Não havia escritor com maior bagagem literária para se tornar o primeiro ganhador brasileiro do Prêmio Nobel do que Dalton Trevisan. Isso só não aconteceu porque a Academia Sueca só escolhe candidatos inscritos oficialmente por entidades do seu país. Curitiba – que se autodenominava Cidade Sorriso, mas é também o berço da famigerada Boca Maldita – sempre condenou ao ostracismo seus cidadãos mais bem sucedidos. Dalton sofreu ainda o boicote da velha guarda dos “imortais” por esta frase que publicou no conto-exaltação de 1968 Em busca de Curitiba perdida: “Curitiba, não a da Academia Paranaense de Letras com seus trezentos milhões de imortais, mas a dos bailes no 14, que é a Sociedade Operária Internacional Beneficente O 14 De Janeiro”. E, se dependesse do próprio Dalton, indiferente a prêmios e distinções, aí é que a coisa não andaria mesmo.
Mas, recentemente, com uma Academia Paranaense renovada – acolhendo escritores de destaque como o historiador Laurentino Gomes, autor da trilogia Escravidão – iniciamos uma campanha consistente, Ernani Buchmann e eu, para inscrever o nosso vampiro de estimação ao Nobel de Literatura. O movimento ganhou força a partir do dia 4 de dezembro, quando a jornalista curitibana Isabela França assumiu o cargo de cônsul honorário da Suécia em Curitiba, com jurisdição sobre os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em minha última visita a Curitiba, no início de novembro, discutimos e fizemos planos, entusiasmados com a ideia. Afinal, se o Dalton chegou aos 99, poderia muito bem alcançar os 100 anos. Mas o Vampiro fez forfait, refratário à luz da fama, que sempre o incomodou...
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