Durante a ditadura, a imagem do Brasil na mídia internacional refletia a sujeira institucional do país.
As notícias positivas eram geradas apenas pelo esporte (Copa de 70, Nelson Prudêncio, João do Pulo, Emerson Fittipaldi, iatistas garantindo medalhas nas Olimpíadas...) e pela cultura (Gláuber Rocha, principalmente, Melhor Diretor em Cannes com "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", e Leão de Ouro no Festival de Veneza com "A Idade da Terra"...)
Vivemos hoje muito mais semelhanças do que diferenças. O Brasil é agora visto lá fora como um neofascista aliado aos piores, é anti-ambientalista, anti-globalista, consolida-se como inferno do porte de armas, é a favor do uso indiscriminado de agrotóxicos, inimigo da educação e da saúde públicas, prepara um cruel confisco da Previdência travestido de reforma, criminaliza os movimentos sociais, troca o Estado laico pelo privilégio às facções religiosas fundamentalistas e sinaliza novas ações corruptas e até suspeitas de ligações com milicianos paramilitares.
O esporte anda meio em baixa, mas a única e boa notícia recente é histórica: a vitória da equipe de revezamento 4-100 no Mundial de Atletismo. Os brasileiros Rodrigo Nascimento, Jorge Vides, Derick Souza e Paulo André de Oliveira derrotaram os Estados Unidos na final, em Yokohama, no Japão neste domingo (12) no Estádio Internacional de Yokohama, no Japão.
O quarteto campeão mundial do revezamento 4x100. Foto de Wagner Carmo/CBAt/Divulgação |
Quanto à cultura, tida pelo governo como virtual "inimiga", o destaque é o filme "Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, que está na competição pela Palma de Ouro em Cannes e tem no elenco Sonia Braga, Udo Kier, Bárbara Colen, Silvero Pereira, Thomas Aquino e Karine Telles. Não será fácil, mas o filme tem chances, foi bem recebido pela crítica e recebeu aplausos da plateia em sessão para convidados. "Bacurau" é visto como "um grito de resistência".