Recife sob ataque climático somado à incompetência dos governos. Foto de Cleber Caetano/PR |
por J.A.Barros
Chuvas torrenciais, dessa vez sobre Recife, fazem deslizar encostas, inundam ruas, casas e barracos. A maiorias das construções erguidas em morros é arrastada em um bolo de terra, lama, barro e vidas.Já são mais de 100 vítimas fatais.
Há poucos meses um temporal de tal violência, com toneladas de águas de chuva durante horas seguidas, desabou sobre a cidade serrana, Petrópolis, destruindo casas encasteladas nas abas dos seus morros e levando no seu poder destruidor muitas vidas de moradores. Mais de 200 mortos foram contados depois de passada a tormenta. Milhares de famílias perderam tudo o que construíram em todas as suas vidas. Ficaram sem teto, sem roupas, ao relento ou abrigados e em clubes eescolas, alimentando-se graças a doações fornecidas fornecidas pelo povo solidário na hora do infortúnio.
Não é por acaso que essas tragédias caem sobre tantas vítimas. Existe um culpado que, por incompetência, permitiu que famílias perdessem seus tetos, permitiu a morte de centenas de moradores. Por razões climáticas, os temporais de repente explodem em aguaceiros torrenciais e cada vez mais catastróficos. Populações ficam estáticas olhando para o nada, para o vazio em que se descortina os seus futuros.
Não existe apenas um culpado. Existem vários culpados, a começar pelo governo federal seguido pelos governos estaduais e por fim pelos governos municipais. Esses administradores não deveriam permitir que seus cidadãos construíssem suas residências em locais tão perigosos, como nas cristas e nas abas dos morros. Esses governos sabem o perigo que os moradores estarão correndo ao escolherem esses pontos para morar.
São culpados porque poderiam, primeiro, impedir construções de casas em áreas críticas; segundo, ter um projeto habitacional permanente para construções de conjuntos populares em locais próprios ou oferecer condições de financiamento para que as famílias levantem suas moradias.
Pela negligência, pela apatia diante desses problemas e pela incompetência oficial essas tragédias se repetem e continuarão a se repetir porque os governos nada fazem para prevenir os desastres. Infelizmente, famílias continuarão a construir suas casas nas cristas e abas dos morros, que serão destruídas nos próximos temporais, e morrerão vítimas da imprudência e do descaso de quem tem a obrigação de criar soluções e de dar a essas famílias moradias dignas e seguras.