por Eli Halfoun
Foi um festival de lágrimas,
um dramalhão de fazer inveja às antigas e superadas novelas mexicanas, mas se a
intenção do autor Walcyr Carrasco era apresentar um folhetim como antigamente
ele não errou a dose: a morte da personagem Nicole (Marina Rui Barbosa)
conquistou recorde de audiência para a novela, o que mostra que não é sempre
que o público está interessado em novelas que tentem estar o mais próximo
possível de uma realidade às vezes mais tensa, ridícula e exagerada do que a
ficção. Público e atores sabiam que Nicole ia morrer e talvez por isso o autor
tenha levado para a igreja quase toda a equipe médica do hospital em que ele se
tratava do câncer fatal. Só esqueceu de montar na sacristia uma sala de
emergência para atender a noiva que emocionada fatalmente passaria mal mesmo
que não tivesse descoberto a traição do noivo e da suposta melhor amiga. Foi
estranho ver no casamento personagens que Nicole sequer conhecia, mas como em
novela tudo é possível...
Talvez os convidados que
mal conheciam a noiva e o noivo tenham ido ao casamento por uma mórbida
curiosidade já que a morte de Nicole era mais do que esperada e anunciada. O autor
Walcyr Carrasco tinha prometido uma cena romântica, mas parece ter esquecido a
promessa e exagerou na dose de dramalhão. Isso não invalida o bom trabalho que
ele tem feito até agora, especialmente nas cenas que envolvem o personagem
Felix e a “inteligência pura” Valdirene. Se dependesse apenas dos exageros (começaram
no hospital) do casamento e morte de Nicole a novela “Amor à Vida” teria um
título mais adequado se chamasse o “Amor à Morte”. O dramalhão da morte de
Nicole foi mesmo de matar. (Eli Halfoun)