazônia pela metade. Só em 2024, a polícia brasileira apreendeu centenas de milhões de dólares em ativos usados em crimes ambientais. Mas a Amazônia ainda estará em perigo se outros países não fizerem a sua parte na redução das emissões de gases de efeito estufa. O aumento das temperaturas globais pode transformar a floresta tropical em uma savana, interrompendo os padrões de precipitação em todo o hemisfério, incluindo o Centro-Oeste americano.

Quando os Estados Unidos viram as costas para uma relação de mais de 200 anos, como a que mantêm com o Brasil, todos perdem. Não há diferenças ideológicas que impeçam dois governos de trabalharem juntos em áreas nas quais têm objetivos comuns.

Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão na mesa. Em seu primeiro discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2017, o senhor afirmou que “nações fortes e soberanas permitem que países diversos, com valores, culturas e sonhos diferentes, não apenas coexistam, mas trabalhem lado a lado com base no respeito mútuo”. É assim que vejo a relação entre o Brasil e os Estados Unidos: duas grandes nações capazes de se respeitarem mutuamente e cooperarem para o bem de brasileiros e americanos.

sábado, 13 de setembro de 2025

Minha dosimetria e breves sugestões penais

por O. V. Pochê 

Não vou abusar do espaço. Não sou o Fux que torturou os brasileiros com 12 horas de implantes jurídicos pescados na IA para defender Bolsonaro e comparsas. 

Os brasileiros deveriam agora ser consultados em votação eletrônica para sugerir dosimetrias e instituições penais para cumprimento das sentenças.  A seguir faço minha parte.

* Bolsonaro vai para a Ilha da Trindade. Lá pode ficar em regime aberto. Heleno pirado o acompanhará. 

* Braga Neto será extraditado para a Coreia do Norte onde verá comunistas até debaixo da cama. Terá o benefício de ficar livre durante o dia e apenas dormir na prisão. O único incoveniente será o uso de uma tornozeleira modelo antigo. Devido a dificuldades tecnológicas o equipamento coreano é uma bola de ferro de 20 quilos analógicos.

* O ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, um doidão radical, deverá ser guardado no Forte da Laje, desativado nos anos 1990 e que reencontrará nova função patriótica. Observação: o lugar não precisará passar por reforma, está adequado ao "hóspede". Ele deverá passar os dias escrevendo nas paredes da prisão: "sou um fascista maluco e irrecuperável". 

* O deputado federal Alexandre Ramagem, embora beneficiado pelo foro especial já está castigado: será obrigado a conviver com seu pares bolsonaristas na Câmara.  

* Anderson Torres cumprirá sua pena com direito a saída semanal para trabalhar como mordomo de Damares e de Michelle, fazer a faxina das residências de Nikolas e Malafaia e lavar e passar as roupas de Marco Feliciano e Magno Malta . 

* Todos serão obrigados a receber a visita mensal do Mauro Cid. Só para bater papo mesmo. 


Bolsonaro condenado. Capa do jornal O Povo resume a História


 A primeira página do jornal O Povo repercute nas redes sociais, entre tantas que noticiaram a condenação de Jair Bolsonaro. O ex-presidente e sua organização criminosa levaram o Brasil à beira de uma nova ditadura com todas as implicações que o país infelizmente já conhece: liberdade ameaçada, violência política e, principalmente, corrupção tal qual aconteceu durante o regime de 1964 em uma sucessão de escândalos que a censura impediu à mídia de levar a público. Democracia também significa liberdade de expressão. A mensagem da capa do jornal O Povo, do Ceará, traduz em design as dimensões dos valores que o STF defendeu é a insignificância do verme que tentou que roubar os direitos do povo brasileiro.

terça-feira, 9 de setembro de 2025

A caravana dos otários e o tarifaço dos Bolsonaros


Otários desfilaram no Sete de Setembro para homenagear não a Independência do Brasil, mas exatamente o oposto a desejada (por eles) submissão do país a Trump. Muitos entre aqueles que carregaram a bandeira dos Estados Unidos poderão perder empregos, se é que entre aquela gangue de vagabundos alguém trabalha. Setores da economia  brasileira sofrem com o efeitos do tarifaço dos bolsonaros. Os a facção  criminosa de traidores que os sem cérebros foram bajular nas ruas.

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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Mino Carta, o revisteiro diz adeus

 

Mino Carta. Foto de Ricardo Stuckert/Presidência da República/Agência Brasil/EBC

Aos poucos, os grandes revisteiros assinam seus layouts finais. Com eles, vai-se uma era. Mino Carta, o jornalista que modernizou a imprensa brasileira, morreu na última terça-feira, 2, aos 91 anos. Mino foi da equipe que criou Jornal da Tarde, Quatro Rodas, Veja, Istoé, Jornal da República e Carta Capital. Em todas as publicações, até mesmo no Jornal da República, uma tentativa de vida curta, deixou sua marca. 

Em 1967, ele aceitou o desafio de criar uma revista que destacava a cobertura política em plena ditadura. Segundo a Carta Capital, seu último veículo, Mino impôs uma condição. "Só aceitaria o convite se os donos da Abril, uma vez definida a fórmula da publicação, se portassem como leitores a cada edição, passível de discussão, mas a posteriori, quer dizer, quando já nas bancas". O acordo, ainda segundo a Carta Capital, durou até a sua demissão, em 1976. 

Memórias da redação - "Mamonas, a tragédia que chocou o Brasil" - A edição da Manchete que não deveria ter sido feita • Por Roberto Muggiati


Por mais de cinco anos a banda de Guarulhos chamada Utopia não passou disso: uma utopia. Sua música, rotulada como “rock cômico”, misturava o imisturável: pagode romântico (!), sertanejo, brega, vira, música mexicana e heavy metal. Bastou mudar o nome para Mamonas Assassinas e lançar o único álbum de estúdio, gravado em Los Angeles, Mamonas Assassinas, em junho de 1995, para estourar nas paradas, vendendo quase dois milhões de cópias. A origem do nome não é clara, mas Mamonas se referia não à planta, mas aos seios fartos de uma musa desconhecida. Seu cachê subiu em pouco tempo de oito mil para setenta mil reais O sucesso instantâneo levou a banda a trocar o seu veículo-fetiche, a Brasília amarela, por jatos fretados. A partir do momento em que literalmente decolaram, os Mamonas fizeram 190 shows em 180 dias por todo o país (só não estiveram no Acre, Roraima e Tocantins). Segundo o Centro de Investigações e Prevenções de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), a causa final do desastre foi fadiga de voo, após uma longa escala pelas cidades onde a banda se apresentava, imperícia do copiloto – que não tinha horas de voo suficientes para aquele modelo de aeronave e não era contratado pela empresa de táxi aéreo – falha de comunicação entre a torre de controle e os pilotos, cotejamento e fraseologia incorretos das informações prestadas pela torre. O Learjet 25D caiu na Serra da Cantareira, às 23:16 do sábado 2 de março de 1996, matando os sete passageiros e dois tripulantes. Ironicamente, o prefixo do jatinho era PT-LSD.

Como editor, participei ativamente do fechamento antecipado da Manchete no domingo. Soube do acidente pelo jornaleiro da minha banca na manhã de domingo. As equipes da sucursal de São Paulo partiram cedo para a região de mata cerrada da Cantareira à altitude de 1006 metros.

Devido a um excelente relacionamento com a assessora de comunicação da EMI, Marília Van Boekel Cheola, a revista dispunha de fotos fabulosas e exclusivas dos Mamonas. Pressentindo o sucesso da banda, Marília praticamente sequestrara os meninos durante um dia inteiro e os fizera fotografar com os figurinos mais coloridos e extravagantes. Quanto à cobertura no local do acidente, nossos fotógrafos não chegavam a ser alpinistas e tivemos de recorrer também a fotos da Agência Estado assinadas pelo fotógrafo Vito Fernandes. Aí ocorreu um terrível equívoco de tecnologia, que quase nos custou a apreensão da revista. No calor do fechamento, madrugada de domingo para segunda, recebemos algumas radiofotos em cores. Na redação, não tínhamos recursos para visualizar a imagem. Quem faria o acoplamento das três radiofotos separadas nas cores básicas era a gráfica em Parada de Lucas, que imprimiu a imagem conforme paginada, sem entrar no mérito do seu conteúdo. Publicamos assim, involuntariamente, uma foto mostrando os corpos dilacerados dos Mamonas, o que causaria não só o protesto dos fãs como a quase-censura das autoridades. No meio de toda aquela confusão do fechamento, recebemos de São Paulo um envelope enviado pelo fotógrafo Vic Parisi com um pedaço do avião dos Mamonas. Pedi a um fotógrafo, dentre os muitos que cercavam a mesa de edição, que fizesse uma reprodução caprichada do “troféu”. O pedaço de metal amarelo cheirando a querosene do jatinho PT-LSD sumiu naquela noite – e para sempre na noite dos tempos. Nos meses e anos que se seguiram, Vic Parisi – com sua perseverança de pastor evangélico – me atormentou com cobranças para que lhe devolvesse a peça. Acho que deve estar pensando até hoje que lhe surrupiei aquela “relíquia macabra”...