por O.V.Pochê
O Rio é provavelmente a cidade mais aberta à multiculturalidade musical. Por ter sido capital do Império e capital da República atraiu brasileiros de todas as regiões a assimilou sons, ritmos e comportamentos.
Daí, o foco da discussão sobre trios de axé ocupando ruas no carnaval carioca não ser bem sobre a música ou supostos preconceitos musicais.
Há menos de duas décadas, o carnaval de rua, no Rio de Janeiro, estava quase extinto. O foco público concentrava-se, praticamente, no Sambódromo. Uns poucos, heroicos e insistentes blocos de bairros, mais antigos, ainda saiam com menos de 100 foliões, em alguns casos.
Foi o carioca das Zonas Sul e Norte e do Centro que, em iniciativas de amigos e vizinhos, sem apoio inicial de governos e patrocinadores, fez voltar os blocos na rua. E a população foi atrás. Depois, vieram os turistas. E o Rio passou a fazer um dos maiores e mais animados carnavais de rua do mundo, sem que as escolas de samba deixassem de brilhar no Sambódromo. Ao contrário, os ensaios em quadra e os ensaios técnicos na passarela passaram a atrair multidões, sem falar nos desfiles principais de sábado, domingo, segunda e no Sábado das Campeãs.
Naturalmente, o sucesso do carnaval de rua do Rio despertou o interesses dos empresários de blocos comerciais. Vieram os grandes trios com megacaminhões. Um deles, há alguns anos, provocou acidente com morte na Avenida Atlântica. Há anos, esses empresários tentam privatizar as ruas e implantar aqui os tais abadás caros que criam "áreas vips", fora do alcance do povão. Muitas dessas iniciativas foram rejeitadas, mas com prestígio e influência alguns desses shows comerciais obtiveram autorização para desfilar (por enquanto, sem cobrar abadá) e estão aí os trios elétricos da Preta Gil, da Anitta, blocos de promoção de sertanejos etc.
Agora, há novas turbulências no horizonte do carnaval de rua que o carioca recriou.
A Banda Eva, de Salvador, está autorizada a desfilar no Rio. Não foi informado ainda se vai cobrar abadá como faz a indústria do carnaval de Salvador.
O ex-prefeito Eduardo Paes tinha o bom senso de limitar esses exageros. A administração Crivela, aparentemente, tende a abrir a porteira. O raciocínio dos empresários de blocos comerciais é simples: se Preta Gil pode, se Anitta pode, se a Banda Eva pode, cadê o Camaleão, o Nana Banana, o Coruja, Bloco Cerveja e Cia e o Largadinho? Ano que vem dá para botar todo mundo na Vieira Souto, que vai se chamar Circuito Crivela, na Primeiro de Março ficará o Circuito Riotur, na Avenida Atlântica, o Circuito Marcelo Alves (o novo presidente da Riotur, dono de empresa de eventos) que afirma no Globo de hoje que quer "democratizar" o carnaval. Democratizar? Ou baianizar?
Meu rei, ói paí ó, esse cara nunca saiu no Simpatia, no Suvaco, no Bola Preta, no Céu na Terra, no Escravos da Mauá, e centenas de outros onde a democracia dá samba e abadá pago não entra?
Melhor ele passar o carnaval em Salvador. A internet já está vendendo abadá de 300 a 1.140 reais.
ATUALIZAÇÃO EM 29/01/2017 - Segundo informações divulgadas por vários veículos, A Banda Eva desistiu do Carnaval carioca. Em momento de bom senso, a Prefeitura proibiu os baianos de desfilarem na orla e transferiu o show do bloco comercial para o Parque Olímpico. A turma do axé preferiu desligar o trio elétrico e vai ficar pela Bahêa mesmo.
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terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Axé no Carnaval Carioca. Vieira Souto vai se chamar Circuito Crivela, a Primeiro de Março vai atender pelo nome de Circuito Riotur...
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