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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ficção, realidade, onde acaba, onde começa















A repercussão da "teoria" de Chávez no Jornal do Brasil digital.















O livro de Carlos Heitor Cony e Anna Lee sobre as mortes de JK, Lacerda e Jango.

 por José Esmeraldo Gonçalves
Em 2003, os escritores Carlos Heitor Cony e Anna Lee lançaram o "O Beijo da Morte" (Objetiva). No livro - uma ousada fórmula de ficção, reportagem investigativa e depoimentos -, um personagem, "O Repórter", busca indícios e provas de uma conspiração política que teria resultado nas mortes de JK, Carlos Lacerda e João Goulart, entre setembro de 1976 e maio de 1977, durante a ditadura militar, tempos sombrios da Operação Condor que eliminou outros líderes da América Latina. "O Repórter" tenta desvendar o enigma: coincidências ou assassinatos programados nos salões e quartéis dos poderosos de então? O carro em que JK vinha de São Paulo, na Dutra, foi lançado fora da estrada, após se chocar na lateral de um ônibus e capotou. Jango era cardíaco, tinha a doença sob controle, acabava de voltar de uma viagem internacional. Estava bem um dia antes de morrer. Assim como Lacerda, que trabalhou normalmente até sofrer os sintomas do que parecia uma simples gripe. Só que o suposto resfriado revelou-se rapidamente fatal. Associar a série acima à terrível sequência que agora acomete líderes da América Latina era inevitável. Não sei o livro do Cony e da Anna Lee chegou à mesinha de cabeceira de Chávez, mas coube ao presidente venezuelano levantar a bola de um novo mistério. O vilão conspirador da vez seria o câncer. O próprio Chávez, Lula, o presidente do Paraguai Fernando Lugo, Dilma, quando pré-candidata e, agora, Cristina Kirchner, da Argentina. Todos coincidentemente não-alinhados compulsórios dos Estados Unidos. Um terrível "dominó". Chávez diz que não quer fazer acusações temerárias, mas acha "muito estranho" e fala em alguma "estratégia", algo como uma ofensiva biológica. Até governo americano o levou a sério e deu-se ao trabalho de retrucar a declaração classificando-a de "horrenda e censurável". Ficção, realidade, e daí? Um mistério ao apagar das luzes de 2011 anima esse fim de ano banal. Chávez pauta a mídia que já estava de branco e de taça de champanhe à mão para o Réveillon. Vale a provocação. Se há conspiração, coincidência ou mesmo mau-olhado, o jornalista Nirlando Beirão, em artigo publicado no site da Carta Capital, identificou, pelo menos no caso de Lula, uma certa "comemoração" em uma ala da mídia. Mais precisamente, entre o grupo de comentaristas que ele chama de "as tias" (acesse o artigo no link abaixo).
Ainda no campo das coincidências, uma declaração de Chávez combina com a última frase do livro de Cony e Anna Lee.
Disse o venezuelano: “Talvez se descubra dentro de 50 anos. Não sei, só deixo para reflexão”.
Diante de uma pergunta (Por que escreveu "O Beijo da morte"?), Anna Lee escreve a última linha do livro: 'Na esperança de a morte de JK, Jango e Lacerda deixar de ser monstro para se transformar em vestal. Ainda que seja no futuro".










Para ler o artigo de Nirlando Beirão, clique AQUI

domingo, 26 de dezembro de 2010

JK: mistério em uma madrugada de agosto

No livro "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" (Desiderata), Carlos Heitor Cony revela um estranho fato que marcou o velório de JK. A montagem acima inclui uma página da edição especial da Fatos & Fotos que mostra o hall lotado do edifício-sede da Manchete.
por José Esmeraldo Gonçalves
Há pouco dias, o jornalista Eli Halfoun comentou neste blog o lançamento do livro "Arquivo Aberto", do jornalista José Carlos Bittencourt sobre as mortes de Jango, JK, Ulysses Guimarães e Carlos Lacerda. Em 2003, Carlos Heitor Cony e Anna Lee publicaram "O Beijo da Morte", resultado de um criterioso trabalho de investigação sobre evidências e fatos ilógicos que cercam as mortes, em curto espaço de tempo, de Jango, JK e Carlos Lacerda. Entre ficção e reportagem, o protagonista de "O Beijo da Morte", o obcecado O Repórter, tenta desvendar o enigma das mortes de três figuras políticas que incomodavam a ditadura. Não li ainda o recém-lançado "Arquivo Aberto" mas vou ler, o tema é fascinante. O livro "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" - lançado em 2008, esgotado em livrarias mas possivelmente disponível em alguns sites de vendas pela internet - também especula em torno do assunto sob um ângulo curioso: uma suposta troca de caixões. JK, como se sabe, foi velado na Manchete, no prédio da editora na Rua do Russel, no Rio de Janeiro. Como todos os repórteres da Manchete e da Fatos & Fotos, virei a noite naquela cobertura. Estavam previstas edições especias de ambas as revistas. Já era madrugada quando, liberados pelo IML, chegaram ao Russell os caixões de JK e de Geraldo Ribeiro, seu motorista, também vítima do acidente na Dutra. Os caixões de pinho envernizado eram absolutamente idênticos, estavam fechados e assim permaneceram até o sepultamento. Um dos repórteres da Manchete, Tarlis Batista, vinha à frente e orientou a entrada do pequeno cortejo em direção aos cavaletes dispostos lado a lado. Ali mesmo foi feita a pergunta óbvia: quem era quem? Depois de uma breve hesitação, o cortejo se bifurcou, JK à esquerda, Geraldo à direita. Quem determinou a localização tinha certeza, embora não houvesse qualquer identificação, ou apenas convencionou? Ficou a dúvida que, nos anos seguintes, viraria mistério e já pautou reportagens em várias publicações. Em um dessas matérias, o jornalista Timóteo Lopes chegou a investigar a trajetória dos restos mortais de JK e Geraldo. Coincidentemente, ambos foram posteriormente exumados. JK foi enterrado no cemitério de Brasília e, anos mais tarde, transferido para o Memorial. Geraldo foi para o São João Batista, no Rio, e depois levado para um cemitério em Belo Horizonte. Em "Aconteceu na Manchete", Cony acrescenta mais um detalhe ao episódio. O dia já amanhecia, o velório em curso recebia amigos e parentes do ex-presidente e do seu motorista, uma fila já se formava em frente ao prédio, quando - Cony testemunhou o fato - um rabecão se aproximou lentamente da entrada da sede da Manchete. O que traria? Mais um corpo? Depois de um rápida olhada em direção ao hall, o motorista manobrou o rabecão e acelerou. Ficou o "mistério do rabecão sem rumo", segundo Cony.
Como polemiza e divaga o livro "Aconteceu na Manchete", JK poderia estar em Minas, de resto sua terra natal, e Geraldo repousaria no Memorial em Brasília. Uma questão a ser encaminhada ao laboratório de DNA mais próximo.