quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Uma manhã sem fim na Rede TV que está no fim

por Eli Halfoun
É preciso reconhecer e fazer justiça com a Rede TV: não há (nunca houve) nenhum programa na televisão brasileira (e até mundial) que seja mais fiel ao seu título do que o “Manhã Maior” que Daniela Albuquerque e Regina Volpato apresentam na caloteira emissora de Amilcare Dallevo. Não é exatamente a maior, mas é sem dúvida a mais longa manhã do mundo: o programa começa a ser exibido pela manhã e é reprisado várias vezes ao dia, até porque ao que tudo indica não demora muito será o único programa da emissora já que uma de suas apresentadoras pode perfeitamente ficar com os salários atrasados e até abrir mão dele. Sem trabalhar e sem sair de casa ela receberá muito mais, mas certamente não dispensará a oportunidade de aparecer em quase todos os programas da emissora. (Eli Halfoun)

Unidos da Tijuca: É campeã!


A festa da torcida nas arquibancadas da praça da Apoteose

Deu Unidos da Tijuca. Olha só o placar final

Os números da vitória. Este ano eram cinco enredos falando do Nordeste. Dois focalizaram a Bahia, um foi ao Maranhão e outros dois cantaram o Nordeste profundo, aquele do sertão, do cangaço, da arte popular, do baião. O Salgueiro veio de "Cordel Branco e Encarnado". Foi a grande vice-campeã. Mas coube à Unidos da Tijuca levar emoção e beleza à passarela no voo da asa branca. O carnavalesco Paulo Barros, que já foi acusado de fazer um carnaval Disneyworld, por levar super heróis para o Sambódromo, mergulhou na alma brasileira. O enredo "O Dia em que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão" levantou as arquibancadas. Vitória merecidíssima. Se o carnaval do Nordeste, com exceção do frevo pernambucano que segue firme e forte, se rendeu ao axé e até e ao Michel Teló, o Rio canta e celebra o baião. Pode deixar.

Comissão de frente da Unidos da Tijuca: nota 10

Unidos da Tijuca cor de barro: artesanato ganha vida na passarela do samba

Aqui ninguém rasga notas de jurados: o jornal Globo fica com o estandarte da melhor cobertura do Carnaval carioca








por José Esmeraldo Gonçalves
Não é novidade. No ano passado, neste mesmo espaço, citei a edição de Carnaval do Globo como a melhor na passarela da mídia. Disparada. À impressionante agilidade dos cadernos que vão para as bancas na segunda e na terça, soma-se este, de quarta-feira de Cinzas, no qual, sem prejuízo da velocidade, o equlíbrio entre informação, análise e fotos é um ponto forte. Basta dar uma olhada no expediente e verificar a equipe que trabalhou no carnaval para entender que as páginas não são obra do acaso. A ala de fotógrafos, editores e repórteres é experiente, é do ramo. Cesar Tartaglia, Aydano André Motta,  Antonio Werneck, Carter Anderson, Vera Araújo, Claudio Nogueira, Jorge Antonio Barros, Mauro Ventura, Cláudia Amorim, os fotógrafos Gabriel de Paiva, Ana Branco, Marcelo Theobald, Custódio Coimbra, Guilherme Pinto, Marcelo Carnaval, Simone Marinho, Ivo Gonzalez, entre outros, mandaram bem. Em um tempo em que o marketing parece pautar muitas coberturas (vi jornais que publicaram apenas ou preferencialmente os blocos cariocas patrocinados por uma cervejaria), o Globo não tirou o foco da atração principal, o fator que leva milhares de cariocas e turistas à Marquês de Sapucaí: as escolas de samba. Que, a propósito, chegaram antes dos marqueteiros e promoters. A Portela nasceu em 1923 e passou na avenida este ano comemorando seus 89 aninhos; a Mangueira é de 1928; a Unidos da Tijuca, com o retrofit da modernidade de Paulo Barros, é de 1931; mesmo a Beija-Flor, saudada como novidade nos anos 70, quando ganhou o título pela primeira vez, é de 1948. Respeito, portanto, elas têm estrada. O que não impede de incorporar à cobertura, sem que uma coisa exclua a outra, as celebridades e até as sub-celebridades sanzonais que transitam na Sapucaí. Já fazem parte do espetáculo. E estão lá devidamente registradas com ou sem camisetas promocionais, em um "cercadinho vip", à parte, na coluna Gente Boa, de Joaquim Ferreira dos Santos, que se transfere durante do Carnaval do Segundo Cadermo para o bloco das edições especiais. Por falar em bloco, o carnaval de rua mereceu três páginas na edição desta quarta e muitas outras mais nos cadernos anteriores do Globo. São o novo fenômeno do carnaval carioca. Blocos como 2,3 milhões de foliões, como o recordista mundial Cordão da Bola Preta, sem os tais abadás baianos de privatização das ruas, (e que assim permaneçam), ou ou mais de cem mil do Simpatia em cada um dos seus dois desfiles; irreverência e animação para todos os gostos no Carmelitas, Boitatá, Empolga às Nove, Banda de Ipanema, Imprensa Que Eu Gamo, Monobloco e centenas de outros. Quer mais? É incalculável a multidão levada às ruas atrás de marchinhas e sambas. Em uma semana e meia, por baixo, somando-se os números divulgados de cada bloco, o total ultrapassaria os dez milhões de foliões. Há alguns anos dizia-se que o Rio tinha um carnaval de platéia, para se assistir, restrito ao Sambódromo. Embora isso não fosse totalmente verdadeiro, a maioria do blocos que aí estão resistia e nunca deixou de sair, o fato é que não davam esse ibope todo (o que aliás, muita gente, especialmente os "locais", preferia). Dizem que as redes sociais e os aparelhos celulares são responsáveis pela bombada. Pode ser. Fica fácil marcar encontro, saber "qual é a boa", sair de um bairro e ir para outro encontrar amigos etc. Mas acho que um dos fatores principais é uma palavrinha antiga: a paquera. A praça General Osório, por exemplo, virou point da azaração com bateria ou sem bateria mas com duas alegorias que a garotada não dispensava: vodca e energético, os "musos" deste Carnaval. O outro fator, pode crer, é o metrô. Moro perto de uma estação e andei de metrô, sei do que estou falando. E você viu mais gente fantasiada nas ruas? Eu também. E arrisco um palpite. Quem conhece o subúrbio do Rio, sabe que brincar o carnaval fantasiado - e não falo apenas dos bate-bola - é tradição que se manteve em vários bairros enquanto praticamente desaparecia da Zona Sul, com exceção de blocos como o Boitatá. Pois este ano, os fantasiados - no embalo dos milhares de jovens dos bairros mais distantes que o metrô trazia para as praças e praias da ZS - voltaram com força plena e coloriram ainda mais as ruas da cidade. Melhor para o carnaval.

Esta impressionante foto de Jorge William publicada na primeira página do Globo de segunda-feira (reprodução) traduz o carnaval deste ano no Rio: o bloco Simpatia na pista livre, multidão sem abadá, e praia. Um perfeito domingo carioca.
    

O "cinema" de Paulo Barros, Unidos da Tijuca

Unidos da Tijuca homenageia Gonzagão

Cangaceiros

Dominando

Padim Ciço no samba

Balanço

Realidade aumentada

Luz e cor

O balé

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Um prêmio é pouco. Todas as escolas são campeãs

por Eli Halfoun
Depois de ter passado 20 anos cobrindo o desfile das escolas de samba como repórter ou editor confesso que hoje prefiro acompanhar o maravilhoso espetáculo pela televisão, ainda mais agora que a tecnologia os nos oferece imagens quase cinematográficas. É verdade que não me surpreendo tanto assim com o que a escolas apresentam porque sei que o luxo e a criatividade estarão presentes e em todas as escolas no imenso e popular palco do Sambódromo. O que ainda me surpreende é saber que “meia dúzia” de jurados, que evidentemente podem cometer injustiças, apontará uma campeã, ou seja, julgará um intenso trabalho realizado durante o ano inteiro.
A competição é importante e incentivadora também nesse tipo de campeonato do samba, mas será que é justa com as escolas? Para mim, depois de tantos anos de experiência, não importa muito que escola será declarada vencedora ou campeã: na minha visão todas são vencedoras e campeãs. Por isso mesmo acredito que o mais justo seria premiar todas, se bem que de certa forma isso já acontece no aplauso e entusiasmo do público. É injusto decretar que uma escola foi mais perfeita do que a outra nesse ou naquele quesito. No bolo final todas desfilam perfeitas e merecem ter seus trabalhos reconhecidos e premiados, até porque um acidente de percurso (são muitos os que acontecem na chamada hora H). Não se pode deixar jogado no asfalto, como se lixo fosse, um trabalho entusiasmado, às vezes heróico, perfeccionista, mas sempre perfeito realizado durante os trezentos e sessenta e cinco dias do ano. Sei que o julgamento de “meia dúzia” de jurados bem intencionados jamais deixará de ser parte integrante do espetáculo, mas sei também que qualquer que seja o resultado todas as escolas são e serão campeãs e exemplares. O título de campeã concedido para uma única escola é apenas uma maneira de premiar todas. De declarar que todas são e sempre serão vencedoras. (Eli Halfoun)

E as divas do Carnaval da Manchete? Quem não lembra...

O blog Trash 80's relembra as divas das capas das edições da Manchete de Carnaval. Clique AQUI

Capa do Carnaval de 1985. Luiza Brunet, no centro da foto. Bela como sempre, ele brilhou ontem, 27 anos depois, no desfile da Imperatriz no Sambódromo carioca.

Deu no Globo. Pesquisa do Data Rio: cariocas têm saudade das edições de Carnaval da revista Manchete


Capa da última Manchete Carnaval (2008)

Aconteceu, virou marca de um tempo. Está na coluna de Ancelmo Gois no Globo de hoje. Pesquisa mostra que cariocas têm saudade de alguns desfiles marcantes
e incluem entre as boas recordações as famosas e ágeis edições de Carnaval da revista Manchete.

por Gonça
O impacto daquelas edições que se transformaram em tradição e esgotavam rapidamente nas bancas era tão forte que o título resistiu e sobreviveu, por uns tempos, até mesmo à falência da Bloch, em 2000. Como conta o livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata), os próprios funcionários conseguiram da Massa Falida permissão para usar o título e conseguiram botar nas bancas, com muito esforço, edições especiais da Manchete. Em 2001 e 2002 mantiveram a tradição. Entre os responsáveis pela edição e cobertura, Roberto Barreira, José Rodolpho Câmara, Lincoln Martins. Jussara Razzé, José Carlos Jesus, J.A Barros, Wilson Pastor, Enilson Costa, Alberto Carvalho, David Júnior, Regina d'Almeida, Ana Gaio, Eliane Peixoto, Maria Alice Mariano, Alex Ferro, Fábio Abrunhosa, Orestes Locatel e Marcelo Horn. Em 2003, pela primeira vez em 50 anos (Manchete foi fundada em abril de 1952 e seu primeiro carnaval foi o de 1953), os leitores não encontraram na banca a sua tradicional edição de Carnaval. De 2004 até 2008, Manchete de Carnaval foi lançada por Marcos Dvoskin, que havia adquirido o título, em leilão. Essas últimas edições foram feitas também por uma equipe oriunda da revista, com muitos dos profissionais citados acima, sob a direção de Lincoln Martins. Sobre isso, Jussara Razzé escreveu em um dos capítulos do livro "Aconteceu na Manchete": "Nos últimos quatro anos, botamos o bloco da Manchete na avenida, tal como nos velhos tempos. Uma das compensações pelo árduo trabalho é descobrir que a revista permanece na memória afetiva de muita gente. E não são poucos os que nos cumprimentam e incentivam. E a edição especial é a primeira a chegar às bancas, sempre na Quarta-Feira de Cinzas. Um vez por ano, Manchete volta a brilhar, como uma alegoria do passado, em um campo onde já foi imbatível, sob o ritmo e as luzes do Sambódromo carioca".
Jussara antecipava, assim, a "memória afetiva" que a pesquisa do Data Rio agora enfatiza. De resto, não custa lembrar que o nome deste blog, como conta o ex-diretor da Manchete, Roberto Muggiati, em texto aí ao lado na barra direita desta página, é uma referência ao sanduíche de pão com ovo servido precisamente nos acelerados fechamentos daquelas quase épicas edições de Carnaval. 

Jennifer Lopez no camarote da Brahma

Pula, pula