por Niko Bolontrin
Guardadas as devidas proporções e sem querer comparar pangaré com quarto-de-milha, com Crivella no Rio, Dória em São Paulo, Trump nos Estados Unidos, Macri na Argentina, Michele Bachelet na corda-bamba, Maduro idem, Mariano Rajoy na Espanha, Marine Le Pen crescendo na França, a xenofobia e o racismo avançando no Leste Europeu, uma tempestade perfeita se forma na margem direita da história.
"Não saiam de casa sem guarda-chuva", como se dizia no tempo da ditadura para alertar contra operações dos órgãos de segurança em sindicatos e universidades.
Nos Estados Unidos, segundo as últimas pesquisas, Donald Trump virou o jogo sobre Hillary Clinton.
Melhor não sair de casa sem capa e capuz, além do guarda-chuva.
Nenhum analista define o que isso vai significar para o mundo, exatamente. Só que o reality show internacional nunca mais será o mesmo.
A Casa Branca já teve como inquilino um ator medíocre: Ronald Reagan. No set, ele ganhou fama mais como delator de colegas na ofensiva do macartismo fascista do que por seus filmes; na política, não foi menos pernicioso: apoiou o apartheid; "desregulamentou" o mercado financeiro como pretexto para injetar dinheiro público em bancos; armou e financiou os talibãs em guerra contra a então União Soviética e, como consequência, financiou e pariu o organograma inicial do atual terrorismo islâmico; vendeu armas ilegais ao Irã e com o lucro não declarado financiou os Contras na América do Sul; com o mesmo objetivo de financiar o terrorismo de direita usou o tráfico de cocaína para gerar verbas secretas.
Esses escândalos, como se sabe, vieram à tona, geraram investigações, livros, filmes e algumas prisões de altos escalões do governo Reagan.
Depois do ator, pode vir aí o apresentador de reality show Donald Trump.
Há oito anos, a campanha de Barack Obama foi elogiada como a primeira a fazer uso inteligente da Internet para pesquisas, arrecadação de fundos, envio de mensagens para grupos específicos de eleitores, presença maciça nas redes sociais não apenas para divulgar seu programa como para desmentir falsas notícias plantadas na mídia ou na web. Tal estratégia foi considerada um marco na comunicação eleitoral.
Na atual campanha americana a internet também vai fazer diferença. Para pior. A rede social virou arma de guerra para divulgar incertezas, medo, dúvidas.
Emails hackeados, disseminação de mensagens sobre a intimidade do candidatos, Trump acusado de ter acesso a informações de servidores invadidos, Hillary às voltas com o vazamento de emails.
O caso dos emails de Hillary é o mais surpreendente. A antiga denúncia sobre o uso que a então Secretária de Defesa fez de um servidor pessoal para enviar emails oficiais já havia sido arquivada.
Hillary foi inocentada, nada havia feito de ilegal, não havia mensagens comprometedoras nem ela vazou informações oficiais. No máximo, ter usado um servidor pessoal teoricamente mais vulnerável foi visto como imprudência.
Na reta final da campanha, estranhamente, o FBI reabre o caso sob a alegação de que um ex-auxiliar de Hillary teve seus emails investigados por suposto envolvimento em um caso de pedofilia. Com esse pretexto, a policia federal americana repôs os emails na panela de pressão da campanha. Qual o objetivo? Parece claro. A reabertura, mesmo por caminho torto, já causou dano à campanha da democrata. Hillary pediu ao FBI que esclareça o mais rápido possível o que ela tem a ver com o suposto conteúdo do suposto email do suposto pedófilo. O FBI calou-se. Hillary ficou no prejuízo e mais ainda ficará se a polícia não for mais transparente a tempo de recolocar a verdade antes das urnas.
Há um odor de fraude no ar. Não seria a primeira mutreta das eleições americanas. É conhecida a fraude que beneficiou Bush, em 2000. Al Gore teve maior número de votos populares no país. Na Flórida, estado governado por seu irmão, Jeb Bush, George W. Bush obteve 500 votos populares a mais. Como houve denúncias de manipulação do sistema eleitoral e irregularidades em assinaturas, Gore pediu recontagem, como previsto na Constituição. A Corte Suprema, com maioria republicana, não permitiu a revisão dos votos. Bush tornou-se presidente no tapetão mesmo sem ter os votos da maioria do eleitorado.
Ao deixar claro que não interfere em investigações, o presidente Obama não deixou de criticar o que chamou de FBIleaks. Ele condena o fato de a polícia fazer insinuações e não esclarecer a motivação da investigação. "A norma" - disse o presidente ao USA Today - "é não operar informações incompletas e não fazer vazamentos".
No final das contas, a poucos dias das eleições, a interferência do FBI no processo político pode levar Trump ao poder.
Tudo indica que o futuro não vai deixar saudades.
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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quarta-feira, 2 de novembro de 2016
sexta-feira, 26 de março de 2010
Já viu o Bush no Haiti? Cumprimentando o povão e limpando a mão...
na camisa do Bill Clinton?
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