Mostrando postagens com marcador participação de Sade na queda da Bastilha. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador participação de Sade na queda da Bastilha. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Quem detonou a Bastilha? O Marquês de Sade, ora... • Por Roberto Muggiati

 

O povo unido contra a Bastilha 

Sade ajudou a insuflar os parisienses 

Peça de Peter Weiss: A perseguição e assassinato de Jean-Paul Marat

Mais um 14 Juillet, não chega a ser uma data redonda, 234 anos desde que cidadãos parisisenses revoltados pegaram em armas e destruíram a prisão-símbolo do autoritarismo e da opressão. Aproveito para contar uma história que só mais recentemente os historiadores trouxeram à tona. Uma pessoa de dentro da Bastilha exerceu um papel determinante para a invasão e derrubada do presídio: o Marquês de Sade, que ocupava lá uma pequena cela. Em 2 de julho de 1789, a turba enfurecida já rondava o prédio e as autoridades reforçaram a segurança. Transformando em megafone um funil de metal usado para despejar o esgoto de sua privada, Sade foi à janela e começou a berrar para o populacho por entre as grades que os carcereiros assassinos estavam torturando e degolando os prisioneiros, a maioria deles gente de bem que se opunha politicamente à monarquia. Em represália, o comandante da Bastilha o despachou, “nu como um verme”, para o asilo de loucos de Charenton, lacrando a cela com seus pertences, pelos quais Sade chorou “lágrimas de sangue”: “Mais de 100 luíses de móveis, algumas obras e – o irreparável – quinze volumes de meus manuscritos.”

O diretor do asilo de Charenton, Monsieur de Coulmier, considera o teatro uma excelente forma de terapia e constrói um palco com uma arquibancada de 40 lugares. Sade encontra aí uma oportunidade para exercer seu talento de escritor. Parisienses chiques disputam os lugares destinados aos pacientes. O episódio inspiraria, em 1963, a peça de Peter Weiss A perseguição e assassinato de Jean-Paul Marat encenado pelos internos do Hospício de Charenton sob direção do Senhor de Sade, abreviado para Marat/Sade, que eu tive o privilégio de ver em sua estreia em 1964 na Royal Shakespeare Company em Londres, com Patrick Magee no papel de Sade e a estreante Glenda Jackson como Charlotte Corday. Shakespeare, que fazia 400 anos, adorou..

.