por Eli Halfoun
Fala-se muito em liberdade de expressão
e, portanto, liberdade de imprensa, mas parece que não se quer praticar o que
se diz e se defende nos discursos. A liberdade de expressão está sempre
ameaçada por, entre outras coisas, imposições econômicas: ou os jornais deixam de
falar o que não interessa para alguns grupos ou sofrerá duras penas nas verbas
de anúncios. A mais recente e vergonhosa mordaça está tentando calar a voz da
jornalista e apresentadora Raquel Sheherazade que ganhou mais espaço na mídia
depois que defendeu posições (que muita gente tem, mas não tem coragem de
assumir) com as quais o público não concordou e os políticos falastrões muito
menos a ponto de, segundo a própria jornalista, estarem pedindo a sua cabeça no
SBT: partidos políticos querem que ele seja afastada da bancada do “Jornal do
SBT”.
A emissora de Silvio Santos sempre
respeitou a liberdade de expressão e permitiu (ainda permite) que os profissionais
de jornalismo expressem suas opiniões. Raquel Sheherazade está de férias até o
próximo dia 4 e garante que voltará ao “Jornal do SBT” mesmo sofrendo retaliação
fora da emissora. Diz aí Raquel: “Há uma pressão política muito forte para que
eu seja calada. PSOL e PC do B entraram com representações contra meu direito
de opinião e tentam cercear minha liberdade”. É uma denúncia muito forte contra
partidos que vivem fazendo discursos a favor de todo o tipo de liberdade,
principalmente a liberdade de expressão que agira querem tirar de uma correta profissional
de imprensa. Em entrevista para a “Folha de São Paulo” Raquel faz outra grave
denúncia: “partidos ameaçam cortar verbas publicitárias estatais e até pedir a
perda de concessão da emissora”, o que, aliás, é muita pretensão. Esse não é o
único exagero contra a liberdade de expressão: segundo a Folha em março a
bancada do PC do na Câmara entrou com representação contra a apresentadora e a
emissora por crime de apologia e incitamento ao crime, à tortura e ao
linchamento. Mais um exagero: em nenhum momento houve esse tipo de incitamento
na emissora que tem dedicado quase toda a sua programação ao lazer e
entretenimento.
A deputada Jandira Feghali, que tanto
lutou a favor da liberdade de expressão se defende: “Não queremos calar a Sheharazade.
O que a gente não admite é que o SBT dê guarida a incitação ao crime"
O que, convenhamos, não aconteceu em nenhum momento desde que o episódio ganhou mais repercussão
do que se esperava. Agora todo mundo quer deitar em cima de um fato que teria
passado batido se a mídia não tivesse feito esse carnaval antidemocrático. O
fato é que em nome da democracia a apresentadora tem todo o direito de dizer o
que pensa e o público de discordar e também dizer o que pensa. O resto é apenas
querer botar o bloco na rua para aparecer e aparecer indevidamente. (Eli
Halfoun)