quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

O fanatismo religioso ameaça invadir o carnaval...

Neopentecostais resolveram usar o carnaval de Salvador como marketing religioso-comercial. Primeiro, Baby, a antiga Consuelo agora "Brasil", anunciou o fim dos tempos em pleno trio elétrico. Ninguém esperavava que a cantora fosse a porta-voz escolhida para anunciar o Apocalipse, mas ela assumiu essa função. Outra cantora, a Ivete, reagiu conclamando os foliões a macetarem a profícia em forma de fake news. Depois, um cantor gospel, que segue Jesus, foi criticado por participar do carnaval. Ele ironizou com o argumento de que é melhor ter na pipoca um participante que acredita em Jesus. Claudia Leite foi meio que pioneira nessa "invasão". Internautas agora recuperaram um vídeo dela gravado durante o carnaval de Recife, em 2004. No DVD ao vivo, que viralizou, ela mudou a letra de uma música para eliminar uma citação a Iemanjá. De lá pra cá essse tipo de intervenção em uma festa popular da diversidade se agravou. Trata-se de uma escalada fanática contra a folia democrática. Não passarão nem mesmo se, no futuro, invadirem os blocos com chicotes nas mãos.  Além disso, Claudia Leitte e deve ser alertada que tambores fazem parte da herança religiosa afro. Ela ainda não os amadiçoou. Vatapá também, Acarajé, idem. Samba, o culto à paz  (em vez de alimentar preconceitos), igualmente. O que deve ser macetado é a intolerância. Tentar reprimir a cultura no momento e local indevidos é ato que merece reação. Esse tipo de bobagem não é privilégio dos neopentecostais. Um arcebispo católico afirmou que "fazer penitência" durante o carnaval é a melhor "vacina contra a dengue" O sujeito fala isso no momento em que a saúde pública luta contra o surto da doença que se agrava no verão. Vacine-se: o mosquito não liga para penitências.    

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