Mostrando postagens com marcador roberto mota. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador roberto mota. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Roberto Mota: o rei da frase de efeito

por Roberto Muggiati
Robertinho Mota, figura afável e amiga, despediu-se deste insensato mundo na manhã de segunda-feira, 22 de setembro, aos 69 anos. Outra morte que podemos arrolar ao passivo da falência de Bloch Editores, em agosto de 2000. Enquanto pôde, o bravo blogueiro destilou sua verve diariamente, incansável, até 8 de agosto último, quando a doença o desgarrou do teclado.
Roberto Mota
Em 1965, um Rio de Janeiro vibrante comemorava seus 400 anos – apesar da ditadura que ainda ocultava suas garras. A Manchete se abrigava nas salas escuras do prédio da Rua Frei Caneca, aguardando seu momento literal de Glória, no final de 1968, quando se tornaria a única editora carioca a ter uma sede na Zona Sul. Robertinho pertencia ao seleto grupo dos [Raul] Giudicelli’s boys, elaborando, no Departamento de Pesquisa, textos brilhantes que eram incorporados ipsis litteris e publicados nos veículos da Bloch de então: o carro-chefe Manchete, o irmão mais esperto Fatos&Fotos, a douta-mas-legibilíssima Enciclopédia Bloch, a feminina Joia (havia ainda a blockbuster Sétimo Céu, com suas fotonovelas, que carecia de textos da pesquisa.)
Entre outros, participavam daquela equipe Oswaldo Caldeira, depois cineasta. Como muitos deles, Roberto Mota transcendeu a Frei Caneca e foi brilhar em outras áreas. No auge da carreira, tornou-se um profissional superespecializado. Era ele quem, nos bastidores, criava as frases de efeito e os bordões irresistíveis da coluna do Zózimo [Barroso do Amaral], até hoje ecoados pelo sucessor de Mestre Zoza, Ancelmo Góis.
Nos últimos anos, Robertinho se dedicava de corpo e alma ao seu blog, criticando com ironia (mas nunca amargura) o quadro atual do país em que (sobre)vivemos. Vamos sentir falta do seu humor e de sua verve impecáveis.