Reprodução Internet |
por Nelio Barbosa Horta
" Vamos lá que hoje é de graça,
no boteco do José, entra homem entra menino,
entra velho entra mulher, é só dizer que é
vascaíno, que é amigo do Lelé..."
no boteco do José, entra homem entra menino,
entra velho entra mulher, é só dizer que é
vascaíno, que é amigo do Lelé..."
Estes versos de Wilson Batista interpretados por Linda Batista para o Carnaval de 1946, retratam bem o que era o Vasco daquela época. Uma equipe fantástica! Incrível! Vencedora! O Lelé, de que fala a música, era atacante e tinha um chute fortíssimo. As novas gerações talvez lembrem do Orlando, lateral direito como Lelé, mas este é de uma geração bem mais recente. Em 1948, o Vasco era uma equipe vitoriosa: campeonatos estaduais, brasileiros e o título invicto de Campeão dos campeões Sul-americano, conquistado no Chile.
Eu tinha 10 anos, e nunca poderia imaginar que quatro anos depois, em 1952, iria conviver com jogadores que formaram a seleção do Brasil em 1950 e que perderam para o Uruguai na final. Uma derrota inexplicável, inacreditável.
Eu morava em São Cristóvão, na Rua Emancipação e junto com outros colegas fui tentar a sorte nos Infantis do Vasco. Chuteira na mão, meião do Flamengo e uma grande vontade de ser jogador profissional. Nos primeiros treinos, fui muito zoado pelos jogadores do Vasco porque usava meião do arquiinimigo. Era a única que eu tinha conseguido. Os profissionais que moravam no clube, ou estavam concentrados, assistiam aos treinos do "Infanto" das janelas, nos fundos do clube, onde havia um campinho e faziam toda sorte de comentários, aplaudindo ou gozando alguma jogada errada. Havia o Infanto-juvenil, uma categoria acima dos Infantis, onde brilhavam o Joaquim Henriques, o Baldissara o "Pavão", o Aramis, o Toddy e muitos outros. Era uma espécie de vestibular para os juvenis, aspirantes e, quem sabe, profissionais.
Quando fiz dezesseis anos, o treinador do "Infanto", chamado Eduardo Pellegrini, passou a ser preparador físico dos juvenis e me chamou para o Juvenil. Eu disse que não poderia aceitar porque estudava, e, de família muito pobre, precisava arranjar algum trabalho para completar o orçamento da casa. Neste momento o Vasco se propôs ajudar a pagar meus estudos, (eu estava no ginásio no Instituto Cylleno) como fazia com outros jovens que vinham do interior também para tentar a sorte no Vasco. Eu aceitei. Embora não recebesse salário, nós ganhávamos "bicho", que era uma espécie de "pró-labore", por vitória e nós tínhamos que dar uma certa quantia para os massagistas, que não recebiam "bicho". Lembro-me dos massagistas "Mão-de-Pilão, que viajava conosco, e do Mário Américo que cuidava dos profissionais. Mas nós almoçávamos no clube, tínhamos lanche, exames médicos, ducha, e, muito, muito treinamento. Com todas estas mordomias, foi uma época inesquecível.
Embora sendo mais novo, passei então a conviver com jogadores famosos da época: Barbosa, (o maior goleiro de todos os tempos) o Eli, Danilo, Jorge, Maneca, Ipojucam, Alfredo, Sabará, Ademir (queixada), Chico, Dejair etc., além dos juvenis, com os quais fiz várias viagens pelo interior, principalmente para o Espirito Santo. O treinador dos juvenis era o Otto Vieira. Da época do juvenil, lembro do Pedro, lateral direito, do Hélcio, do Joaquim Henriques, do Orlando e do Coronel, do Vavá, que passaram para os profissionais pouco depois. Lembro do Wilson, do Iêdo, do Castelo, do "Fumaça" e do Assed que, mais tarde, foi jogar no Botafogo.
Apesar da concentração, e dos baixos salários dos profissionais, era uma "grande família". Todos eram muito amigos e as "brincadeiras" na concentração iam desde a sinuca e do totó, até o pingue-pongue. No campo, o fut-vôlei e o "bobinho", que todos conhecem.
Mas em campo, era muita raça e técnica, entrosamento devido, em parte, à grande amizade de todos por todos. Pouco depois, por vários motivos, deixei o Vasco, iniciando minha vida em jornais e editoras que terminou em 2011, quando fui demitido do Jornal do Brasil, depois de 45 anos.
As novas gerações de torcedores que não conheceram o "Vasco de outras eras" e foram a Conselheiro Galvão, neste último fim de semana, assistir ao jogo Vasco 0x1 Madureira, viram uma caricatura do Vasco, time acostumado a vencer e a acumular títulos. Este Vasco de hoje, onde aparecem jogadores como Elsinho, Luam, Xotum, Pedro Ken e Dakson, não pode assustar ninguém. Tomara que eu esteja enganado e que eles venham a brilhar, futuramente.
Depois desta desastrosa campanha no "Estadual", a diretoria do Vasco deve uma explicação e uma resposta à sua grande torcida. É preciso mudar, reestruturar, conseguir novos patrocínios. O Vasco tinha, naquela época, "olheiros" contratados que iam para o interior descobrir e contratar futuros craques, para que o Vasco volte a ser o grande vencedor de outras épocas. Sua legião de torcedores aguarda e merece... (Nelio Barbosa Horta, de Saquarema)
Eu tinha 10 anos, e nunca poderia imaginar que quatro anos depois, em 1952, iria conviver com jogadores que formaram a seleção do Brasil em 1950 e que perderam para o Uruguai na final. Uma derrota inexplicável, inacreditável.
Eu morava em São Cristóvão, na Rua Emancipação e junto com outros colegas fui tentar a sorte nos Infantis do Vasco. Chuteira na mão, meião do Flamengo e uma grande vontade de ser jogador profissional. Nos primeiros treinos, fui muito zoado pelos jogadores do Vasco porque usava meião do arquiinimigo. Era a única que eu tinha conseguido. Os profissionais que moravam no clube, ou estavam concentrados, assistiam aos treinos do "Infanto" das janelas, nos fundos do clube, onde havia um campinho e faziam toda sorte de comentários, aplaudindo ou gozando alguma jogada errada. Havia o Infanto-juvenil, uma categoria acima dos Infantis, onde brilhavam o Joaquim Henriques, o Baldissara o "Pavão", o Aramis, o Toddy e muitos outros. Era uma espécie de vestibular para os juvenis, aspirantes e, quem sabe, profissionais.
Quando fiz dezesseis anos, o treinador do "Infanto", chamado Eduardo Pellegrini, passou a ser preparador físico dos juvenis e me chamou para o Juvenil. Eu disse que não poderia aceitar porque estudava, e, de família muito pobre, precisava arranjar algum trabalho para completar o orçamento da casa. Neste momento o Vasco se propôs ajudar a pagar meus estudos, (eu estava no ginásio no Instituto Cylleno) como fazia com outros jovens que vinham do interior também para tentar a sorte no Vasco. Eu aceitei. Embora não recebesse salário, nós ganhávamos "bicho", que era uma espécie de "pró-labore", por vitória e nós tínhamos que dar uma certa quantia para os massagistas, que não recebiam "bicho". Lembro-me dos massagistas "Mão-de-Pilão, que viajava conosco, e do Mário Américo que cuidava dos profissionais. Mas nós almoçávamos no clube, tínhamos lanche, exames médicos, ducha, e, muito, muito treinamento. Com todas estas mordomias, foi uma época inesquecível.
Embora sendo mais novo, passei então a conviver com jogadores famosos da época: Barbosa, (o maior goleiro de todos os tempos) o Eli, Danilo, Jorge, Maneca, Ipojucam, Alfredo, Sabará, Ademir (queixada), Chico, Dejair etc., além dos juvenis, com os quais fiz várias viagens pelo interior, principalmente para o Espirito Santo. O treinador dos juvenis era o Otto Vieira. Da época do juvenil, lembro do Pedro, lateral direito, do Hélcio, do Joaquim Henriques, do Orlando e do Coronel, do Vavá, que passaram para os profissionais pouco depois. Lembro do Wilson, do Iêdo, do Castelo, do "Fumaça" e do Assed que, mais tarde, foi jogar no Botafogo.
Apesar da concentração, e dos baixos salários dos profissionais, era uma "grande família". Todos eram muito amigos e as "brincadeiras" na concentração iam desde a sinuca e do totó, até o pingue-pongue. No campo, o fut-vôlei e o "bobinho", que todos conhecem.
Mas em campo, era muita raça e técnica, entrosamento devido, em parte, à grande amizade de todos por todos. Pouco depois, por vários motivos, deixei o Vasco, iniciando minha vida em jornais e editoras que terminou em 2011, quando fui demitido do Jornal do Brasil, depois de 45 anos.
As novas gerações de torcedores que não conheceram o "Vasco de outras eras" e foram a Conselheiro Galvão, neste último fim de semana, assistir ao jogo Vasco 0x1 Madureira, viram uma caricatura do Vasco, time acostumado a vencer e a acumular títulos. Este Vasco de hoje, onde aparecem jogadores como Elsinho, Luam, Xotum, Pedro Ken e Dakson, não pode assustar ninguém. Tomara que eu esteja enganado e que eles venham a brilhar, futuramente.
Depois desta desastrosa campanha no "Estadual", a diretoria do Vasco deve uma explicação e uma resposta à sua grande torcida. É preciso mudar, reestruturar, conseguir novos patrocínios. O Vasco tinha, naquela época, "olheiros" contratados que iam para o interior descobrir e contratar futuros craques, para que o Vasco volte a ser o grande vencedor de outras épocas. Sua legião de torcedores aguarda e merece... (Nelio Barbosa Horta, de Saquarema)