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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Aterro sob ataque: Obra do "Iphan e Ministério da Cultura Imóveis e Empreendimentos Ltda".A "empresa" por enquanto é fantasiosa mas a ameaça é real...

por JJcomunic
Um das mais belas áreas do Rio, o Aterro é alvo constante da especulação imobiliária. No anos 90 a privataria entregou a Marina da Glória a um "concessionário" por dez anos. O prazo venceu, mas como tem acontecido com quase todas as "concessões" - que mais parecem "doações" - foi prorrogado por 30 anos. Um presentaço. Recentemente,  o antigo "concessionário" repassou a Marina para outra empresa que, desde então, pretende construir um Centro de Convenções no local.. Trata-se de um prédio de 15 metros de altura. Inexplicavelmente, o Iphan, que teoricamente é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, deu um liberou geral para a construção de um prédio na principal área de lazer dos cariocas. Atua como uma espécie de "incorporador" imobiliário. Os burocratas autorizam também o "concessionário" a fazer obras em uma área de 20 mil metros quadrados. Resta aos cariocas recorrerem ao Ministério Público Federal para uma última tentativa de reverter essa inusitada decisão. O precedente aberto poderá resultar em mais um mostrengo: há alguns meses, os "concessionários" do Porcão queriam construir um prédio ao lado do restaurante para abrigar um mafuá de shows. Casa de shows de um lado, centro de convenções de outro, o Aterro vai virando um grande estacionamento com o aval do Iphan e do Ministério da Cultura.
As Olimpíadas e a Copa foram vistas como um grande benefício ao Rio. E são. Mas interesses visíveis ou dissimulados assaltaram a "boa causa". Em nomes dos grandes eventos, vale tudo. Destruição de prédios históricos, multiplicação de gabaritos, dinheiro público para financiar empreendimentos de todo tipo, concessões, prorrogação de contratos, isenção de impostos, incentivo, demolição de espaços de treinamento de atletas e, agora, implosão de áreas tombadas. São tantos negócios rolando pela cidade que depois da Copa e da Olimpíada mais brasileiros devem subir ao pódio da lista de bilionários da revista Forbes. Vale lembrar que o recurso à "boa causa" como biombo para a boiada passar é recorrente. Na época do Pan, a Marina chegou cravar estacas para a construção de um prédio sobre o espelho d'água. Na época, com a reação da cidade, o projeto foi suspenso. Mas a arrogância e a certeza de que tudo seria revisto prevaleceu,  tanto que até hoje, apesar de determinação oficial, as estacas não foram removidas. Devem ser úteis agora para o "concessionário", o Iphan e a por enquanto fantasiosa "corporação" "Ministério da Cultura Imóveis e Empreendimentos Ltda".
O Globo hoje publica uma matéria sobre  o assunto que interessa aos cariocas.
Leia e fique estarrecido..
Reprodução O Globo. Clique para ampliar

Atualização, domingo, 24/2 - 11:56
Transcrito de O Dia: "A briga de reis na Marina da Glória está na mira do Ministério Público Federal (MPF). Caso o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília, aprove as intenções do Rei de Ouros, o bilionário Eike Batista, de construir um shopping e um centro de convenções na marina, o MPF vai convocar audiência pública e pode levar a questão aos tribunais, contra o projeto.
A ‘batalha naval’ já teve um round, vencido pelos súditos do Rei de Copas, o cantor Roberto Carlos, que pode ter o iate Lady Laura IV ‘despejado’ depois das obras de Eike. O Iphan, do Rio, indeferiu o projeto ano passado, por entender que haverá uma descaracterização total da região, tombada desde 1965. Mas o Rei de Ouros recorreu. A proposta de Eike resultaria na retirada de cerca de 300 a 400 embarcações da Marina da Glória. “A audiência pública é a forma mais democrática de se decidir isso, já que todos os interessados terão voz”, avalia o ex-secretário de Estado de Justiça José Fernandes, que tem um barco na marina e vai lutar por seus direitos".