Foto: Reprodução O Globo |
Não deu outra. Autoridades esportivas fizeram cena e puniram de brincadeirinha o clube responsável pelas ofensas racistas ao árbitro Márcio Chagas da Silva. O Esportivo, de Bento Gonçalvres (RS), recebeu um multa irrisória (30 mil reais) e perda de mando de campo por três jogos. Não se sabe se, na esfera policial, os racistas foram identificados ou se há investigação em andamento. As campanhas contra o racismo já mostraram que, apesar de bem intencionadas, não funcionam. Os racistas devem achar que são piadas ou coisa de quem quer parecer que está combatendo o preconceito. A falta de ação das autoridades esportivas e civis está na raiz do aumento dos casos de racismo dentro e fora dos estádios. Já nas delegacias, na hora do B.O, a polícia tenta desqualificar o crime, raramente registra como racismo mas sim como uma leve "ofensa moral". As agressões nos estádios jamais resultam em cadeia para os racistas ou em suspensão e até eliminação dos clubes. Tudo acaba em tapinhas, promessa de que não acontecerá mais ou em campanhas cenográficas. A impunidade está fazendo o racismo crescer no Brasil. A impunidade e uma resistência elitista de parte de mídia que condena editoriais programas de cotas e iniciativas semelhantes e criou até um rótulo - o "racialismo" - para atribuir aos movimentos que combatem o preconceito racial um "tentativa de implantar" o racismo no Brasil. Uma cínica inversão de papeis.