Mostrando postagens com marcador versão virtual. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador versão virtual. Mostrar todas as postagens

domingo, 6 de novembro de 2016

Memórias da redação: quando o clique e o zummmm de motor da câmera da Manchete vazaram no Jornal Nacional, ao vivo.

(do Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou - 2 (versão virtual)

Em entrevista a Amaury Jr., Cid Moreira revelou que até hoje tem pesadelos com falhas técnicas do Jornal Nacional.

Pois a Manchete foi responsável por uma dessas falhas.

Nos distantes anos 70, uma dupla da revista foi ao estúdio do JN na sede da TV Globo, no Jardim Botânico, para fazer uma matéria com Cid e Sérgio Chapelin.

A entrevista já havia sido feita, mas o editor queria fotos dos dois apresentadores na bancada. Uma das fotos, em ângulo lateral, deveria mostrar ambos de corpo inteiro: uma brincadeira para desmentir que Cid e Chapelin apresentavam o JN de bermudas. Naquele noite, pelo menos, usavam paletó, gravata e jeans.

Os tempos eram outros, o prestígio da Manchete pesava e fotógrafo e repórter foram admitidos no estúdio poucos antes do JN entrar no ar. Hoje tal concessão é inimaginável.

Uns dois minutos antes, o diretor pede silêncio absoluto e ainda alerta pelo sistema de som que as fotos só poderão ser feitas nos intervalos. Óbvio, o som do disparador e do motor da câmera vazariam na transmissão ao vivo.

Infelizmente, a audição do fotógrafo - um grande e querido fotógrafo, por sinal - que se posicionou no lado oposto ao do repórter, não captou o aviso. Não deu outra. Logo no primeiro bloco, ele acionou a câmera. O clique e o zummmmm do motor, com um agudo no final, foram ouvidos no estúdio e, claro, em rede nacional. Mais de uma vez.

Não havia muito a fazer, não dava para interromper. Olhares furiosos miraram a dupla da Manchete.

No primeiro intervalo, a bronca do diretor explodiu no sistema de som e fotógrafo e repórter foram não muito gentilmente convidados a se retirarem do recinto.

Deve ter sido o pesadelo, ao vivo, do âncora Cid Moreira.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Memórias da redação: quando Manchete quis adiantar o relógio da vida...

De "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou"- 2  (versão virtual)

Lá pelo começo dos anos 80 ter mais de 70 ou 80 anos e estar na ativa ainda era algo raro, bem mais do que hoje. De lá pra cá, a expectativa de vida aumentou e os velhinhos estão aí, firmes, mesmo injustamente acusados de implodir as contas da Previdência.

Pois bem, impressionado com a longevidade de Sobral Pinto, Austregésilo de Athayde, Oscar Niemeyer, Barbosa Lima Sobrinho e outros que não vêm à memória, talvez o historiador Hélio Silva fizesse parte do grupo, um repórter da Manchete propôs em reunião de pauta uma matéria com esses bravos da época.

Justino Martins sugeriu que a foto de abertura da matéria fosse feita no portão do cemitério São João Batista.

Talvez fosse mero sarcasmo, sabe-se lá, Justino tinha no humor uma das suas características. Só que a reunião chegou ao fim com a matéria aprovada e a foto de abertura valendo.

O repórter foi a campo ligar para os personagens da reportagem.

Tudo ia bem até que um deles, que tinha acesso a Adolpho Bloch, comentou que a Manchete estava querendo vê-lo morto já que lhe fizera um bizarro convite para posar para uma foto no cemitério.

Aí quem morreu foi a pauta.

O repórter ficou frustrado, ainda mais porque três dos citados entraram no clima da matéria e toparam posar para a foto. Austragésilo, que não estava com pressa (morreu em 1993 aos 95 anos) declinou do convite. Sobral Pinto morreu muito depois, com 98 anos. Niemeyer e Barbosa Lima Sobrinho ultrapassaram a barreira dos 100 anos.

O repórter está vivo e, se quiser, pode se acusar ao ler essas linhas.