Hedy Lamarr em cenas e no cartaz de Êxtase. |
por Jean-Paul Lagarride
O Festival de Veneza 2019 exibirá na abertura oficial, no dia 27 de agosto, o que teria sido primeiro nu frontal da história do cinema. A cena é do filme "Êxtase, de 1934, dirigido por Gustav Machatý, e que foi agora restaurado em modo digital 4K.
A protagonista é Hedy Lamarr, que também interpreta o primeiro ato sexual da tela.
"Extase" foi censurado, na época, há 85 anos, em vários países e ainda sofreu um inesperado percalço: o marido da atriz, Firtz Mandi, tentou desesperadamente comprar todas as cópias disponíveis.
A reestreia do filme de Hedy Lamarr em Veneza tem um significado especial. "Extâse" foi premiado em 1934, na mostra da cidade italiana, onde ganhou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro. Na trama, Eva (Hedy Lamarr) se casa com um homem mais velho, rigoroso e adepto da ordem acima de tudo - o que no Brasil de hoje costuma se chamar de "homem de bem" -, que não demonstra muito entusiasmo na cama, o que a leva aos braços de um jovem.
No mais, você pode ver a trama completa e a histórica cena AQUI
Por trás do glamour de estrela, a inteligência: Hedy Lamarr inventou
a telefonia o celular e o Wi-Fi.
A atriz austríaca foi muito além das telas. Em 1940 ela desenvolveu um sistema cujos parâmetros levaram aos atuais telefones celulares e à transmissão de dados por Wi-Fi. Inicialmente, seria um aparelho para confundir radares nazistas.
Por incrível que pareça, a inspiração veio através da música. O compositor George Antheil tocava piano e Lamarr se divertia repetindo as notas em escala diferente. A partir do diálogo musical, a atriz percebeu que duas pessoas poderiam conversar entre si em frequências diferentes desde que o fizessem ao mesmo tempo. Eles se dedicaram a por em prática um sistema de rádio experimental e, dois anos depois, obtiveram a patente do invento. Só no começo dos anos 1960, o Departamento de Estado mandou construir os primeiros dispositivos. O trabalho de Lamarr foi reconhecido apenas em 1997 (Anthiel não viveu para ver o sucesso do invento), quando ela foi premiada e homenageada pelo governo americano.
Apesar disso, Hedy Lammar teve problemas financeiros e chegou a ser presa duas vezes por roubar pão e remédios. Só não morreu na mais total miséria porque ganhou de uma empresa americana um processo por uso indevido de imagem.
Hedy Lamar faleceu em 2000, aos 85 anos, quando celulares e Wi-Fi se espalhavam pelo mundo.