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sábado, 5 de agosto de 2017

Caco Barcellos fala sobre cobertura passiva da Lava Jato e critica jornalistas que apenas reproduzem o que os promotores fazem...




"Não tem trabalho efetivo dos jornalistas. Os jornalistas reproduzem o que os promotores fazem. A gente prefere trabalhar com luz própria, a gente não mexe com dossiê dos outros. Tem jornalista demais trabalhando nisso. Mas ali é trabalho de reprodução. O nosso é mais ativo, com a nossa investigação, não com a dos outros" - Caco Barcellos



por Alex Sander Magdyel (A Notícia)

Todos os dias quando acorda o jornalista Caco Barcellos diz que se faz duas perguntas: "qual será o meu destino?" e "quem eu vou conhecer hoje?". Caco se considera um "repórter radical" e "apaixonado pelo jornalismo". Ao mesmo tempo, se vê como um "cidadão sem nenhuma importância". Para ele, importante mesmo são suas fontes. E mais importante ainda são as pessoas que recebem as informações que ele e sua equipe de jovens jornalistas transmitem todas as semanas no Profissão Repórter. É o que ele contou na noite de quarta-feira em um evento promovido pela Associação de Joinville e Região da Pequena, Micro e Média Empresa (Ajorpeme).

Quando subiu ao palco, por volta das 21h30, o jornalista fez algumas relações entre sua profissão e a dos seus ouvintes. Boa parte da plateia era formada por empreendedores. Segundo a Ajorpeme, duas mil pessoas participaram do Connect 2017, que iniciou com a palestra do jornalista Marcos Piangers. Caco citou o contato com o público e a necessidade que jornalistas e empreendedores têm de obter informações. Também falou sobre seu espírito empreendedor: há mais de dez anos, criou o 'Profissão Repórter', programa da Rede Globo em que ele e sua equipe vão às ruas para mostrar os desafios da rotina dos repórteres durante a cobertura de um fato.

Jornalista experiente, Caco tem em seu currículo a cobertura de 30 guerras. Antes de se tornar o profissional que é hoje, trabalhou cinco anos como taxista, o que o fez contar boas histórias logo no início de sua carreira. Durante a palestra, Caco dividiu a plateia para falar sobre as desigualdades que presencia no País. À sua esquerda, os mais pobres. À sua direita, os mais ricos. Fez isso para mostrar as injustiças social e econômica presentes no Brasil.

- São nos extremos que encontramos a origem das mazelas nacionais - argumentou Caco, que afirmou levar consigo "o dever de ofício de falar sempre da maioria para a maioria".

Em entrevista ao A Notícia e a um grupo de jornalistas, Caco falou também sobre a cobertura da Lava Jato. Afirmou que sua equipe prefere não cobrir política e que o trabalho dos jornalistas têm sido de "reprodução".

- A gente não trabalha com cobertura de política porque a gente não gosta de blá, blá, blá. Tudo que está em torno disso envolve o trabalho do Ministério Público. Não tem trabalho efetivo dos jornalistas. Os jornalistas reproduzem o que os promotores fazem. A gente prefere trabalhar com luz própria, a gente não mexe com dossiê dos outros. Tem jornalista demais trabalhando nisso. Mas ali é trabalho de reprodução. O nosso é mais ativo, com a nossa investigação, não com a dos outros - afirmou.

Os minutos finais da palestra de Caco foram marcados por reflexões que o jornalista fez acerca de questões da segurança pública. Caco tirou de sua mochila uma bandeira do Brasil, da qual diz ter admiração e vergonha. Afirmou que na bandeira poderia ser incluída uma faixa de luto pelo número de mortes que o País registra.

- O matador brasileiro é o cidadão de bem, aquele que vive a dizer: bandido bom é bandido morto - afirmou, citando os casos do assassinato de Isabella Nardoni e do crime envolvendo o ex-goleiro Bruno.

"Radicalmente crítico"

Caco diz que o Profissão Repórter é "uma rara iniciativa de baixo para cima", já que partiu de um funcionário e não dos gestores. Diz ter orgulho do "jornalismo de boa qualidade" que o seu programa tem apresentado e citou números da audiência. Contar histórias daqueles que nem sempre são ouvidos faz com que as pessoas passem a assistir quem gosta delas, disse Caco.

- Sou radicalmente crítico com relação às coisas que a gente não faz e nos lugares onde a gente não vai - afirmou. - Quem tem o dever de informar não sobe o morro. Nós, do Profissão Repórter, vamos. Nós vamos aonde os outros não vão - defendeu.

Na última "peneira" do programa, Caco revelou ao público que 26 mil pessoas concorreram às cinco vagas disponíveis para o Profissão Repórter. A essência do programa, de acordo com Caco, é trabalhar exclusivamente com jovens sem experiência na televisão.

Ao final do evento, Caco também falou ao A Notícia sobre as agressões sofridas no ano passado. Disse que está com dor na coluna desde as agressões que sofreu no Rio de Janeiro, em novembro do ano passado, e que tem feito acupuntura e fisioterapia. Caco diz que as agressões fazem parte da profissão e este é o risco daqueles que vão onde outros não vão.

- Às vezes eu levo porrada na rua, aí eu falo: "deixa eu fazer as coisas do meu jeito. Quem bate em trabalhador é pessoa de extrema-direita e eu acho que você não é. Faça melhor do que eu faço. Não perca tempo criticando o meu trabalho ou dos meus colegas".

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