quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Meia dúzia de coisas que você nunca soube sobre a criadora de Frankenstein • Por Roberto Muggiati


Mary Shelley por Richard Rothweel, 1840

 1 Nascida em 30 de agosto de 1797, Mary Shelley, autora de Frankenstein ou O Prometeu moderno, não foi, tecnicamente a “Mãe do Monstro”. No romance inaugural do gênero de terror gótico, [Victor] Frankenstein era o nome do cientista que, juntando partes avulsas de cadáveres, fabricou “a Criatura” anônima, temível e assassina.



2 Mary escreveu seu romance sem nenhuma intenção literária mais séria. Ela, seu noivo, o poeta Percy Bysshe Shelley e os amigos Lord Byron, também poeta, e o médico John Polidori – enclausurados num castelo à beira do lago Léman, num chuvoso verão suíço – resolveram fazer um torneio de histórias de fantasmas para matar o tédio. A que mais agradou, Frankenstein, foi publicada na forma de livro em 1818. A versão cinematográfica de 1931, com Boris Karloff, consagrou definitivamente o monstro como “Frankenstein”.

3 O médico John William Polidori escreveu – e publicou anos depois – O Vampiro, a primeira história do gênero, imitada por escritores como os russos Gogol e Tosltoi e pelo francês Alexandre Dumas, e inspiradora da matriz do filão, Dracula, de Bram Stoker (1897).

4 O pai de Mary Shelley, William Godwin, além de grande líder anarquista pioneiro, é considerado um dos primeiros autores do que se chamaria depois “romance policial”, com As coisas como elas são ou As Aventuras de Caleb Williams (1794). Narrado retrospectivamente, foi elogiado por escritores como Dickens e Poe.

5 A mãe de Mary Shelley, Mary Wollstonecraft, não só foi uma das primeiras feministas, como em publicou 1792 um dos primeiros clássicos do movimento, Uma reivindicação dos direitos da mulher. Não pode fazer a cabeça da filha para o feminismo porque morreu dez dias depois de lhe ter dado à luz, aos 38 anos.


Ada Lovelace

6 Last, but not least, a incrível Conexão Computador nessa entourage. Mary Shelley conheceu, ainda bebê, Augusta Ada Lovelace (1815-52), única filha legítima de Lord Byron. Ada escreveu o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, a máquina analítica de Charles Babbage. Desenvolveu também os algoritmos que permitiriam à máquina computar os valores de funções matemáticas, além de publicar uma coleção de notas sobre a máquina analítica. Por isso é considerada, há remotos 180 anos, a primeira programadora de toda a história. Antes desse feito, ainda na juventude, Ada dedicou-se ao projeto de voar, chegando a conceber e criar asas especiais para a arrojada empreitada.

Um comentário:

Ebert disse...

Fico imaginando como foi o torneio literário de terror e quais as histórias que não se eternizaram.