Post racista contra Vini Jr publicado no site oficial do seu próprio time, o Real Madrid. A imagem associa a evolução do macaco ao homem com o jogador brasileiro. Reprodução. |
por José Esmeraldo Gonçalves
O jogador Vini Jr vive uma situação inédita. Como jogador tem seu talento reconhecido; como homem preto sofre uma intensa perseguição racista.
Vini está sozinho.
A FIFA, os clubes, a federação espanhola, a UEFA apenas assistem ao massacre. Vini é agredido a cada vez que entra em campo. A Espanha não tem leis contra o racismo. O preconceito corre solto. O Real Madrid, onde ele joga, também não reage. Os muitos jogadores negros que atuam no futebol europeu fingem que não é com eles. A mídia espanhola, com microscópicas exceções, bota a culpa na vitima,Vini Jr.
E não digam que Vini é o primeiro. Vários jogadores brasileiros sofreram com o racismo que berra nas arquibancadas de La Liga. Ele é sim o primeiro a gritar alto. Alguns pretos, como Ronaldo Fenômeno, Rivaldo e Romário optaram, no seu tempo, por ficar calados. Vini expõe reação inédita com corajosa indignação. Está certíssimo. O jogador brasileiro foi atacado ontem no site do Real Madrid. Você inicialmente pode pensar que a conta do Real sofreu invasão. Não. O post é autêntico e foi veiculado na página oficial do clube.
Se a FIFA, a UEFA, a CBF, a Conmebol e outras confederações ou federações não reagem além de campanhas para exorcizar culpas, a bola está como os jogadores pretos. Que eles, ao primeiro sinal de racismo, parem o jogo. Se não furarem a bola estarão compactuando com um crime. Emissoras que transmitem o jogo devem suspender a cobertura. Patrocinadores precisam entrar nessa briga. Ou ambos, veículo e quem banca anúncios, estarão faturando com apoio de racistas impunes.
A questão é a seguinte: chegou a hora de separar quem compartilha e quem combate o racismo. Não há dois lados. Só um deles veste o simbólico capuz da "Ku Klux Klan Klan" à moda da Europa. Multas, jogos sem torcida, punição leve de torcedores racistas, campanhas, faixas contra o racismo exibidas na beira do campo são bobagens diante da magnitude do problema. Tudo é muito bonito, mas inútil.
Parar o jogo até que os racistas sejam presos é a solução.
Não entrar em campo contra times que aceitam práticas racistas e não idendificam os criminosos nas arquibancadas quando têm o mando de jogo é a melhor arma. Mas, para isso, é preciso que jogadores pretos se unam.
No caso de Vini não basta abracá-lo em campo. É necessário que botem a bola embaixo do braço e parem o jogo.
Ou serão sempre cúmplices da indignidade nos estádios.