terça-feira, 20 de março de 2012

Carnaval de 1954: o Rio como ele era...

por Gonça
José Carlos Jesus, que coordenou muitas coberturas de Carnaval para a Manchete, Fatos & Fotos e Amiga, grande amigo da turma do blog, envia um link imperdível para um documentário sobre o carnaval carioca de 1954. Cenas do Rio, do velho Santos Dumont, de aviões da Panam, da folia na Rio Branco, escolas de samba e desfiles das alegorias das Grandes Sociedades. Imagens e sons de um época.
Veja o filme. Clique AQUI

Uma homenagem para Tonia Carrero. Em vida

Tonia e Anselmo Duarte: cena do filme "Tico-Tico no Fubá".
por Eli Halfoun
“Se tiver que fazer por mim que faça agora” – o trecho de um dos mais bonitos sambas de Nelson Cavaquinho é sem dúvida a melhor definição para essa digamos inconcebível tradição de só se homenagear as pessoas depois de mortas, quer dizer quando elas não participam da homenagem. Nesse momento em que escolas de samba e programas de televisão prestam homenagens aos nossos falecidos artistas (Dercy Gonçalves, Mário Lago e Luiz Gonzaga, entre outros) talvez seja uma boa homenagear os que estão entre nós e que foram importantes para a construção de nossa cultura. É, entre muitos outros, o caso de Tonia Carrero. Nossa mais bela atriz está com 90 anos e embora presa a uma cadeira de rodas permanece completamente lúcida, ou seja, em condições de receber e participar de uma homenagem ainda em vida. Tonia mora no Leblon, não sai mais de casa e recebe a visita de poucos amigos aos quais mostra que está atualizada com tudo e todos. Prestar-lhe homenagem agora é permitir que ela veja o quanto os brasileiros se orgulham de tê-la como atriz. Uma atriz sem dúvida histórica. (Eli Halfoun)

Patrícia Abravanel: um vôo arrojado com as próprias asas

por Eli Halfoun
Comparações são inevitáveis e cruéis quando um filho decide seguir por talento ou influência a mesma profissão do pai. Em qualquer trabalho seu desempenho é sempre comprado ao do papai, o que muitas vezes a limita a ação e ascensão individual de um jovem iniciante, seja cantor, ator, o que for. Até o jovem conseguir impor sua presença individual será sempre reconhecido como o "filho de fulano", embora, como diz meu filho, talento não seja hereditário. Não foi diferente quando Patrícia Abravanel resolveu encarar a carreira de apresentadora. No início, podia parecer apenas uma brincadeira para agradar o papai Silvio Santos. Patrícia sabia que as comparações e a desconfiança de que estaria sendo protegida pelo pai seriam constantes. Mesmo assim ela seguiu em frente. Hoje deixou de ser a “filha de Silvio Santos” para impor sua presença e talento como uma apresentadora competente, carismática e que tem dado recado direito. Conquistou um ainda pequeno mas merecido espaço. Agora Patrícia terá de enfrentar outra barra difícil: mostrar que não chegou para ser a substituta de Silvio Santos e nem foi preparada em casa para isso. Entrou na carreira porque gosta e sem qualquer pretensão de um dia ser a substituta de seu pai, ainda o maior e mais importante apresentador da nossa televisão. Ainda que sofra a influência profissional do pai (todos os apresentadores são ou foram influenciados por Silvio Santos) Patrícia está mostrando que descolou as asas que estavam coladas nas do papai e tem todas as condições de voar sozinha. Como está fazendo e muito bem. (Eli Halfoun)

Televisão usa como arma de audiência o jornalismo que sempre condenou

por Eli Halfoun
A televisão e seus artistas sempre acusaram a imprensa de invadir suas privacidades e fazer do disse me disse um tipo de jornalismo condenável (o que absolutamente não é se for praticado com competência e respeito). Revistas queu fazem da cobertura artística o seu segmento sempre foram criticadas e chamadas pejorativamente, como se isso lhes diminuísse a importância, de “revistas de fofocas”, que, aliás, fazem sucesso em todo o mundo. Hoje esse bem sucedido tipo de jornalismo passou a ser chamado de ”revistas de celebridades”, o que convenhamos não mudou absolutamente nada embora todas as revistas do tipo realmente tenham melhorado muito em qualidade. O noticiário-fofoca (na verdade qualquer notícia não deixa de ser uma fofoca) alimenta todos os setores da vida e está no interesse e na imaginação de todo tipo de leitor, mesmo o que jamais admite gostar de um bom mexerico. Estranho é constatar que as sempre condenadas "revistas de fofoca" acabaram ganhando um grande espaço na mídia eletrônica, ou seja, a mesma televisão que hoje deita e rola no noticiário-fofoca. TV Fama (Rede TV), “Muito +” (Bandeirantes) “Vídeo Show” (Globo) são os que podemos chamar de "revistas de fofocas" modernas, que abrem espaço em quase todos os programas de todas as emissoras. Resumindo: televisão e artistas falaram demais cuspiram para o alto e hoje estão comendo fartamente no mesmo prato. (Eli Halfoun)

segunda-feira, 19 de março de 2012

Filme “Santos, 100 anos de Futebol Arte” tem pre-éstreia marcada para 27 de março em São Paulo

Para comemorar os 100 anos do Santos Futebol Clube, a produtora Canal Azul, em coprodução com a ESPN e o Grupo Bandeirantes de Comunicação, lança o filme “Santos, 100 anos de Futebol Arte” no dia 14 de abril - data em que o clube completa 100 anos. O filme tem direção e roteiro da cineasta Lina Chamie com produção de Ricardo Aidar. “Santos, 100 anos de Futebol Arte” contou com mais de um ano de pesquisa em acervos no Brasil e no exterior e ajuda a entender a projeção internacional que o clube obteve na era Pelé e que permanece em sua história até hoje. A narrativa é conduzida através da paixão e admiração dos seus torcedores por um clube que conquistou uma torcida 15 vezes maior que a população da sua cidade, além de ser considerado o time que mais marcou gols na história do futebol mundial. Para o produtor Ricardo Aidar, o Santos é um time mágico, quase sobrenatural com uma história coberta de glórias. “O Santos teve o maior jogador da história, parou uma guerra e foi o primeiro time do planeta a conquistar um bicampeonato mundial. Tem uma torcida que se espalha por todos os cantos da terra. Para o Canal Azul é uma grande honra produzir este filme”, enfatiza o produtor. Com 93 minutos, o longa traz depoimentos emocionantes de ídolos como Pelé, Robinho, Diego e Neymar, além de entrevistas com torcedores famosos como a jornalista Barbara Gancia, o apresentador Marcelo Tas, os escritores José RobertoTorero, José Miguel Wisnik e Xico Sá, além do rapper Mano Brown que “contracena” com Cosmo Damião, fundador da torcida jovem do Santos. A trilha sonora que embala as imagens é composta por nomes como Bee Gees, Pink Floyd, Prodigy e Darius Milhaud.
O filme é patrocinado pelo Carrefour e Besni, com o apoio cultural da Netshoes e Tenys Pé Baruel. Direção e Roteiro: Lina Chamie; Produção: Ricardo Aidar e Katia Lund; Produção-executiva: André Canto e Sylvio Rocha; Montagem: Ricardo Farias; Fotografia: Miguel Vassy; Coprodução:ESPN e Grupo Bandeirantes de Comunicação; Realização: Canal Azul. O filme sobre o centenário do Santos é o primeiro de uma série sobre o clube. “Meninos da Vila - a Magia do Santos” será dirigido por Katia Lund e já está em fase de produção e “Santos de todos os gols”, previsto para 2014, completam a trilogia produzidas pelo Canal Azul.
Visite o site do filme e veja uma entrevista com a diretora Lina Chamie. Clique AQUI
Relembre alguns gols de Pelé, a maioria com a camisa do Santos. Clique AQUI

Fonte: Rafael Miramoto, Assessor de Imprensa do Santos FC

Charlize Theron é a rainha má na nova versão de Branca de Neve

A beleza como fonte de poder. É a razão da pergunta da rainha ao espelho. Charlize Theron no papel da poderosa que persegue Branca de Neve por temer que seja mais bonita do que ela. No papel de Branca de Neve, Kristen Stewart. Dessa vez, o espelho mágico errou. A bela Charlize dá de goleada na Kristen Stewart. A nove versão do filme, que se chama "Branca de Neve e o Caçador", tem mais ação do que emoção. Veja o trailer. Clique AQUI

domingo, 18 de março de 2012

Garota de Ipanema, 50 anos

Na reprodução (Globo de hoje), Helô Pinheiro, em foto de Milan Alram na Praia de Ipanema, 1965 e...

...atravessando a Vieira Souto (Reprodução).
Na capa da Fatos&Fotos em 1962, foto de Hélio Santos. Ainda não identificada como a inspiradora da canção "Garota de Ipanema".
Tom e Vinicius em foto de Paulo Schneustuhl para a Manchete. Reprodução do Globo. 

A garotna cinquentona é tema de matéria de joão Máximo no Globo de hoje
por José Esmeraldo Gonçalves
A garota carioca mais cantada no mundo é cinquentona. O Globo de hoje publica uma matéria de João Máximo que conta a histórias e as histórias da canção e da musa Helô Pinheiro, que inspirou Tom e Vinicius. A "Garota de Ipanema" correu o muindo nas vozes de Dick Farney, Pery Ribeiro, Tim Maia, Elis, Nara Leão, Frank Sinatra, Nat King Cole, Steve Wonder, Ella Fitzgerald, Sara Vaugham, Amy Winehouse e centenas de cantores e idiomas. A música foi composta no primeiro semestre de 1962, mas só em 1964, a canção ganhou asas e e a garota globalizou-se. E aí a menina que a inspirou virou um alvo dos jornalistas. Curiosamente, Heloísa Eneida foi capa da Fatos&Fotos, aos 19 anos, em 1962, em uma matéria que não a relacionava com a canção.  Era apenas "Helô, a garota de hoje", uma menina linda, de olhos azuis, cabelos pretos, que ilustrava uma reportagem de Ronaldo Bôscoli, fotografada por Hélio Santos, sobre comportamento e atitudes da nova geração de cariocas. Morava na rua Montenegro e costumava passar na calçada diante do bar Veloso. Só em setembro de 1965, Vinicius deu a pista da para a Manchete, que finalmente mostrou as linhas e curvas, nome e sobrenome da bela musa. Anos depois, o poeta escreveu um texto para Helô. Leia, abaixo, retirado do site oficial da Garota de Ipanema:
"Seu nome é Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, mas todos a chamam de Helô.
Há três anos ela passava, ali no cruzamento de Montenegro e Prudente de Morais, em demanda da praia, e nós a achávamos demais. Do nosso posto de observação, no Veloso, enxugando a nossa cervejinha, Tom e eu emudecíamos à sua vinda maravilhosa.
O ar ficava mais volátil como para facilitar-lhe o divino balanço do andar. E lá ia ela toda linda, a garota de Ipanema, desenvolvendo no percurso a geometria espacial do seu balanceio quase samba, e cuja fórmula teria escapado ao próprio Einstein; seria preciso um Antônio Carlos Jobim para pedir ao piano, em grande e religiosa intimidade, a revelação do seu segredo.
Para ela fizemos, com todo o respeito e mudo encantamento, o samba que a colocou nas manchetes do mundo inteiro e fez de nossa querida Ipanema uma palavra mágica para os ouvintes estrangeiros. Ela foi e é para nós o paradigma do broto carioca; a moça dourada, misto de flor e sereia, cheia de luz e de graça mas cuja a visão é também triste, pois carrega consigo, a caminho do mar, o sentimento da mocidade que passa, da beleza que não é só nossa - é um dom da vida em seu lindo e melancólico fluir e refluir constante.
 

Jornal no Facebook: um novo caminho para atrair leitores

por JJcomunic
Recentemente, o Facebook lançou um pacote de aplicativos para grupos de mídia. Os conteúdos da MTV, Huffington Post e outros já podem ser acessados e compartilhados pelos seus usuários. O que já se apresenta como um fenômeno é a audiência do jornal The Guardian: seis milhões de leitores no Facebook. Segundo pesquisas, usuários gastam cerca de 25 minutos por mês lendos sites de notícias e passam, no mesmo período, oito horas ligados no Facebook. Daí...quem não quer essa audiência?

Gonzagão reúne muito artistas em show que promete ser inesquecível

por Eli Halfoun
Que bom: o centenário de Luiz Gonzaga, que já inspirou o desfile campeão da Unidos da Tijuca, no Rio, ganhará também um grande espetáculo musical para ser transformado em DVD e CD. Ainda sem data para estrear (no momento está na fase de captação do autorizado patrocínio da Lei Rouanet, de R$ 1,2 milhões de reais), é certo que o super show terá a presença de vários artistas e também prestará homenagem a Zé Dantas, parceiro de Gonzaga em vários sucessos. Zé Dantas é avô da cantora Marina Elali, que é claro, estará no show. Esse será, sem dúvida, um espetáculo imperdível. (Eli Halfoun)

sábado, 17 de março de 2012

Flávio Lobo: "A caderneta de Norberto"

Reprodução jornal O Estado de São Paulo


A matéria de Flávio Lobo no Estado de São Paulo/ Reprodução

por José Esmeraldo Gonçalves
Flávio Lobo, jornalista e mestre em comunicação e semiótica pela PUC-SP, revelou em excelente matéria para o jornal O Estado de São Paulo um documento guardado há 42 anos: a carta de um jovem professor da Universidade de São Paulo (USP), morto pela ditadura. Um texto que provoca emoção e, certamente, muita reflexão. Recentemente o fotógrafo Silvado Leung Vieira -  autor da famosa foto do jornalista Vladimir Herzog, espancado e morto nas dependências do DOI-Codi, em outubro de 1975 -  desmascarou de vez a versão de "suicídio" montada pelo regime militar. Silvado tinha 22 anos na época e era aluno do curso de fotografia da Polícia Civil de São Paulo. Ele contou à Folha de São Paulo que foi chamado ao local para registar o “suicídio” de Herzog. Já a revista IstoÉ desmascarou há duas semanas a farsa da morte de Carlos Marighela com base em um depoimento do fotógrafo Sérgio Jorge que testemunhou, ao  lado de vários colegas, a encenação do fim do guerrilheiro. A polícia montou um "teatro" que pretendia fazer crer que o guerrilheiro morreu em uma troca de tiros quando, na verdade, foi executado antes, em outro local.
Sob muitos argumentos e tantas pressões, governos que sucederam os militares defenderam a política de varrer para debaixo do tapete a memória dos anos de chumbo. Esqueceram que não há tapetes grandes o suficiente e não há como impedir que o Brasil reencontre o passado que não deve esquecer.
Como na matéria "A caderneta de Norberto", de Flávio Lobo.
Leia, a seguir:
Ela é pequena, leve e tem capa de plástico vermelho. No canto inferior direito da capa, a palavra“NOTE” ainda é fácil de reconhecer, apesar de a impressão ter esmaecido e de seu
provável dourado original estar agora mais para o cobre.Na parte de dentro, 42 folhas de papel quadriculado, do tipo usado em cadernos de desenho, estão coladas numa folha de papelão não muito grosso, presa à capa. As duas primeiras páginas e as 70 últimas estão em branco (amarelado). Nas restantes, há mais de quatro décadas lê-se uma carta de despedida. Em algum lugar na cidade de São Paulo, em meados de abril de 1970, o economista NorbertoNehring,de29anos, abriu a caderneta, virou a primeira página e começou a escrever para amulher e a filha: Ia e Marta,
Minhas adoradas Cheguei num sábado aqui na terra e, tristeza, já estou frito. Frito!
Norberto voltara ao Brasil havia poucos dias. Desembarcara no Aeroporto do Galeão, no Rio, com documentos falsos.O nome que constava nos papéis de identidade combinava com seus olhos claros e aascendência germânica. Já a nacionalidade argentina poderia levantar suspeitas. Mas não foi a esse ponto fraco que Norberto atribuiu sua triste situação, pelo que relataria a seguir:
Logo de cara dei com um conhecido da Pfizer, que arregalou os olhos. Isto deixou-me nervoso e também, por um anterior excesso de confiança, terminei por errar meu nome na portaria do hotel... Que besteira! Custou-me a vida.Militante da Aliança Libertadora Nacional, a ALN, grupo guerrilheiro que lutava para derrubar a ditadura militar e fazer a revolução socialista no País, Norberto sabia dos riscos que estava correndo. Vários de seus companheiros tinham sido mortos, entre eles o fundador e primeiro comandante da
organização, Carlos Marighella.Outros estavam presos ou desaparecidos. Nos cárceres,
as torturas eram brutais e sistemáticas. Norberto já tinha sido preso. Numa manhã de janeiro de 1969, policiais do Departamento de Ordem Política Social (Dops) cercaram a casa onde vivia com a mulher e o levaram. Nos dez dias que passou na carceragem, foi interrogado, sofreu ameaças, testemunhou torturas. Como seu grau de envolvimento com a guerrilha ainda não era de conhecimento do Dops, foi liberado para comparecer ao aniversário de 5 anos da filha. Só passou pela festa e fugiu. Logo foi para Cuba, onde iniciou treinamento militar com intenção de voltar ao combate no Brasil.
Maria Lygia, a "Ia" da carta de despedida, foi com a filha Marta para Cuba, encontrar Norberto. Técnico em química e graduado em economia pela USP, ele até foi convidado a permanecer na ilha trabalhando com petróleo. Mesmo ciente de que o precário treinamento militar que recebia por lá não seria muito útil no Brasil, ainda assim manteve a decisão de retornar ao País. Norberto, que antes de ser preso dava aulas na USP, acreditava que poderia semear a revolução fazendo trabalho de base, conscientizando trabalhadores e estudantes, articulando a luta política. Ao chegar, viu que seus planos dificilmente vingariam.
Imediatamente segui para Niterói, mas eles não desgrudaram mais de mim. Fiz o possível, mas são sempre muitos à distância e 4 ou 5 ao meu lado.No domingo já estava eu em Campos e depois Vitória e Belo Horizonte. E sempre eles, crendo que sou um "grande líder", armando emboscadas pelo caminho a fim de surpreender os meus salvadores (?).
Depois de tudo, decidi vir para S. Paulo simplesmente pq tanto me fazia vir para cá como ir para qq outro lugar.
Sem perspectiva de fuga e pressentindo o desfecho da perseguição, Norberto virou mais uma folha da caderneta e escreveu:
Minhas adoradas, perdoem-me por isto - quer dizer, por morrer ou ir preso (e eventualmente morrer lá). Nesta vida a senda é estreita. Pisou fora, morreu.Ainda escreveu mais três páginas. Ao final, se despediu da mulher e da filha, que ainda estavam em Cuba, mas iriam para a França. Pediu a Maria Lygia para que não voltasse ao Brasil por uns tempos, que ficasse com Marta na Europa. No verso da última página, registrou outro pedido: que a caderneta fosse entregue a sua mãe, Nice Monteiro Carneiro Nehring, numa repartição da Justiça do Trabalho, em São Paulo.
Passados 42 anos, na tarde de 1º de março de 2012 a carta de Norberto finalmente chegou a um tribunal. Em julgamento na Justiça Federal de São Paulo, o desembargador Rubens Calixto leu, emocionado, trechos da caderneta. Estava em jogo um recurso da União, condenada em primeira instância a pagar indenização por danos morais e materiais à mulher e à filha da vítima.
Por decisão unânime de três juízes desembargadores do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, foi mantida a condenação por danos morais, fixada em R$ 200 mil, e refutada a indenização por danos materiais. Convencidos de que Norberto foi assassinado por agentes do Estado, os magistrados confirmaram o dever de reparação dos sofrimentos causados à família. Mas, como nos meses anteriores a sua morte, Norberto vivia na clandestinidade, sem trabalho e renda, acharam não ser cabível a segunda indenização.
Presente ao julgamento, Maria Lygia Quartim de Moraes, professora titular de sociologia da Unicamp, sentiu-se aliviada pelo reconhecimento judicial de pontos que considera fundamentais: a responsabilização do Estado, o direito a reparação e o registro, ainda que incompleto, da verdade factual. Verdade encoberta pelos perseguidores do marido, que armaram uma farsa para esconder as circunstâncias reais da sua morte.
Como queria Norberto, a carta foi entregue a sua família (quem a recebeu da polícia foi seu sogro, Neddy Quartim de Moraes). De acordo com a versão oficial, baseada em inquérito da Polícia Civil, a caderneta fora encontrada em um quarto de hotel no centro de São Paulo, onde ele teria se enforcado com uma gravata. A despedida se explicaria, portanto, pela decisão do suicídio.
Coube a Maria Lygia e Marta - com o apoio de amigos como Paulo Vanucchi, ex-titular da Secretaria Especial de Direitos Humanos no governo Lula, os advogados Belisário dos Santos Junior e Rubens Naves, organizações como a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, além de Paulo de Tarso Venceslau e outros ex-integrantes da ALN - esclarecer a morte de Norberto e lutar pelo reconhecimento oficial de seu assassinato por agentes da repressão.
Seu corpo foi enterrado no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, com o nome que constava nos documentos falsos - Ernest Snell Burmann - o que só foi informado à família três meses depois, quando a identificação das marcas de tortura já não era mais possível. O reconhecimento deu-se pelo exame da arcada dentária. Vários anos depois, Marta descobriria no IML a existência de duas fichas registrando diferentes causas de morte, "asfixia mecânica" e "afogamento". Fotografias certamente feitas pela perícia jamais foram encontradas.
Depoimentos à Justiça Militar de dois presos políticos também ajudaram a desconstruir a versão de suicídio. Diógenes Arruda Câmara e Paulo de Tarso Venceslau denunciaram a morte do companheiro nas dependências da Operação Bandeirantes, a Oban, famigerado centro de tortura, de onde seu corpo teria saído em caixão.
Em julho de 2002, o atestado de óbito de Norberto foi o primeiro a ser retificado com base na Lei 9.140, de 1995, pela qual o Estado reconheceu sua responsabilidade por mortes e desaparecimento de presos políticos. Oficialmente, desde então, sua morte consta como tendo ocorrido "por causas não naturais em dependências policiais ou assemelhadas". Mas as circunstâncias exatas de como tudo aconteceu ainda estão por ser esclarecidas.
Recuso-me a procurar a família, não vou envolver ninguém nisto, neste momento e nesta situação.Quem, diante da ameaça iminente de morte e suplício, não gritaria por socorro para proteger os outros? Norberto fez isso. Até hoje o jornalista Juca Kfouri, que naquele momento ajudava companheiros da ALN a fugir do Brasil, pensa que, se tivesse recebido algum contato da parte dele, poderia ter salvado a vida de seu amigo e compadre.
"The course of true love runs never smooth"Ao ler as palavras, bem no início da carta, Maria Lygia soube que vinham do marido. A frase é de Sonho de uma Noite de Verão, de Shakespeare (no original, The course of true love never did run smooth, o curso do amor verdadeiro nunca é suave) e, por ironia, foi citada, séculos depois de escrita pelo bardo célebre, por Karl Marx, em O Capital.
O gosto pela literatura e pela teoria marxista, tanto quanto pelas tiradas irônicas, eram traços de Norberto. Ele e Ia haviam combinado que aquela frase seria um selo de autenticidade da comunicação entre eles.
Estejam certas que qq seja meu destino, amei-as como poucos puderam gostar tanto da esposa e da filha. Da Martinha tenho três desenhos e guardo comigo teu isqueiro, Ia amada. Com vocês tive os melhores momentos da minha vida...7 anos de casamento com altíssima e grande felicidade, mas enfim é a sensibilidade e o sentimento de indignação que nos leva ao protesto.Quando soube da morte do pai, a hoje roteirista e professora de cinema Marta Nehring tinha 6 anos. Desde então passou a guardar, "como uma caixa de joias", alguns objetos pessoais de Norberto e um boneco do Visconde de Sabugosa que ele mesmo fizera de sabugo de milho e madeira, de presente para ela. Mas a caderneta com a carta, Marta só pegou para ler, sem intermediários, na adolescência. Em 1996, a filha de Norberto codirigiu com Maria de Oliveira o documentário 15 Filhos, com depoimentos de filhos de militantes perseguidos, presos, torturados e mortos na ditadura. O filme, premiado no Brasil e no exterior, encontra-se disponível no YouTube.
Veja o documentário 15 Filhos. Clique AQUI

Deu no Observatório da Imprensa: o encontro dos "JotaBnianos"

(do Observatório da Imprensa) No sábado (10/3), JotaBenianos e simpatizantes comemoraram no restaurante La Fiorentina, no Rio de Janeiro, os 80 anos de idade e 60 de jornalismo de Dines. Representantes de várias gerações de jornalistas encheram dois salões do restaurante e ocuparam mesas no calçadão da Avenida Atlântica para trocar lembranças e afeto – jornalistas, apesar de fingirem o contrário, são humanos, humaníssimos.
Leia a matéria completa. Clique AQUI 

Jaqueline do vôlei na revista Alfa de março

Jaqueline na Alfa. Foto Divulgação
Foto Divulgação revista Alfa
Jaqueline, que promete se destacar nos Jogos Olímpicos de Londres, está na revista Alfa de março. “Corpo é para usar, não tenho medo de cair, de me jogar. O que tiver de acontecer vai acontecer. Eu quebro tudo, vou pra cima, principalmente das cubanas. Elas merecem”, diz ela.

Jogue fora tudo o que aprendeu na infância: carne é a nova vilã da saúde

por Eli Halfoun
Lembra? Desde criança aprendemos na escola e em casa que para ter uma boa saúde três alimentos são essenciais: carne, ovos e leite. O que antes parecia ser fundamental para uma boa alimentação, hoje é um veneno. Mais uma vez a ciência transforma o dito em não dito: estudo divulgado há dias na revista (Jama) da Associação Médica Americana afirma que o consumo de carne vermelha e de carnes processadas é responsável por um maior número de mortes em consequência de câncer e problemas cardiovasculares. O estudo foi concluído recentemente depois de dez anos de pesquisas que acompanharam 500 mil norte-americanos entre 50 e 71 anos. Durante os dez anos(período em que certamente os pesquisadores comeram muita carne) morreram mais 40 mil homens e mais de 23 mil mulheres que segundo conclusão dos especialistas poderiam ter as mortes adiadas se tivessem reduzido o consumo de carne vermelha para nove gramas do produto a cada mil calorias. A pesquisa garante também que o risco de doenças cardiovasculares pode diminuir muito se houver redução de consumo de carne. A pesquisa pode até ter credibilidade, mas o que será de quem comeu carne até hoje achando que assim estava deixando a saúde mais forte e o corpo melhor alimentado. O fato é que ultimamente as pesquisas só têm nos mostrado que tudo o que antes a ciência recomendava como saudável nunca foi bom. Não é tão difícil assim tirar ou diminuir a quantidade de carne da alimentação diária. Difícil mesmo (e cada vez mais) é conviver com as novas pesquisas que nos tiram a paz, o alimento da boca e nos deixam doentes por termos feito tudo errado no passado e com as terríveis conseqüências que sofreremos no futuro. Isso se as pesquisas não concluírem antes que já estamos mortos, embora pensemos estar vivos. (Eli Halfoun)

Palocci não pede (e não dá) dinheiro para campanha paulista de Haddad

por Eli Halfoun
Em política o que era bom ontem pode deixar de ser bom hoje e para o futuro. O ex-ministro Antonio Palocci está dando mais um exemplo das reviravoltas, principalmente financeiras, que a política pode ter: tem recusado todos os convites para que volte a ser a chave-mestre do PT na abertura de portas para conseguir financiamento de campanha para a candidatura de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo. Palocci tem dois motivos para não mais funcionar como uma espécie de chave mágica: primeiro, é uma maneira de mostrar sua mágoa contra os que não o apoiaram no episódio de consultoria que o afastou vergonhosamente do governo Dilma Roussef. O outro motivo é ainda mais forte: mesmo afastado do governo, ele continua operando sua empresa de consultoria e faturando alto “sem ter que enfrentar qualquer estresse de uma campanha ou um candidato”. Pelo menos até a eleição presidencial, quando Dilma deve entrar novamente em cena como candidata. E deve levar de barbada. (Eli Halfoun)

Cuidado: no caso do cigarro proibir pode ser incentivar

por Eli Halfoun
Não dá para acreditar com convicção que a recente decisão da Anvisa proibindo a venda de fumo “batizado”, ou seja, com sabores artificiais, será realmente cumprida. A poderosa indústria do fumo que sempre ganha todas as brigas está chiando e certamente encontrará (sempre encontra) uma maneira de não cumprir a lei, ou se preferirem, "recomendação". Além do mais, o cumprimento da nova decisão só será obrigatório dentro de 18 e mais meses, tempo suficiente para que a indústria do fumo descubra alternativa e para que a “pirataria” do fumo, que já não é pequena, também se organize para colocar no mercado clandestino cigarros, cigarrilhas e fumos para cachimbo fabricados, como tantos outros produtos de fabriquetas de fundo de quintal.  É necessário, sim, afastar os jovens da curiosidade em relação ao maléfico tabaco e também os idiotas adultos que, como eu, ainda “queimam dinheiro”. Não sei se o cigarro fica ainda pior quando é "batizado": na maioria das vezes o que aumenta no suposto cigarro com sabor é só cheiro porque o gosto é ruim sempre e com exceção do cigarro mentolado os outros realmente não deixam acentuado o gosto de canela, mel, chocolate, seja lá o que for. Na penúltima (a última está sendo trabalhada na minha cabeça) vez em que decidi parar de fumar, troquei o fumo convencional pelo cigarro mentolado, que não me fez fumar nem mais nem menos. O fumo jamais será totalmente proibido (paga muitos impostos). Portanto, não dá mesmo para acreditar que a nova determinação da Anvisa realmente diminuirá o interesse dos jovens pelo cigarro. Corre o risco de até aumentar esse interesse se levarmos em conta que os jovens adoram coisas proibidas, o que de certa forma até explica o interesse burro pela chamada droga ilícita, que é o que querem fazer com o cigarro "batizado", que é, ao lado do álcool, a pior das drogas que o homem encontra pela vida, ou melhor, pela morte. (Eli Halfoun)

Drauzio Varella ensina a enfrentar os acidentes domésticos

por Eli Halfoun
Mesmo que seja um médico respeitado e sério, é difícil saber se as, digamos, consultas dominicais que Drauzio Varella tem dado repetidas vezes no “Fantástico” realmente ajudam (ou assustam ainda mais) os telespectadores. Uma coisa é certa: o "hospital" Globo está feliz com o resultado clínico da atuação de Drauzio que, em abril, voltará a ocupar espaço no “Fantástico” para falar e orientar sobre acidentes domésticos como queimaduras, choques elétricos, quedas e mais outros acidentes comuns e diários. Não costumamos dar muita importância aos acidentes domésticos, mas devíamos: uma aparentemente simples queda, queimadura ou choque muitas vezes pode ser fatal. Ainda mais em um país em que o atendimento de saúde de urgência não costuma funcionar com nenhuma urgência. Deve ser por isso que deixam os doentes durante horas ou dias deitados em uma maca no corredor. (Eli Halfoun)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Deu na Folha: passaralho na RedeTV

Sobrou para os funcionários...

A Fifa tem razão: só pé na bunda mesmo...

O Brasil se candidatou à Copa, aceitou - aliás, como é regra para todos os países - as condições do contrato. Mas quando uma lei, como a Lei Geral da Copa, passa a depender do nosso Congresso perna-de-pau, nada é regra, tudo pode acontece em meio a interesses políticos, econômicos e até religiosos, como se fôssemos um república fundamentalista. A África do Sul conseguiu aprovar todas as leis cinco anos antes da sua Copa. O Brasil patina nesse e em outros itens dando uma mega demonstração de incompetência. Esse negócio de proibir bebida em estádio é hipocrisia. A violência e as brigas entre torcidas são caso de polícia, de vigilância, de investigação e, principalmente, de punição e condenação dos acusados, esses mesmos que a polícia prende e a justiça solta no dia seguinte. 

Acontece... a mesma foto na primeira página de três jornais

por JJcomunic
Os editores da primeira página do Washington Post, New York Times and Wall Street Journal se impressionaram com a mesma foto. É fato raro em grandes jornais, mas acontece. A foto, de Rodrigo Abd, mostra um jovem ao lado do seu pai morto por um franco-atirador. Uma das milhares de tragédias da Síria nesses dias de sangue e bombas.

Live blogging: mais tarefas para o repórter

por JJcomunicO mundo multimídia resulta em multitarefas para os jornalistas. É yum tal de escrever, tuitar, fotografar, gravar vídeo... A prática do live blogging, por exemplo, chega pra ficar. Nas grandes coberturas jornalísticas, os repórteres já são convocados a atualizar seus blogs do próprio local do evento seus blogs. É que pesquisas detectaram que os leitores querem assistir aos acontecimentos como se fosse um telejornal. No dia seguinte, os interessados em aprofundar o assunto procuram o meio impresso. Conclusão: repórter tem que blogar ao vivo. A dúvida é se enquanto está blogando e o evento rolando o jornalista não perde alguma coisa.