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domingo, 18 de março de 2012

Garota de Ipanema, 50 anos

Na reprodução (Globo de hoje), Helô Pinheiro, em foto de Milan Alram na Praia de Ipanema, 1965 e...

...atravessando a Vieira Souto (Reprodução).
Na capa da Fatos&Fotos em 1962, foto de Hélio Santos. Ainda não identificada como a inspiradora da canção "Garota de Ipanema".
Tom e Vinicius em foto de Paulo Schneustuhl para a Manchete. Reprodução do Globo. 

A garotna cinquentona é tema de matéria de joão Máximo no Globo de hoje
por José Esmeraldo Gonçalves
A garota carioca mais cantada no mundo é cinquentona. O Globo de hoje publica uma matéria de João Máximo que conta a histórias e as histórias da canção e da musa Helô Pinheiro, que inspirou Tom e Vinicius. A "Garota de Ipanema" correu o muindo nas vozes de Dick Farney, Pery Ribeiro, Tim Maia, Elis, Nara Leão, Frank Sinatra, Nat King Cole, Steve Wonder, Ella Fitzgerald, Sara Vaugham, Amy Winehouse e centenas de cantores e idiomas. A música foi composta no primeiro semestre de 1962, mas só em 1964, a canção ganhou asas e e a garota globalizou-se. E aí a menina que a inspirou virou um alvo dos jornalistas. Curiosamente, Heloísa Eneida foi capa da Fatos&Fotos, aos 19 anos, em 1962, em uma matéria que não a relacionava com a canção.  Era apenas "Helô, a garota de hoje", uma menina linda, de olhos azuis, cabelos pretos, que ilustrava uma reportagem de Ronaldo Bôscoli, fotografada por Hélio Santos, sobre comportamento e atitudes da nova geração de cariocas. Morava na rua Montenegro e costumava passar na calçada diante do bar Veloso. Só em setembro de 1965, Vinicius deu a pista da para a Manchete, que finalmente mostrou as linhas e curvas, nome e sobrenome da bela musa. Anos depois, o poeta escreveu um texto para Helô. Leia, abaixo, retirado do site oficial da Garota de Ipanema:
"Seu nome é Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, mas todos a chamam de Helô.
Há três anos ela passava, ali no cruzamento de Montenegro e Prudente de Morais, em demanda da praia, e nós a achávamos demais. Do nosso posto de observação, no Veloso, enxugando a nossa cervejinha, Tom e eu emudecíamos à sua vinda maravilhosa.
O ar ficava mais volátil como para facilitar-lhe o divino balanço do andar. E lá ia ela toda linda, a garota de Ipanema, desenvolvendo no percurso a geometria espacial do seu balanceio quase samba, e cuja fórmula teria escapado ao próprio Einstein; seria preciso um Antônio Carlos Jobim para pedir ao piano, em grande e religiosa intimidade, a revelação do seu segredo.
Para ela fizemos, com todo o respeito e mudo encantamento, o samba que a colocou nas manchetes do mundo inteiro e fez de nossa querida Ipanema uma palavra mágica para os ouvintes estrangeiros. Ela foi e é para nós o paradigma do broto carioca; a moça dourada, misto de flor e sereia, cheia de luz e de graça mas cuja a visão é também triste, pois carrega consigo, a caminho do mar, o sentimento da mocidade que passa, da beleza que não é só nossa - é um dom da vida em seu lindo e melancólico fluir e refluir constante.