Ruy Castro
Quem falou primeiro?
RIO DE JANEIRO - Há tempos, por causa do "gol de placa" inventado por Joelmir Beting, perguntaram-me quem havia criado outras expressões do futebol, como "gol de bicicleta", "dar carrinho" ou "meter entre as canetas". Embatuquei --como foi que nunca procurei levantar isso? Para não perder pontos, perguntei se valia saber que o autor da palavra "robô" era o escritor tcheco Karel Capek; de "cibernética", o matemático americano Norbert Wiener; e de "fluxo da consciência", o filósofo idem William James.
De "surrealismo", o poeta Guillaume Apollinaire; de "contracultura", o historiador Theodore Roszak; de "radical chic", o jornalista Tom Wolfe; de "a era do jazz", o escritor F. Scott Fitzgerald; e de "bebop", o baterista Kenny Clarke.
E a expressão "bossa nova"? Já existia nos anos 50, significando novidade. Mas foi o repórter Moyses Fuks quem a aplicou à nova música que surgia --e só então Tom, Vinicius e João Gilberto foram informados de que haviam criado a "bossa nova".
Quem chamou os filmes de Glauber Rocha e outros de "cinema novo"? O crítico Ely Azeredo. Quem falou primeiro em "filme noir"? Outro crítico, o francês Nino Frank. E em "nouvelle vague"? A jornalista Françoise Giroud. E quem apelidou de "Oscar" o famigerado boneco? O repórter Sidney Skolsky.
Quantos saberão quem batizou o Rio e quando? Foi o navegador florentino Américo Vespúcio, quando passou por aqui, em 1° de janeiro de 1502, a bordo da expedição do português Gonçalo Coelho. Vespúcio viu a baía de Guanabara e sapecou: "Rio de Janeiro". Que adoramos e logo simplificamos para "Rio".
Pergunte-me agora quem criou os famosos "geraldino" (torcedor da geral), "arquibaldo" (da arquibancada), "macário" (carregador de maca) e "onde a coruja dorme" (interseção entre o travessão e a trave). Fácil: o radialista Washington Rodrigues.