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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Olimpíada também tem "Centrão"


Do Washington Post: Estados Unidos criaram contagem própria. Não é fake news mas manipula o critério do COI. Total de medalhas quando os gringos ganham mais pódios e soma de ouros quando estão à frente em... ouro. Assim é mole liderar


New York Times ficou nervoso porque os russos mesmo punidos estão em Tóquio.
 E ganhando medalhas

Corr


Corriere prefere não esconder: Comitê Olímpico Russo é Rússia. 


L'Equipe também não adota o eufemismo. ´É Rússia.

por José Esmeraldo Gonçalves

A Olimpíada é um evento fascinante. Uma pausa agradável em meio a conflitos e interesses de países, não importa a ideologia. Para todos é questão estratégica do tal soft power. O público em geral, uma audiência de bilhões de pessoas, se liga na TV, redes sociais e demais meios de comunicação para curtir apenas o Esporte.

À margem dos Jogos, a política sempre esteve e está presente. A visibilidade proporcionada pelos atletas costuma sofrer um sequestro por parte de chefes de governo e Estados. Dê como certo que em breve veremos uma ofensiva política por parte do governo brasileiro para receber atletas medalhados em Tóquio. 

Meios de comunicação também extraem significados geopolíticos em torno das Olimpíadas. Fora do ambiente esportivo denúncias barulhentas, forças-tarefa do tipo Lava-Doping, disputas entre cartolas e acusações de suborno eventualmente permeiam algumas edições dos Jogos. 

É curioso observar como, às vezes, a cepa da política contamina sutilmente o jornalismo. Os meios de comunicação estadunidenses têm, por exemplo, um modo próprio e ultra patriota de contar as vitórias. Se os EUA perdem em ouros mas ganham no total de medalhas, os quadros publicados registram em primeiro lugar a soma dos pódios dourados mais a prata e o bronze; se, em algum momento, os EUA passam a totalizar mais ouros, a tabela é modificada e o primeiro lugar passa a ser do país que alcançou mais vezes o degrau mais alto do pódio, desde que esse pais seja os EUA. Eles se lixam para o padrão tradicional de contagem do Comitê Olímpico Internacional. A mídia brasileira por enquanto não adotou tal critério.

Outra anomalia surgiu agora em relação aos atletas da Rússia. As equipes foram envolvidas em um rumoroso escândalo de doping em grande escala, segundo investigação promovida pela Agência Mundial Antidoping com apoio dos Estados Unidos. Sofreu uma mega e inédita punição. Sentenciada em 2016 e agora, além de afastada da Copa do Catar (2022) e das Olimpíadas de Inverno na China, 2022 (não será surpresa se o caso for  requentado e venha nova punição para a Rússia nos Jogos de Paris, em 2024), o país de Putin compete como Comitê Olímpico Russo, sem bandeira nacional e sem hino. Ouve-se Tchaicovsky na hora do pódio. O que, aliás, é ótimo. Foi a maneira que o COI encontrou para preservar os atletas ditos "limpos" e não lhes tirar o direito de competir. The New York Times e Washington Post não gostaram disso e analisam que a punição não valeu já que os russos permanecem visíveis e ainda por cima estão ganhando muitas medalhas. A "narrativa", como dizem os bolsonaristas, pegou. No Brasil, O Globo publicou editorial protestando contra o  arranjo do COI e só se refere aos atletas como do Comitê Olímpico Russo (ROC na siglas em inglês). Veículos da França e da Itália, entre outros, não seguem a cartilha de Washington. Para eles, russos são russos.

Em Tóquio, restou aos atletas russos cantarem We will ROC you. Uma irônica paródia do clássico We will Rock You. 

Vem mais aí. Como sede da próxima Olimpíada de Inverno, a China pode ser alvo de boicote. É o que recomenda oficialmente a União Europeia, embora deixe a cada país a decisão de ir ou não a Pequim. 

Como se vê, a geopolítica não vai deixar de invadir o pódio dos atletas.  Melhor seria a política virar logo modalidade. Daria grande audiência ver Biden, Macron, Boris Johnson, Xi Jinping, Putin etc disputando luta romana, por exemplo. É luta de contato intenso. No mínimo, conheceriam uns aos outros. Bem intimamente.