por Eli Halfoun
Os clubes de futebol estão herdando a mesma e nada recomendável mania dos políticos: estão mudando de camisa tranquilamente sem respeitar o torcedor, as tradições do clube e até as crenças populares segundo as quais determinadas camisas dão sorte e outras nem tanto. Na política, como agora no futebol, mudam de camisa também sem respeitar o eleitor, os compromissos com o partido e a história da sigla. Assim como ficaria estranho ver Lula em um partido que não seja o PT, é estranhíssimo dar de cara com o chamado time do coração usando uma camisa que nada tem a ver com a história do clube e a paixão do torcedor. A torcida do Vasco já sabia que o clube estrearia uma nova camisa azul. Deram todas as desculpas para justificar uma estranha e desnecessária escolha. Não deu para engolir: quando vi, assim como toda a torcida, o time do Vasco com a camisa azul sem qualquer tradição a impressão foi de que assistia a um jogo do Olaria. Nada, mas nada mesmo, justifica mudar o estilo do uniforme de qualquer equipe. O Vasco só em Vasco coma camisa branca de faixa preta e cruz de malta vermelha ou preta com faixa branca e a mesma cruz de malta do lado esquerdo do peito. As outras não são camisas: são fantasias criadas apenas para ganhar espaço na mídia e para arrecadar com a venda - uma venda que, aliás, dura muito pouco porque o torcedor respeita as tradições e respeita a camisa com a qual aprendeu a torcer por um clube. Nem Vasco, nem Fluminense, nem Flamengo, nem Botafogo ou qualquer time brasileiro tem o direito de mudar de camisa e jogar fora sua maior identificação com o torcedor. Os torcedores respeitam as tradições e é com eles que os clubes deviam aprender a fazer isso. Os clubes devem sim fazer mudanças nas estruturas profissionais no atrapalhado "cartolismo", mas nunca em suas camisas. (Eli Halfoun)