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quarta-feira, 13 de março de 2019

Fotomemória da redação: quando Gervásio Baptista "assediou" Miss Universo. Calma aí! Para a capa da Manchete, naturalmente.

Gervásio Baptista combina com a Miss Universo, Akiko Kojima, a capa da Manchete

por José Bálsamo 

Em tempo de mercado de trabalho precário, a jornalista Júlia Horta se reinventou Miss Brasil. Foi eleita no último sábado e representará o país no Miss Universo. Tem remotas chances de ser capa de revista.

As misses já deram mais ibope. Estampavam publicações nacionais e internacionais e saíam das passarelas já com carteirinha de celebridade e jet-set. Atualmente, a maioria desponta para o anonimato. O próprio concurso de Miss Universo desgastou-se tanto que já foi até propriedade do Donald Trump. Perdeu status na grande mídia, mas a empresa que organiza o concurso diz que a audiência na TV ainda é expressiva.

Akiko Kojima na Manchete ao lado da brasileira Vera Ribeiro, 5ª colocada. 

Nas décadas de 1950 e 1960 era um acontecimento para a "imprensa escrita, falada e televisada", como se apregoava na época. Que o diga Gervásio Baptista, o fotógrafo da Manchete que cobriu muitas edições.

Em julho de 1959, Gervásio estava em Long Beach quando a japonesa Akiko Kojima foi eleita Miss Universo. Em meio à correria de fotógrafos de todo mundo, Gervásio tirou partido dos olhos ligeiramente puxados, herança de índios baianos, e ganhou antes a atenção da japonesa. Apresentou-se como um brasileiro nissei e mais por gestos do que por palavras garantiu a pose exclusiva para a capa da Manchete.

Na Conversa com o Leitor, a revista vibrava com a logística montada para a cobertura ao informar  que entre o momento em que Gervásio jogou conversa na miss e a chegada da revista às bancas do Rio de Janeiro e São Paulo transcorreram pouco mais de 70 horas. "É evidente que os aviões de hoje são ultra-rápidos. Mas o que dizer das oficinas gráficas de Manchete que nos possibilitam a transposição quase instantânea de fotografias em cores? A foto de Akiko e Verinha representa uma vitória técnica admirável, da qual nos orgulhamos e para qual chamamos a atenção dos leitores" - escreveu o diretor Justino Martins.