por Roberto Muggiati
Robertinho Mota, figura
afável e amiga, despediu-se deste insensato mundo na manhã de segunda-feira, 22
de setembro, aos 69 anos. Outra morte que podemos arrolar ao passivo da
falência de Bloch Editores, em agosto de 2000. Enquanto pôde, o bravo blogueiro
destilou sua verve diariamente, incansável, até 8 de agosto último, quando a
doença o desgarrou do teclado.
Roberto Mota |
Em 1965, um Rio de
Janeiro vibrante comemorava seus 400 anos – apesar da ditadura que ainda
ocultava suas garras. A Manchete se
abrigava nas salas escuras do prédio da Rua Frei Caneca, aguardando seu momento
literal de Glória, no final de 1968, quando se tornaria a única editora carioca
a ter uma sede na Zona Sul. Robertinho pertencia ao seleto grupo dos [Raul] Giudicelli’s boys, elaborando, no
Departamento de Pesquisa, textos brilhantes que eram incorporados ipsis litteris e publicados nos veículos
da Bloch de então: o carro-chefe Manchete,
o irmão mais esperto Fatos&Fotos,
a douta-mas-legibilíssima Enciclopédia
Bloch, a feminina Joia (havia
ainda a blockbuster Sétimo Céu, com
suas fotonovelas, que carecia de textos da pesquisa.)
Entre outros, participavam
daquela equipe Oswaldo Caldeira, depois cineasta. Como muitos deles, Roberto
Mota transcendeu a Frei Caneca e foi brilhar em outras áreas. No auge da
carreira, tornou-se um profissional superespecializado. Era ele quem, nos
bastidores, criava as frases de efeito e os bordões irresistíveis da coluna do
Zózimo [Barroso do Amaral], até hoje ecoados pelo sucessor de Mestre Zoza,
Ancelmo Góis.
Nos últimos anos,
Robertinho se dedicava de corpo e alma ao seu blog, criticando com ironia (mas
nunca amargura) o quadro atual do país em que (sobre)vivemos. Vamos sentir
falta do seu humor e de sua verve impecáveis.