Casa onde a Família Manson assassinou o casal Leno e Rosemary LaBianca, em 1969, foi disputada recentemente por compradores. O ator Zak Bagans, do seriado Ghost Adventures, comprou a mansão. |
por Pedro Juan Bettencourt
Dark culture é um termo que vem do final dos anos 1980, tempos da darkwave impulsionada pelos pós-punks e góticos. Algo como transitar pelo lado negro da subcultura urbana.
É o que acaba de fazer o ator e escritor, Zak Bagans, do seriado Ghost Adventures. Ele comprou a casa que pertenceu a Leno e Rosemary LaBianca, o casal assassinado brutalmente por membros da Família Manson em agosto de 1969. O crime aconteceu em Los Angeles um dia depois da morte da atriz Sharon Tate pelo mesmo grupo. Rosemary foi esfaqueado 41 vezes e Leno 12 vezes. Ao saber que a casa que foi cenário do crime e mantém tudo original no interior e estava à venda por cerca de 2 milhões de dólares ele fechou negócio, mas antes teve que disputar com dezenas de interessados. Zak é um colecionador de peças dark culture. Não sabe ainda o que vai fazer da casa, mas acha que é local ideal para experiências paranormais.
Local exato onde Lennon foi assassinado é atração turística. Reprodução |
No Brasil a onda dark não é tão publicamente difundida, mas tem grande potencial. Colecionar recuerdos de crimes não é muito diferente de ir ao Museu da República, no Rio, ver o pijama com furo de bala e o revólver Colt com o qual Getúlio Vargas se suicidou. Tudo é curiosidade dark. Noticia-se que a faca usada contra o então candidato Jair Bolsonaro irá para o Museu Criminal da Polícia Federal, em Brasília. Certamente atrairá bolsomions fanáticos. A casa em São Paulo onde Suzane von Richthofen, o então namorado Daniel Carvinhos e o irmão deste, Cristian Cravinhos, mataram os pais da jovem, Manfred e Marísia von Richthofen é um referência da dark culture à brasileira. No Rio, o costão da Avenida Niemeyer onde foi encontrado o corpo de um jovem assassinada pelo playboy Michel Frank entrou para a história policial da cidade, assim como a escola em Realengo onde 12 crianças foram mortas a tiro por um aluno, e a calçada de um prédio próximo à Igreja da Candelária, cenário da chacina que vitimou oito menores. Na Ilha Grande (RJ), uma atração são as ruínas do antigo presídio onde ao longo de décadas centenas de presos foram assassinados. Para os visitantes, é impossível circular no que resta de celas e corredores sem pensar no sangue que correu ali. Em Salvador, durante décadas, cabeças decapitadas dos cangaceiros mortos pelas volantes entravam no roteiro dos visitantes. Colocadas em tubos de vidro com formol eram expostas no Museu do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues até que o bom senso prevaleceu e foram entregues às famílias de Lampião, Maria Bonita e demais integrantes do bando.
O compartilhamento de fotos e vídeos de assassinatos é a mais recente a tenebrosa manifestação da dark culture.
Com tanta violência, o Brasil tem tudo para ser a pátria amada da dark culture. Se já não for.
ATUALIZAÇÃO em 7/10 - Mais dark culture. O presidente da Ucrânia, Vladimir Volydymyr, acaba de abrir a sala de controle do reator nº 4 de Chernobyl para os turistas, desde que eles usem traje especial, luvas e capacete. Volydymyr também decretou que a região de Chernobyl, que recebe visitantes não oficiais há anos, é agora formalmente uma área turística. A decisão se deve ao aumento da curiosidade impulsionada pela minissérie do mesmo nome que fez sucesso mundial na HBO. A sala do reator 4 foi onde começou a tragédia de Chernobyl.