Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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segunda-feira, 1 de março de 2010
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Terra bruta
por Gonça
Fui ao sul do Chile por duas vezes, nos invernos de 2002 e 2003. A foto ao lado foi feita no Andes, a 80km de Chillán. Ontem, durante o noticiário sobre o terremoto que deixou mais de 300 vítimas no país, vi cenas de Concepción e Chillán, a 401km de Santiago. O epicentro do tremor foi ali perto. Na época, fiquei impressionado com a favelização das periferias das duas cidades. Fazia muito frio e era chocante ver à margem da estrada que levava aos Andes famílias inteiras de pedintes ao lado de uma fileira interminável de barracos ou habitações toscas.
A imagem que a mídia passa do Chile é outra: diz que o modelo econômico implantado pelo ditador Pinochet é o mais eficiente da América do Sul. Esquece de dizer que o tal modelo não distribui renda, concentra, ao contrário.
Mas essa é outra história. Chillán, que tem um cemitério que parece desproporcional ao tamanho da cidade, sabe muito bem de terremotos. Sofreu abalos de grande magnitude em 1751, 1835, 1939, 1953, 1960 e agora. Tanto que tem um apelido local, é a "cidade em movimento". O terremoto de 1939 deixou marcas até hoje visíveis e uma perda que os mais velhos não esquecem: a destruição da catedral da cidade (na reprodução ao lado, pouco antes de ir abaixo).
Na época, milhares de casas foram ao chão. Mais de cinco mil pessoas morreram, segundo o número oficial. Mas os moradores afirmam que foram cerca de 29 mil vítimas fatais. O cemitério parece lhes dar razão. O noticiário não informa ainda os danos de Chillán na atual tragédia. Sabe-se, apenas, que um muro da prisão foi derrubado e 200 detentos pularam fora.
Em meio ao destino geológico, impressiona a frequência de terremotos não apenas na região de Concepción. Os chilenos sofreram em 1965, 1971, 1985, 1995, 1997 (em março e outubro), 2005, 2007, abril e maio de 2009, estes dois últimos sem vítimas. Dizem os geólogos que muitos outros virão. Com um mapa longitudinal (não é à toa que o político Marco Maciel tem o apelido de "mapa do Chile"), o país esta assentado sobre uma placa instável à beira do Pacífico. Os abalos costumam se refletir em praticamente todo o território, segundo os especialistas. Mas Chile é muito mais bem preparado para enfrentar uma tragédia dessas do que o Haiti. As construções, principalmente em Santiago, levam em conta o histórico de terremotos e têm fundações mais apropriadas.
Que os chilenos resistam a mais essa tragédia.
Fui ao sul do Chile por duas vezes, nos invernos de 2002 e 2003. A foto ao lado foi feita no Andes, a 80km de Chillán. Ontem, durante o noticiário sobre o terremoto que deixou mais de 300 vítimas no país, vi cenas de Concepción e Chillán, a 401km de Santiago. O epicentro do tremor foi ali perto. Na época, fiquei impressionado com a favelização das periferias das duas cidades. Fazia muito frio e era chocante ver à margem da estrada que levava aos Andes famílias inteiras de pedintes ao lado de uma fileira interminável de barracos ou habitações toscas.
A imagem que a mídia passa do Chile é outra: diz que o modelo econômico implantado pelo ditador Pinochet é o mais eficiente da América do Sul. Esquece de dizer que o tal modelo não distribui renda, concentra, ao contrário.
Mas essa é outra história. Chillán, que tem um cemitério que parece desproporcional ao tamanho da cidade, sabe muito bem de terremotos. Sofreu abalos de grande magnitude em 1751, 1835, 1939, 1953, 1960 e agora. Tanto que tem um apelido local, é a "cidade em movimento". O terremoto de 1939 deixou marcas até hoje visíveis e uma perda que os mais velhos não esquecem: a destruição da catedral da cidade (na reprodução ao lado, pouco antes de ir abaixo).
Na época, milhares de casas foram ao chão. Mais de cinco mil pessoas morreram, segundo o número oficial. Mas os moradores afirmam que foram cerca de 29 mil vítimas fatais. O cemitério parece lhes dar razão. O noticiário não informa ainda os danos de Chillán na atual tragédia. Sabe-se, apenas, que um muro da prisão foi derrubado e 200 detentos pularam fora.
Em meio ao destino geológico, impressiona a frequência de terremotos não apenas na região de Concepción. Os chilenos sofreram em 1965, 1971, 1985, 1995, 1997 (em março e outubro), 2005, 2007, abril e maio de 2009, estes dois últimos sem vítimas. Dizem os geólogos que muitos outros virão. Com um mapa longitudinal (não é à toa que o político Marco Maciel tem o apelido de "mapa do Chile"), o país esta assentado sobre uma placa instável à beira do Pacífico. Os abalos costumam se refletir em praticamente todo o território, segundo os especialistas. Mas Chile é muito mais bem preparado para enfrentar uma tragédia dessas do que o Haiti. As construções, principalmente em Santiago, levam em conta o histórico de terremotos e têm fundações mais apropriadas.
Que os chilenos resistam a mais essa tragédia.
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