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terça-feira, 26 de junho de 2012

Designer gráfico ou paginador?


`Paginação
Tipômetro
Lápis, lapiseira e borracha
por Nelio Barbosa Horta
Sou de uma época em que a paginação de uma matéria em jornal ou revista era feita de forma bastante artesanal. Usavam-se as famosas folhas de diagramação (lay-outs), lapiseira, borracha, esquadro, as tabelas para calcular o espaço dos textos ou régua e, muita, muita criatividade para inserir nas páginas o texto, as fotos, as ilustrações, os gráficos, e uma apresentação que agradasse ao editor, ao repórter, autor da matéria, ao fotógrafo, que ficava caitituando maior destaque das fotos e a redação, que participava do fechamento das edições. Era um corre-corre contra o relógio porque a gráfica estava esperando e tinha horário para "baixar" as páginas. As fotos eram projetadas, tinha arte-final e produção.  A Bloch tinha uma excelente equipe de arte finalistas e uma produção participante.
Lembro que, no Rio de Janeiro, os precursores da paginação ou diagramação foram os "hermanos" argentinos Mário e Ricardo Parpagnólli, que passaram sua arte para o Wilson Passos, da Manchete, e o  Ezio Speranza, um italiano "boa-praça", no Diário da Noite e na Fatos & Fotos, que, antes de ser paginador, fez uma ponta no clássico filme italiano "O ladrão de bicicletas" (poucas pessoas sabem disso). No Diário da Noite, onde comecei minha longa carreira pelas Redações, havia o atual crítico de cinema, José Carlos Avellar, que era retocador de fotografias, onde ele destacava os contrastes da fotos em pb com pincel e guache. Nesta época, fomos companheiros do Brício de Abreu, o Briabre,do Austregésilo de Athayde, do Álvaro Lins, o escritor, do Carlos Estevão, do José Carvalho Heitor, desenhistas, do Evandro Teixeira, do Fernando Bruce, editor de esportes, do Sandro Moreyra e do Nelson Rodrigues.  Mas isto é outra história...
Hoje, os tempos são outros e a forma e a apresentação das matérias em jornais e revistas usam e abusam dos artistas gráficos e dos infografistas. O Photoshop foi super-valorizado (não existe mais mulher feia...) e os recursos da computação gráfica usam as tecnologias de ponta em alto nível onde os equipamentos das unidades traçam um perfil dinâmico e inovador.  Em cada filme que assistimos vemos o desdobramento de um trabalho de arte inacreditável,verdadeiro milagre para os nossos olhares perplexos e incrédulos diante de tanta beleza e grandiosidade. Eu poderia citar dezenas de filmes em que os efeitos de computação gráfica se destacam e nos fazem pensar que não há mais limites para a criatividade desses verdadeiros gênios do design. Mas não acabaria nunca, devido a grande quantidade de trabalhos apresentados.
Meu primeiro emprego foi num escritório de arquitetura, com meu professor de matemática Odracyr Valiengo. Eu desenhava projetos de arquitetura com nanquim. Anos depois, encontrei com um colega que ainda era do mesmo escritório. Ao visitá-lo, fiquei surpreso com o avanço da tecnologia. Tudo que eu fazia com o tira-linha e o nanquim agora era feito por computador. Uma tranquilidade... 
Fui de Bloch Editores por 38 anos e do Jornal do Brasil por 45 anos, até janeiro de 2011, quando me avisaram que eu tinha que pendurar as "chuteiras", mas, segundo a Adriana Colpas, chefe do RH do JB, eu iria conseguir uma colocação em outro jornal facilmente devido à "minha grande experiência". A idade é um empecilho intransponível. Estou esperando até hoje respostas para meus currículos. Nada... Dos programas que usei, o último foi o GN3, no JB. Ótimo, mas impossível de ser usado fora das especificações do programa.
Resta um consolo: Ganhei o último "Prêmio Esso" do JB, em 2004, com a primeira página.  Na entrega do prêmio, revi muitos colegas das redações onde trabalhei que me abraçaram. Eu tinha mais saúde...
No dia 27 de abril comemora-se o "Dia Mundial do Designer Gráfico", uma justa homenagem àqueles que usam as tecnologias emergentes com incrível habilidade. É bem verdade que as equipes são grandes e que não podem ser comparadas com os "paginadores" dos anos 50, que também eram criativos,  mas com muitas limitações. (Nelio Barbosa Horta, de Saquarema)