Em cartaz no Espaço Cultural BNDES, no Rio de Janeiro, a exposição "Bossa 60: passo a compasso", uma idealização de Valéria Machado Colela e curadoria do jornalista e crítico musical Tárik de Souza, oferece uma jornada de imagens e sons ao marco inicial da Bossa Nova, em 1958. A mostra possibilita aos visitantes ouvir músicas referenciais, além da leitura de letras antológicas, das capas originais de LPs históricos, as imagens raras de bastidores do nascimento do novo gênero e um clipe de cenas de Ipanema no fim dos anos 1950 e na década de 1960. O autor da foto acima, uma das dezenas de imagens expostas, é Antonio Trindade, fotógrafo que trabalhou na Manchete, Fatos & Fotos e O Globo. Nas palavras de Tárik de Souza, "a exposição procura, através das músicas e imagens da época, esmiuçar as transformações ocorridas no país, em paralelo e, em alguns casos, em parceria) com o cinema novo e com o teatro de vanguarda, além das artes plásticas, literatura, e das mudanças sociais e de costumes".
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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segunda-feira, 23 de julho de 2018
Bossa 60: passo e compasso - A exposição que transporta o visitante às imagens e aos sons do Rio em 1958
Em cartaz no Espaço Cultural BNDES, no Rio de Janeiro, a exposição "Bossa 60: passo a compasso", uma idealização de Valéria Machado Colela e curadoria do jornalista e crítico musical Tárik de Souza, oferece uma jornada de imagens e sons ao marco inicial da Bossa Nova, em 1958. A mostra possibilita aos visitantes ouvir músicas referenciais, além da leitura de letras antológicas, das capas originais de LPs históricos, as imagens raras de bastidores do nascimento do novo gênero e um clipe de cenas de Ipanema no fim dos anos 1950 e na década de 1960. O autor da foto acima, uma das dezenas de imagens expostas, é Antonio Trindade, fotógrafo que trabalhou na Manchete, Fatos & Fotos e O Globo. Nas palavras de Tárik de Souza, "a exposição procura, através das músicas e imagens da época, esmiuçar as transformações ocorridas no país, em paralelo e, em alguns casos, em parceria) com o cinema novo e com o teatro de vanguarda, além das artes plásticas, literatura, e das mudanças sociais e de costumes".
domingo, 8 de julho de 2018
60 anos de bossa nova: A protofonia do Guarany • Por Roberto Muggiati
O trio Ludus Tertius, de Gebran Sabbag (piano), Norton Morozowicz (contrabaixo) e Guarany Nogueira (bateria) no programa de tevê A Grande Chance, de Flávio Cavalcanti, em 1969. Divulgação/TV Tupi |
Guarany em foto mais "outonal". Acervo Pessoal |
João Gilberto fazendo beicinho na capa do LP "Chega de saudade". A foto é de Chico Pereira |
por Roberto Muggiati
“Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim,” rezava a letra, mas o clima no estúdio era de “brigas sempre mais" que marcava a relação yin/yang entre João Gilberto e Tom Jobim.
A data: 10 de julho de 1958, uma quarta-feira.
O local: o antigo estúdio da Odeon no quarto andar do edifício São Borja, à Avenida Rio Branco, 277, na Cinelândia.
A ocasião: a gravação do take definitivo do disco de 78 rpm Chega de Saudade/Bim-Bom, que entraria para a história como o marco inicial da bossa nova Foram várias tentativas tumultuadas para se chegar à bolacha final.
Ruy Castro descreveu o clima no seu livro-reportagem Chega de saudade: “Gravando direto com a orquestra, ao vivo no estúdio, sem playback, ele [João Gilberto] interrompia take após take, ouvindo erros dos músicos que escapavam aos outros, e obrigando a orquestra inteira a tocar de novo. Em certos momentos, era como se todo mundo no estúdio fosse surdo, menos ele.”
Um dos focos da discórdia foi a exigência de João Gilberto de ter quatro homens na percussão: Milton Banana à bateria, Rubens Bassini nos bongôs, Juquinha no triângulo e Guarany na caixeta. Tudo isso para uma canção que durava nada além de dois minutos. A inclusão de Guarany Nogueira (1928-1980) na gravação seminal da bossa nova revela a grandeza do seu talento. Principalmente se levarmos em conta o fato de que o curitibano, vítima de poliomielite, usava aparelho ortopédico e só tinha movimento numa perna, um handicap terrível para um baterista.
Em Curitiba, Guarany tocou muito tempo no Ludus Tertius, trio completado por Norton Morozowicz, ao baixo, e Gebran Sabbag ao piano. Gebran foi um daqueles jovens curitibanos que descobriram o jazz nos LPs de Art Tatum, Erroll Garner e Oscar Peterson, fazendo uma amálgama destas três escolas de piano totalmente diversas. No réveillon de 1955, horas depois de Gebran tocar no baile do Sírio e Libanês, o clube pegou fogo. Um piadista de plantão decretou: “Este sim é que é o verdadeiro jazz hot!” O Ludus Tertius se notabilizou além das fronteiras da noite curitibana e, em 1969, foi destaque no programa de televisão A Grande Chance, do apresentador Flávio Cavalcanti.
Em sua temporada carioca, além de brilhar nos círculos da bossa nova, Guarany frequentou o circuito clássico: o maestro Eleazar de Carvalho queria prepará-lo para timpanista da Orquestra Sinfônica Brasileira. Hélcio Milito, baterista do Tamba Trio, afirmou: “O Guarany era um grande percussionista, talvez um dos melhores do Brasil. Se assim não fosse, João Gilberto não teria exigido sua presença para gravar varias faixas do seu primeiro LP.” A pesquisadora musical Marilia Giller, em seu trabalho de 2007, O jazz curitibano dos anos 1950, cita o pianista Gebran Sabbag, com quem Guarany tocou por muitos anos: “O Guarany merece muita consideração. Apesar de não poder dispor do pé esquerdo, ele tocava a melhor bateria de jazz de todos os tempos em Curitiba, e até fora dela, com muito suingue e um balanço excepcional.”
Bossa Nova - Há 60 anos, Carlos Kerr, da Manchete, fotografou Astrud e João Gilberto nas areias do Arpoador...
O Globo de hoje publica a foto acima a propósito dos 60 anos da Bossa Nova.
Um pequeno e importante reparo. A foto não creditada faz parte de uma série de imagens feitas por Carlos Kerr e publicadas na Manchete na primeira matéria de capa da revista (N° 398) sobre o gênero musical que conquistou o Brasil e o mundo.
Mostra Astrud e João Gilberto no Arpoador.
Curiosamente, o casal não ilustra a capa daquela edição. Justino Martins, então diretor da Manchete, que escalou Carlos Kerr e o repórter Aloisio Flores para a matéria, preferiu uma montagem que considerava de maior apelo em bancas. Os baianos João Gilberto e Astrud eram então desconhecidos do grande público. A solução foi turbinar o foto do autor de "Chega de Saudade" com uma carioca de extrema beleza: Ira Etz, 22 anos, a musa e modelo que reinava nas areias do Arpoador. Veja, abaixo, a reprodução daquela histórica edição da Manchete.
Astrud e João Gilberto no Arpoador. Foto de Carlos Kerr/MANCHETE |
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