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domingo, 22 de abril de 2012

O Rio de Janeiro que conheci

Botafogo. Reprodução Google Maps
deBarros
Abril de 2012
Num restaurante chamado Bismarque – com que no final – na rua São Clemente, Botafogo, num dia do mês de abril, fui almoçar a convite de um velho amigo.
De Niterói, num confortável ônibus “executivo” saí para atender a esse chamado. Para mim foi uma viagem no tempo e por que não no espaço também.
Imagina, passar pela Rodrigues Alves, vendo os hoje envelhecidos e abandonados armazéns do cais do porto, que muitos anos atrás, pelas manhãs, ficavam cheios de estivadores aguardando serem selecionados pelos representante dos seus Sindicatos para trabalharem nas cargas e descargas dos navios atracados no cais.
Me lembrei que da Ponte, quando de carro por ela passava, rumo à redação da Manchete, onde trabalhava, pude acompanhar o nascimento do novo porto de container, bem ao lado desse viaduto fantástico que liga Niterói ao Rio, que iria, mais tarde, acabar com o velho Porto do Rio de Janeiro e como consequência uma tragédia maior: extinguir a figura do estivador. O progresso cobra o seu preço.  Com esse novo porto, um homem só, no comando de um poderoso guindaste, em poucas horas, carrega e descarrega  centenas de containers em um navio.
Da Rodrigues Alves o ônibus entrou numa rua que no fim contornando a igreja do Santo Cristo subia  um outro viaduto que passava por cima da Presidente Vargas, e dele vi os novos  prédios que surgiram nesses últimos anos – mas o velho “treme-treme”, firme e poderoso cheio de histórias para contar, ainda estava lá – para logo mergulhar no túnel Santa Bárbara reaparecendo nas Laranjeiras, na Praça José de Alencar, entrando na Marquês de Abrantes para romper mais adiante na Praia de Botafogo.
A velha Praia de Botafogo com seus enormes canteiros de grama e os monumentos como a escultura de uma jovem mãe deitada no chão acalentando seu bebê além de outras estátuas compunham o ambiente emoldurado ao fundo pela enseada de Botafogo e o Pão de Açúcar.
Nunca entendi, desde o tempo do bonde, quando por ali passava, o porque da estátua de um índio Pele Vermelha com seu “tomawak” atacando um leão da Montanha. Por que índio norte-americano?
O “Manequinho”, o menino fazendo xixi ainda estava no mesmo lugar, desta vez sem a camisa do Botafogo. Velho reduto botafoguense, com sua sede e campo de futebol bem perto mas que achei um pouco triste a sacro santa arena alvinegra.
Infelizmente,  o “executivo” não fez o seu trajeto pela Praia do Flamengo, onde a “nação rubro negra” tinha a sua velha sede e não pude rememorar as comemorações dos tricampeonatos conquistados por esse meu glorioso clube.
Foram imagens do meu passado que acordaram na minha memória dentro do ônibus em que viajei de Niterói até ele me deixar em frente ao restaurante Bismarque, na rua São Clemente, em Botafogo.
Nas poucas vezes que fui a esse restaurante almoçar ao ler o seu nome da porta, sempre me vem à memória a célebre batalha naval da esquadra inglesa contra navios de guerra da Alemanha Nazista, que acabou com o afundamento do maior encouraçado do mundo e a frase com que Winston Churchil, Primeiro Ministro Britânico, fez marcar esse feito com a frase que se tornou famosa: “Sink the Bismark”, “Sink the Bismark”: “Afundem o Bismark”, “Afundem o Bismark”.
A Coroa Britânica afundou o “Bismarck”.
Não, não bebo mais apesar do tentador pedido do vinho “Piriquita” que sempre faz o meu amigo para acompanhar o seu almoço. Fiquei na Coca-Cola mesmo.
A volta foi mais enternecedora ao pegar o metrô na estação Botafogo a poucos metros do “Bismarque”. Apesar das modificações com a criação da linha 2, tudo continuava o mesmo. Saltando na estação Largo da Carioca, me vi diante do Edifício Central – onde às vezes almoçava no Bob’s saboreando um suculento “Hot Dog” – e atravessava seus corredores da Rio Branco para o Largo da Carioca, que conheci quando era chamado  de “Tabuleiro da Baiana”. Por que era assim chamado até hoje não sei.
Atravessei a Rio Branco e cheguei na velha rua São José. Ah!, rua São José da minha adolescência. Das minhas voltas noturnas das baladas a caminho das Barcas. Dos seus restaurantes e lojas comerciais que abertos durante o dia enchiam a rua de pessoas que iam e vinham falando, olhando, comprando e pra casa se dirigiam. Ah!, rua São José dos meus flertes e amores.
Hoje, na rua São José, onde é o Edifício De Paoli, existia um restaurante que ficava aberto durante toda a noite e varava madrugada. Era onde, voltando das “boites” em Copacabana e dos ccabarés da Lapa tomava a sopa de  “Canja de Galinha” ou a de “Caldo Verde”. Então a noite ficava completa e só restava pegar a velha barca e ir para casa
Antes passei pela rua da Assembléia, caminho que tomava muitas vezes, quando resolvia jantar no restaurante especializado em galetos na brasa. Gostava mais da rua São José. Achava mais animada, mais alegre. A rua da Assembléia  era para mim um pouco triste.
Precisava voltar para casa e no terminal Menezes Cortes, não tão antigo, que lembranças maiores trazia mas também não tão novo que não deixasse suas marcas, peguei o “executivo” e através da Graça Aranha, velho caminho onde em um dos seus prédios trabalhei em uma agência de publicidade, e bem moço ia aos bailes de formatura no Ginástico Português. Quantos bailes ao som de orquestras famosas dancei nesse Ginásio. Mas o bailes maiores e mais quentes eram no salão da Galeria dos Empregados do Comércio, com a Orquestra Tabajara de Severino Araújo, e o seu famoso “Crooner”,  Jamelão.
Da Graça Aranha o “executivo” pegou a Avenida Beira Mar e contornando o viaduto do aeroporto chegou na Perimetral. Dela pude ver a Estação das Barcas, na Praça XV, onde tantas e tantas vezes embarquei e desembarquei nas barcas e hoje ostenta, nessa histórica praça, a estátua equestre de um rei, que um dia, fugindo do seu reino, veio se refugiar na então colônia que se chamava Brasil.
Perimetral, viaduto que hoje querem implodir, em nome de uma estética urbana mas que é  o caminho mais rápido para se para chegar a Avenida Brasil e a Ponte. Por que essa febre de apagar o passado? Por que não manter esse caminho que a tantos tem servido e bem servido levando para casa homens e mulheres cansados depois de um dia de trabalho? Tradição não se apaga. Se mantém e conserva.
O “executivo” desceu da Perimetral na altura da Candelária e para minha alegria entramos na Presidente Vargas.  Avenida, ainda em obras, que um dia vi desfilar – pendurado em um dos seus postes –  os pracinhas brasileiros que voltavam da Itália, dos campos de batalha da Europa. O imponente e clássico prédio do antigo Ministério da Guerra fazendo sombra ao edifício da Central do Brasil. A Praça Onze dos Carnavais do meu tempo coroada pelo Busto de Zumbi dos Palmares. Os velhos casarões do Mangue”, das putas e polacas, importadas pela “Zig Migdal”, que hoje não existem mais, destruídos pelas imobiliárias e construtoras. Logo depois a casa do Relógio, o Viaduto dos Marinheiros e em seguida a Francisco Bicalho, a velha estação da Leopoldina tendo à sua frente o Canal do Mangue então à descoberto com seu cheiro pútrido poluindo o ar. Logo o ônibus “executivo” subia o viaduto do Gasômetro, cartão postal que marcava o limite da cidade com o início do subúrbio do Rio de Janeiro. Eram enormes balões de gás, que um dia, “nacionalistas extremados” quiseram explodir. Não explodiram, mas anos mais tarde esses enormes balões prateados foram demolidos. Mais uma imagem que marcava a entrada do Rio foi riscada do mapa e entrei na Ponte. 
Estava chegando em casa. A viagem através do tempo terminava. Obrigado meu amigo por me ter tirado da concha onde estava escondido e ao meu passado voltado.
Sei que aquele época não volta mais mas na minha memória permanecerá para sempre o Rio de Janeiro dos meus tempos.
Rua São José, Barcas. Centro do Rio. Reprodução Google Maps
 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Feira de adoção de animais resgatados na tragédia da Serra Fluminense

A feira acontecerá nos dias 22 e 23 de janeiro, próximos sábado e domingo, em dois locais:
Bicho Bacana, dia 22
R Paula Freitas 61 - Copacabana - RJ
A partir das 9.00h
Parcão da Lagoa, dia 23 - Próximo ao Corte do Cantagalo - RJ, dia 23
A partir das 10.00h
Além de conseguir um lar para os animais vítimas da catástrofe na Região Serrana, os organizadores precisam abrir vagas nos abrigos já que as operações de resgate continuam.
Mais informações:
Patas e Patas – Animais para Adoção – RJ tel (21) 7131-4586

http://www.patasepatas.blogspot.com/

Orkut: www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=8593026040148205631&rl=t

domingo, 16 de janeiro de 2011