por José Esmeraldo Gonçalves
Mais uma trágica cena brasileira estampa jornais aqui e lá fora. Trata-se da rotina de brutalidade que ganhou impulso maior nos últimos anos.
O filme Investigação Sobre Um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita (Indagine su un cittadino al di sopra di ogni sospetto), de Elio Petri, lançado em 1970, conta a história de um comissário de policia que mata a amante e espalha no local do crime todas as provas que o incriminam. Com esse jogo fatal, o policial quer mostrar que, apesar de todos os indícios, a lei jamais o alcançará. O filme de Petri é atualíssimo, disseca a corrupção, a arbitrariedade. a insolência de agentes da lei.
Os brasileiros convivem hoje com maus policiais que agem como gangues de cittadini insuspeitos. O caso que a mídia internacional repercute é quase inacreditável. Givaldo de Jesus Santos, 38, aproximava-se, de moto, de um bloqueio da PRF (Polícia Rodoviária Federal), em Umbaúba (SE) quando foi parado por não usar capacete. A infração lhe custou a vida. Santos foi abordado com violência. Ao ser revistado avisou, segundo testemunhas, que levava no bolso remédio e receita, por sofrer de distúrbios mentais. Os policiais o levaram para a "gaiola" do camburão, lançaram no interior uma bomba de gás e fecharam a porta traseira da viatura.