Cena da novela que sumiu circula na internet. Na reprodução, "Elle" (Helcius Magalhães) e "Ella" (Vania Bellas), personagens da proibida "O Marajá", que seria exibida pela Rede Manchete em 1993. |
"Elle" e "Ella" recebem amigos para jantar presidencial. Uma das raras imagens de "O Marajá", da Rede Manchete, a novela proibida que "sobrevive" na internet. Reprodução |
Collor de Mello, defenestrado da Presidência em histórico processo de impeachment (1992), tem aparecido no noticiário por conta do projeto que regulamenta a abertura ao público e pesquisadores dos documentos oficiais do governo. Sem surpresas, o atual senador, que preside a comissão que estuda o assunto, e seu aliado Sarney tentam impedir em alguns casos e dificultar em muitos outros essa transperência da documentação pública. Faz sentido essa síndrome de censura. Ambos têm um certo dna que vem da ditadura: Sarney como servidor longevo e Collor prefeito biônico de Maceió em 1979.
Curiosamente, um dos grandes mistérios da memória da televisão brasileira tem as digitais do ex-presidente impichado. Lembra de "O Marajá"?. Há tempos foi noticiado que o escritor José Louzeiro prepara um livro sobre a proibição de sua novela, que seria exibida pela Manchete em 1993. Dá um romance policial. A trama caricaturava a trajetória de Fernando Collor. Embora sem ter visto nenhum capítulo (nem "elle", nem a Justiça), Collor conseguiu liminar para impedir a novela poucas horas antes da estreia. No elenco, entre outros, estavam nomes como Julia Lemmertz, Alexandre Borges, Hélcio Magalhães ("Elle"), Vania Bellas ("Ella), Walter Francis (PC), Antonio Petrin, Jussara Freire, Antonio Pitanga, José Dumont, Lúcia alves, Rubens Correa, Rogério Fróes, Ivan Setta e Angela Leal. Luiz Armando Queiroz fazia a narração.
O que veio depois é digno de um conto policial. A Rede Manchete recorreu e tentou derrubar a liminar. Em vão. Acabou desistindo. Batalha perdida, dizem que Adolpho Bloch mandou recolher as fitas (a novela estava inteiramente gravada) e guardou o material em seu cofre particular. A partir daí, o destino dos tapes é ignorado. As versões fantasiosas ou plausíveis são numerosas. "O Marajá" teria sido espontaneamente entregue a quem a inspirou; teria sumido do cofre em uma operação que não deixou sinais de arrombamento; as fitas teriam sido destruidas por um banho de ácido; um emissário especial acompanhado de ex-policiais, em uma espécie de força-tarefa, teria resgatado os tapes. Pressões, chantagem, agentes infiltrados e outros ingredientes povoaram por uns tempos as conversas de botequim entre quem viveu de perto o episódio. São conjecturas. Em poucos anos, a história caiu no esquecimento. Como a ossada de Dana de Teffé, restos de um mistério que o escritor Caros Heitor Cony tanto indaga em suas crônicas, "O Marajá" sumiu. Sumiu? Em parte. De uns anos pra cá ressurgiu na internet, essa teia que não costuma guardar segredos.
Veja nos links abaixo "recuerdos" do "O Marajá" que ressuscita como um zumbi digital.
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