quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Arnaud Rodrigues fez rir um Brasil triste
Depois da temporada como cronista da F&F, o pernambucano reencontrou o sucesso na TV. Atuou nas novelas "Roque Santeiro" (1985), "Partido Alto" (1984), "Pão Pão, Beijo Beijo" (1983) e em alguns filmes ("A filha dos Trapalhões" (1984), "Os Trapalhões e o Mágico de Oroz" (1984). Recentemente, esteve no humorístico "A praça é nossa". Eu o reencontrei algumas vezes geralmente nos corredores da TV Globo. Ele fazia questão de agradecer sempre a acolhida que teve na revista. Naquele breve período de, digamos, vacas magras, Arnaud precisava ganhar dinheiro, claro, passou a fazer shows em qualquer cidade que o convocasse e lançou um LP solo no qual levava muita fé. Era o "Arnaud Rodrigues, o Descobrimento". Na capa, em lay-out de Mello Menezes, ilustrador que fez muitos trabalhos para a EleEla, lá estava ele de Pero Vaz de Caminha com um volante da loteria esportiva nas mãos. Enquanto escrevo, vejo este velho LP na estante aqui ao lado entre uma pilha de vinis sobreviventes. Quando lançou o disco, em 1980, ele foi à redação da F&F e me deu um exemplar com uma dedicatória: "Esmeraldo, por tudo que você tem feito por mim. Muito obrigado. E tente curtir este som". Bobagem, não fizemos nada pelo Arnaud. Vá em paz, amigo. Obrigado a você, que levou humor à revista e, mais do que isso, fez rir um Brasil triste naqueles pesados anos da ditadura.
A magia do Carnaval
por José Esmeraldo Gonçalves
A história do Carnaval carioca é rica e fascinante. Do entrudo às Grandes Sociedades, dos Clóvis aos bailes e aos banhos de mar à fantasia, dos blocos às Escolas de Samba, todas as autênticas manifestações de alegria na data ganharam forte cobertura das revistas movidas pelo apelo popular e interesse dos leitores. O Cruzeiro e, especialmente, a Manchete foram insuperáveis nesse quesito. Estava tudo lá: a grandiosidade das Escolas, a alegria dos blocos, a sofisticação dos bailes e a beleza incomum das cariocas. Quem, um dia, quiser ver a completa história visual do Carnaval do Rio de Janeiro nos últimos 58 anos pode ir ao arquivo fotográfico da extinta Bloch Editores. Ninguém cobriu com tanta precisão a evolução e as mudanças da maior festa popular do mundo (Alô, governador Sérgio Cabral, por falar nisso, que tal tentar adquirir em próximo leilão o extraordinário arquivo fotográfico da Bloch para o novo Museu da Imagem e do Som? E ainda leva o acervo do antigo Departamento de Pesquisa das revistas. A cidade agradece. Mas tem que ser logo, antes que cromos e negativos valiosíssimos para a história do Rio e do Brasil sejam corroídos pela umidade. Um alerta: nada contra, mas o acervo corre o risco de ir parar em São Paulo)..
Mas o recado deste post é outro: estão excelentes os dois cadernos especiais publicados ontem e hoje pelo O Globo, com a cobertura dos desfiles das Escolas. Ótimos textos, fotos expressivas, boas sacadas e análises precisas. Até os anos 70 e começo dos 80, coberturas de Carnaval como essas, assim com tanto espaço e mobilização de grandes equipes era coisa de revistas. Os jornais meio que torciam o nariz para a festa e reservavam ao tema uma edição quase formal. Havia até um certo preconceito contra as revistas, que vendiam milhares de exemplares e se esgotavam rapidamente nas bancas mas eram consideradas "apelativas" por "intelectuais" e editores de jornais "sérios". Mas esse tempo passou. Os jornalões há muito deixaram de remar contra a maré do povo e caíram no samba. Reproduzo aqui as duas páginas finais dos cadernos do Globo. Já viu tudo isso em algum lugar? Provavelmente, sim. A Fatos & Fotos era especialista nessas eternas e imbatíveis curvas das cariocas.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
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