Campanha da Abril no começo da década de 1970. Clique na imagem para ampliar. |
por José Esmeraldo Gonçalves
Algumas poucas resistem bravamente. Eram pontos de referência da notícia. Acima, a reprodução de uma campanha publicitária da Editora Abril no começo dos anos 1970. A banca vista como uma biblioteca. O que, de fato era. Bem de época essa foto. O minivestido da jovem de verde contrasta com a formalidade de senhora, o engravatado da Av. Paulista, o rapaz que "tira uma casquinha", expressão da época, no jornal do dia. Claro que a cena é montada. a Abril escondeu todas as revistas da Bloch, incluindo a Manchete, então a semanal líder do país. Escapou uma Amiga, pouco acima da cabeça do jornaleiro.
As bancas estão em extinção, a maioria virou um arremedo de loja de conveniência, a Bloch que era sólida se desmanchou no ar, a Abril foi despedaçada, vendida para o mercado financeiro e perdeu relevância, os impressos agonizam em morte lenta há alguns anos e, no Brasil, aguardam apenas um samaritano que lhes desligue os aparelhos (*). A campanha da Abril é o TBT (Throwback Thursday.) de hoje, o regresso das quintas-feiras, como marca a famosa hastag das redes sociais. Ou, como escreveu Drummond sobre sua Itabira, "é apenas uma fotografia na parede".
Já o jornalismo foi renovado pela tecnologia, ampliou seu alcance e é cada vez mais importante para a democracia, como se vê nesses tempos de trevas e de aloprados no Brasil atual. As "bancas? Foram para a nuvem. Até a moça de verde, hoje provavelmente uma avó antenada, agora pode acessá-las com um simples clique.
(*) Vale observar que embora os veículos estejam em transformação em todo o mundo, em capitais como Paris e Lisboa a maioria das bancas ainda vende numerosos títulos de jornais e revistas... impressos. Em países subdesenvolvidos (sim, o rótulo que a mídia trocou por "em desenvolvimento", está de volta trazido pela realidade), a crise é bem mais aguda e agravada pela nossa péssima distribuição de renda, pelo desprezo à Educação.