A capa e a chamada da edição de março de 2012 da revista Fotografe Melhor |
Com essa foto, na página direita da Fotografe Melhor, Sérgio Jorge ganhou o Prêmio Esso. |
Cadeira de balanço, foto de Walter Firmo. Sergio Jorge, na foto da página esq., mostra seu livro sobre Pelé. |
Destacada na página esquerda da Fotografe Melhor, a famosa imagem de Pelé, Tostão e Jairzinho, premiada internacionalmente como a Melhor Foto da Copa de 1970, assinada por Orlando Abrunhosa. |
A sequência dramática do embate entre o menino e o homem da carrocinha, objeto da foto premiada de Sérgio Jorge. |
No detalhe, de chapéu, o fotógrafo Walter Firmo |
Na página esquerda da reportagem da Fotografe Melhor, outra imagem Prêmio Esso. Esta é de Antonio Andrade. Foi vencedora em 1967. |
No destaque, Pelé e as mil bolas representativas do seu milésimo gol. Na Vila Belmiro, em 1969. Foto de Sergio Jorge |
por José Esmeraldo Gonçalves
O sumiço do Arquivo Fotográfico que pertenceu à extinta Bloch Editores é tema recorrente nas páginas deste blog cujos autores, além de muitos leitores, são jornalistas e funcionários de outros setores que trabalharam em Manchete, Fatos & Fotos, Amiga, Desfile, Ele Ela, Geográfica, Mulher de Hoje, Pais & Filhos e tantos outros títulos que as máquinas de Parada de Lucas lançavam nas bancas de todo o Brasil.
O acervo foi leiloado, em 2010, pela Massa Falida. Nesse momento, são ignorados o destino, as condições de conservação e a integridade de 12 milhões de imagens que cobriram quase meio-século de Brasil. Há cerca de um ano, por inspiraçaõ e ação de José Carlos Jesus, ex-coordenador de Reportagem da Manchete e presidente da Comissão de Ex-Empregados da Bloch Editores, um grupo de fotógrafos ingressou com uma ação judicial, através do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, em busca de informações sobre o acervo e solicitando até a anulação do leilão. Os profissionais obtiveram, por enquanto, uma liminar para sustar eventual venda de fotos sem pagamento dos seus direitos autorais. Mas não se sabe se o atual detentor da proprioedade patrimonial do arquivo foi localizado ou citado.
Uma névoa digna dos becos londrinos do século passado cobre os caminhos de centenas de caixas com milhões de negativos, cromos, contatos e ampliações.
Um mistério que deveria envergonhar os responsáveis por instituições que já foram acionadas por ex-empregados da Bloch, antes do leilão (o arquivo foi arrematado por míseros 300 mil reais), como o Ministério da Cultura, o Arquivo Nacional, Museu da Imagem e do Som, Biblioteca Nacional e até entidades privadas como Fundação Getúlio Vargas, o Instituto Moreira Salles e grandes editoras.
No último fim de semana, chegou às bancas a revista Fotografe Melhor, da Editora Europa. O fotógrafo Sérgio Jorge, que atuou em coberturas memoráveis para Manchete e Fatos & Fotos, levou a questão ao diretor de Redação da FM, Sérgio Branco, que passou a missão ao repórter Guilherme Mota. O resultado, excelente, é a mais completa reportagem sobre a incrível hístória do acervo desaparecido. Na Carta ao Leitor, Sergio Branco convida: "leia e fique indignado".
Não é para menos.
"Bem antes do leilão, entramos em contatos com uma série de entidades que poderiam mostrar interesse pelo arquivo, mas ninguém quis saber", conta José Carlos Jesus ao repórter Guilherme Mota.
Sem verba para alugar um galpão adequado para guardar o acervo, a Massa Falida, como manda a lei, convocou o leilão. O preço inicial - quase 2 milhões de reais - não atraiu interessados. Apenas na terceira convocação, o arquivo foi oferecido segundo o "quem dá mais". No caso, "quem dá menos".
O fotógrafo Sergio Jorge, ganhador do primeiro Prêmio Esso de Fotografia, em 1961, com a famosa e comovente imagem de um menino que tenta resgatar seu cachorro do laço do homem da carrocinha, avalia para a Fotografe Melhor:
"Se você olhar bem, o Brasil não tem um história fotográfica. Agora imagine que desde 1950 grandes fotógrafos, inclusive estrangeiros, estiveram presentes na revista. Nesse período de 50 anos, a Manchete contou a história do país".
Ao lado de pesquisadores, memorialistas e biógrafos que buscam em vão imagens publicadas pelas revistas da Bloch, Sérgio Jorge é um dos muito fotógrafos que têm projetos inviabilizados para livros e exposições. Vê-se na absurda situação de não ter acesso à sua própria produção profissional, da qual detém legítimos direitos autorais. A própria Fotografe Melhor viu-se obrigada a ilustrar a reportagem "Histórias Perdidas - A Saga de Cinco Décadas em Imagens" com várias reproduções gráficas de antigos exemplares da Manchete.
Se fotojornalismo e memória são áreas do seu interesse, não deixe de ler a edição 186, de março de 2012, da revista Fotografe Melhor. Já está nas bancas e também pode ser adquirida no link abaixo
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