sábado, 2 de dezembro de 2023

Racismo e xenofobia avançam em Portugal sob a sombra do crescimento do neonazismo

 


por Ed Sá

Recentemente a embaixada brasileira em Portugal recebeu ameaças de grupo neonazistas. A cordialidade com que os imigrantes portugueses foram tratados no Brasil começa, em sentido contrário, a ser minada no dia a dia dos brasileiros que procuram em Portugal uma opção de sobrevivência. Xingamentos e espancamentos de imigrantes brasileiros são registrados cada vez com maior frequência. A maioria das vítimas silencia por temer problemas legais retaliações. As autoridades locais, quando chamadas, se omitem. O governo brasileiro pouco pode fazer, a não ser pedir a apuração das violência recorrentes. 

Resta esperar que o Brasil recupere a sua economia e seus postos de trabalho, como já está acontecendo e evite a exposição e a humilhação dos brasileiros que caem no conto da bonança em Portugal a um preço insuportável. 

Segundo relatos de imigrantes, além do racismo e da xenofobia um problema real que agrava ainda mais a situação é o aumento dos aluguéis de imóveis.  Aqueles que conseguem apenas subempregos destinam até 50% da renda mensal para a moradia. E ainda enfrentam preconceitos na busca por imóvel ao se identificar como brasileiro. 

Brasileiros ricos falam maravilhas da vida em Portugal. Já os de classe média baixa estão comendo o pastel de nata que o diabo amassou. O fato de a economia portuguesa estar patinado aumenta não só a tensão como afeta o número crescente de imigrantes que pede ajuda ao Itamaraty para retornar ao Brasil. 

O sonho de botar o pé na Europa pela porta de entrada do seu país economicamente mais fraco acabou. Vai quem quer, mas o ambiente só vai piorar. Pergunte ao gajo neonazista que olha atravessado para você nas madrugadas lusitanas.

Atualização em 3/12/2023  - O Globo de hoje publica uma matéria sobre oportunidades para brasileiros em Portugal com base em mudanças da legislação que supostamente favorecem imigrantes, mas apenas aqueles de maior pode aquisitivo ou alta qualificação profissional. A matéria alega "estabilidade" da economia, mas admite que a inflação está em alta e cita a grave crise dos aluguéis. Em toda a matéria as palavras racismo e xenofobia não são usadas. Brasileiros que foram para Portugal, muitos com formação universitária, são entregadores sujeitos à precariedade da atividade. Já as vítimas de racismo podem ser qualificadas ou não, basta ser "zuka", o termo pejorativo usado para segregar brasileiros para serem alvos de agressão. O último caso de repercussão foi a agressor de um estudante brasileira de pós graduação, apanhou na sala de aula e foi chama de prostituta. A polícia foi chamada mas quis apenas saber o que ela fez para irritar o colega português. O Globo usa apenas "cases" de imigrantes bem sucedidos, é uma matéria "fofa", e ignora a dura realidade da maioria dos cerca de 400 mil brasileiros que partiram em busca da sobrevivência e encontraram humilhação do dia a dia.

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