Naquela semana de janeiro não havia motivos para festas e nem o mar de Ipanema estava para poetas. A revista pediu ao cronista para fazer do Ano Novo o tema da sua página Vida e Poesia. Vinicius preferiu abrir a crônica falando sobre o ano anterior. "Ano ruim, ano safado, ano assim nunca se viu", escreveu.
Havia um baixo astral nos becos e nas praças, como agora, como nesses dias de intervenção, de Crivella, de Temer, de Moreira, A saída encontrada por Vinicius foi fazer rimas sobre desejos.
"Que nasçam poemas, nasçam canções, nasçam filhos; e se terminem os exílios e se exerça mais perdão. E brotem flores das dragonas militares e não mais se assuste os lares com esses tiros de canhão. Que todos se unam, se protejam, apertem os cintos; se reúnam nos recintos com esperança brasileira . E que se dê de comer a quem não come, porque o povo passa fome: e a fome é má conselheira..."
LEIA A CRÔNICA EM VERSOS DE VINICIUS DE MORAES PUBLICADA EM 9 DE JANEIRO DE 1965 NA FATOS & FOTOS N° 206.
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