domingo, 16 de abril de 2023

Fotomemória da redação: grandes encontros na Manchete em imagens memoráveis

 



por José Esmeraldo Gonçalves

Nos anos 1960, especialmente, Manchete fez muitas reportagens ilustradas com imagens de grandes encontros. As turmas da Bossa Nova e MPB, do Cinema Novo, Jovem Guarda e Tropicalismo, cada uma na sua vez, se reuniram no estúdio da Manchete, primeiro na Rua Frei Caneca e, depois na sede da Rua do Russell, às vezes em São Paulo, como na foto acima, para cenas de jornalismo grupal que se eternizaram. Aí se destacam Nara Leão, Sidney Muller, Rita Lee, Arnaldo Baptosta e Sérgio Dias, do Mutantes, Marília Medalha, Edu Lobo (o vencedor daquela edição do Festival da TV Record, com Ponteio), Chico Buarque, Elis Regina, Roberto Carlos, Geraldo Vandré, Sérgio Ricardo, Beat Boys, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Toyo, do Beat Boys , Miltinho, Magro, Aquiles e Ruy Faria, do MBB4. Um importante detalhe ajudou o fotógrafo da Manchete, José Castro, a juntar tantos astros e estrelas para essa foto histórica: as revistas Manchete e Fatos e Fotos eram co-patricinadoras do festval de 1967. 

O negativo original dessa foto, como não cansamos de repetir, está desaparecido, assim como milhões de cromos, ampliações e imagens em P&B que pertenceram ao arquivo da Bloch Editores leiloado em 2009, arrematado por um advogado, após três chamadas para leilões, o primeiro em 16 de abril de 2009. .Não se sabe o que foi feito de cerca de 12 milhões de imagens guardadas em 11.563 caixas de papelão e 103 armários de aço. O material avaliado em cerca de R$2 milhões acabou sendo vendido por R$ 300 mil. O custo para digitalizar as fotos - calculado na época em R$ 8 milhões - foi apontado como um dos fatores que afastaram possívei interessados. Ex-funcionários da Bloch tentaram em vão sensibilizar instituições culturais privadas e do governo federal para adquirirem e preservarem a valiosa memória fotográfica. Felizmente, a Biblioteca Nacional digitalizou e disponibiliza no seu site toda a coleção das revistas Manchete, Manchete Esportiva e Manchete Rural. Esse projeto infelizment foi interrompido no governo passado antes que a Fatos & Fotos, publicação que ganhou três Premios Esso de Fotografia, também fosse digitalizada.   

       

  

Mídia: Globo oficializa jornalismo-selfie

Filmando a própria entrada ao vivo. Este é o equipamento Kit Mojo que repórteres usarão na Globo em substituição ao cameraman. Foto Divulgação/Kit Mojo. 


Embora a prática já aconteça eventualmente, agora foi oficializada. Segundo o jornalista  Paulo Capelli, do Metrópoles, repórteres da Globo em Brasília passarão a fazer suas entradas ao vivo com imagens geradas por eles mesmos via celular. É o jornalismo-selfie que dispensa o câmera. Os rapazes e moças da Globo carregarão um troço chamado Kit-Mojo (smartphone, luz, tripé e microfone wireless) para filmar suas entrevistas e matérias. Advogados já analisam se o acúmulo de funções sem a correspondente remuneração é legal. Existe a possibilidade de outras praças, como Rio e São Paulo, adotarem gradualmente a fórmula. repórter/câmera. No futuro,  um executivo criativo vai instituir o repórter/câmera/motorista/motociclista/ciclista/pedestre etc. Pior: o repórter/aplicativo tipo iFood. O editor entra no site e pede um repórter/câmera, na prática um entregador de entrevistas. Pensando bem, repórteres também correm algum risco aos poucos: em alguns programas jornalísticos eles já estão perdendo espaço para comentaristas e analistas que, geralmente em tom solene, explicam obviedades para a plebe ignara.

P.S - No momento, o Grupo Globo está sob uma revoada de ferozes passaralhos. Uma onda de demissões  varre todos os setores atingindo especialmente profissionais mais antigos e com a terceira idade em primeiro lugar. A própria Globo admite que o objetivo é renovar suas equipes. Tem gente até aprendendo gíria nova e pintando o cabelo para fugir do RH.

sexta-feira, 14 de abril de 2023

A dignidade e a baixaria

 

Reprodução Twitter

Mídia - Do Sleeping Giants Brasil: RedeTV, Sikera Júnior e a responsabilidade dos anunciantes contra o discurso de ódio

 


(Texto reproduzido do twitter do Sleeping GIANTS Brasil)

O apresentador deu causa à sua própria demissão ao comportar-se, reiteradamente,  de maneira ilícita e antiética. 

Não é razoável acreditar que a irresponsabilidade da conduta do apresentador e da emissora não produziriam resultados negativos à sua reputação e aos seus acordos comerciais.

Desde 2021, as denúncias públicas realizadas pelo Sleeping Giants levaram mais de 200 empresas a se dissociarem do apresentador e/ou da Rede TV! Anunciantes não desejam ter suas marcas associadas a uma figura conhecida por atacar a dignidade humana de diversos grupos.

Da mesma maneira, o Ministério Público e a Justiça brasileira têm cumprido o seu papel constitucional buscando a reparação dos danos que Sikera e Rede TV causaram aos direitos de milhões de brasileiros que foram vítimas dos discursos de ódio veiculados em rede nacional, em horário nobre, através de uma concessão pública. São ao menos três as Ações Civis Públicas enfrentadas pelo apresentador e pela emissora.

Agora, a Rede TV e Sikera Jr decidem encerrar as relações movidos, segundo a imprensa, pelo diagnóstico de que os anunciantes deixaram a emissora não apenas no horário de transmissão do Alerta Nacional, mas em toda a grade da Rede TV. 

O papel da sociedade em exigir de empresas anunciantes uma conduta empresarial responsável foi um elemento central para os desdobramentos de hoje. 

À Rede TV e aos veículos de mídia em geral fica a lição: o mundo mudou e com as novas tecnologias da informação a sociedade passou a gozar da capacidade de se mobilizar para denunciar comportamentos antiéticos da mídia. 

Mudou também, por consequência, o comportamento de anunciantes que tem sido cobrados a exigirem, cada vez mais, um elevado padrão de responsabilidade com os Direitos Humanos dos espaços publicitários que ocupam. Essa tendência apenas começou e se intensificará nos próximos anos. Esse é o compromisso do Sleeping Giants Brasil.

SIGA O SLEEPING GIANTS BRASIL NO Twitter 

@slpng_giants_pt




quinta-feira, 13 de abril de 2023

Mídia - Redes sociais acusam Globo por título que transformaria a madame do chicote em vítima

 

A matéria completa narra o caso e dá voz às verdadeiras vítimas, os entregadores agredidos e xingados pela nutricionista "professora" de escolinha de vôlei de praia. Para quem lê apenas o título - e não são poucos - ficou a impressão de que O Globo, ao usar a palavra "atacada", vitimizou a agressora racista. E foi com base nisso que as redes sociais ironizaram o título. Coitada, a mulher, que tem ficha policial alentada, ofendeu e chicoteou o entregador e a massa ignara a "ataca" na internet? Os entregadores que apanharam fizeram o certo, não reagiram e registraram o B. O. Se tivessem revidado a agressão a essa hora estariam puxando cadeia. Infelizmente a impunidade é a regra para casos de racismo. Caso seja indiciada, a nutricionista chicoteira será, no máximo, condenada, se o for, a penas divertidas do tipo distribuir umas bolas de vôlei na praia, entregar algumas cestas básicas em uma instituição. Aliás, a madame do chicote, apesar de mostrar muita saúde ao agredir os entregadores, descolou um atestado de doença para evitar depor na delegacia. Em breve poderá até voltar à sua escolinha de vôlei que é patrocinada pela Gatorade e apoiada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, que suspendeu temporariamente a licença de funcionamento da quadra na Praia do Leblon. A Gatorade não rompeu o contrato oficialmente mas, por enquanto, divulgou a nota abaixo.



quarta-feira, 12 de abril de 2023

Censura na TV Cultura bolsonarista

 




A caminho do pijama...

O governo Lula exonerou Gustavo Henrique Dutra de Menezes do Comando Militar do Planalto nesta terça. O general será o 5º Subchefe do Estado-Maior do Exército. Consequências da omissão na tentativa de golpe no 8/11.

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Flu presenteia Flamengo com "chocolate" de Páscoa. Torcidas adversárias querem Tite treinando o Urubu

Com o Flu campeão carioca depois de golear o Flamengo por 4x1 em breve haverá vaga para treinador na Gávea. Por enquanto fala-se em Jesus, Sampaoli e... Tite. Este último é o favorito das torcidas unidas contra o Flamengo. Ganha disparado.  

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Mídia: o bloco dos sujos

 

Reprodução Twitter

Fotomemória: Caetano, Gil, Macalé... sweet London, 1971

 

Reprodução Facebook
Uma dica para esse fim de semana: assistir ao documentário
"Canções do Exílio", de Geneton Moraes Neto. São três capítulos.
O post acima é de Flávio Lamas, compartilhado do grupo Semióticas
Clique no link http://bit.ly/3ZHGeeC

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terça-feira, 4 de abril de 2023

Um encontro entre Kafka, Proust e Joyce, mestres do mesmo tempo

Recuperando-se de uma fratura no fêmur, Roberto Muggiati - a quem Alberto, na Manchete, apelidava de Muggi das Crises -  volta ao blog através de uma matéria publicada no Estadão no dia 18 de março de 2023. 

A mobilidade ainda comprometida não o impediu de levar a flanar em Paris Marcel Proust, James Joyce e Franz Kafka. "Gosto de elaborar encontros hipotéticos entre os três", diz Muggiati. Leia a seguir. 



Na ocasião dos centenários de suas vidas e obras, uma 
discussão sobre a relação entre grandes autores do século 20


por Roberto Muggiati (para o jornal Estado de São Paulo)


O francês Marcel Proust (1871-1922), o irlandês James

Joyce (1882-1941) e o checo Franz Kafka (1883-1924) foram

indiscutivelmente os maiores romancistas do século 20.

Morreram jovens, respectivamente aos 51, 58 e 40 anos.

Proust - filho de um médico francês, cuja mãe, Jeanne Weill,

tinha origem judaica - notabilizou-se com a saga Em Busca do

Tempo Perdido, uma das mais brilhantes investigações sobre

os mecanismos da memória afetiva. Joyce evoluiu das

primeiras obras em estilo realista para dois impressionantes

monumentos da técnica narrativa: Ulysses, com seu complexo

arcabouço estrutural, e Finnegans Wake, magistral

desconstrução da linguagem ficcional. E Kafka, judeu-checo

que escrevia em alemão (era súdito do Império Austro-

Húngaro), com suas fábulas e parábolas sombrias, cortou

fundo a fachada social para expor o absurdo do mundo.

Gosto de elaborar encontros hipotéticos entre os três.

Tecnicamente - pelo menos dois a dois -, Proust, Joyce e Kafka

poderiam ter cruzado caminhos. As hipóteses viajam da Trieste

austro-húngara de 1908 à Paris da belle époque em 1910 e à

Paris dos années folles de 1922. Em outubro de 1910, 

aos 27 anos, Kafka passou poucos dias em Paris, com os irmãos Max

e Otto Brod. Fez o que todo visitante faz: caminhou pela

cidade. Mas suas flâneries foram bruscamente interrompidas

por uma violenta crise de furunculose. Além do mais, Proust

preferia se deslocar de coche, sem se acotovelar com a

patuleia. Kafka, funcionário burocrata do ramo de seguros,

ainda não se revelara escritor, enquanto Proust juntava

dinheiro para publicar, do próprio bolso, o primeiro volume de À

la Recherche du Temps Perdu, em 1913.

Entre novembro de 1907 e julho de 1908, Kafka foi empregado

da companhia de seguros Assicurazione Generali, de Trieste.

Teria visitado pelo menos uma vez a cidade, onde James

Joyce morou de 1905 até o começo da Primeira Guerra, em

1914. Mas um encontro entre Kafka e Joyce ali não passaria de

uma fortuita proximidade anônima na rua ou num café -

existem menções de que Kafka adorava o Caffé degli Specchi -

o Café dos Espelhos, frequentado por Joyce. Depois de morar

em Zurique durante a Primeira Guerra, Joyce mudou-se com a

família para Paris, a partir de julho de 1920. Não só um

encontro com Proust era tecnicamente viável, como ocorreu e

fez história. Proust e Joyce no Hotel Majestic: um encontro

desastroso. Apoiei-me em informações selecionadas dos

livros Uma Noite no Majestic e Um por Um - 101 Encontros

Extraordinários, respectivamente dos ingleses Richard

Davenport-Hines e Craig Brown, lançados no Brasil em 2006 e

2014.

Anotou o poeta americano William Carlos Williams, que

também era médico: 

- "Joyce: 'Tive dor de cabeça o dia inteiro. Meus olhos estão terríveis';

- "Proust: 'Ai, como dói meu estômago. Está me matando. Preciso partir imediatamente'; 

- "Joyce: 'Estou na mesma situação. Alguém pode me dar o

braço?'".

A partir de então, durante horas, os dois discutem suas

várias doenças. A noite termina com Proust convidando os

Schiff para o seu apartamento e Joyce se esgueirando no táxi

também. O irlandês começa a fumar e abre a janela, causando

um chilique em Proust, um asmático que detesta o ar fresco.

Na breve corrida, Proust fala sem parar, mas não se dirige a

Joyce. Quando os quatro descem a Rua Hamelin, Joyce tenta

juntar-se ao grupo, mas Proust faz de tudo para se livrar dele:

- Deixe meu táxi levá-lo para casa!", insiste, e desaparece com

Violet Schiff, delegando a Sydney a missão de enfiar Joyce no

táxi. Finalmente livres da companhia de Joyce, Proust e os

Schiff bebem champanhe e conversam alegremente até o dia

raiar"

Estas e outras especulações sobre a vida pessoal dos três

escritores vêm rolando por algum tempo, do centenário do

lançamento de Ulysses (fevereiro de 2022), ao centenário da

morte de Proust (novembro do ano passado), passando pelos

140 anos de nascimento de Kafka em julho de 2023, e pelo

centenário da sua morte em 2024; pelos 110 anos de Em

Busca do Tempo Perdido, e ainda - haja comemoração! - pelos

120 anos do Bloomsday, em 16 de junho de 2024.