por Gonça
Pensei que a Petrobras estava passando por sérias dificuldades financeiras. Pelos menos, foi isto que os analistas de economia e a velha midia divulgaram nos últimos meses, ressaltando queda na cotação de ações, perda de creidibilidade da empresa, um movimento do mercado que resultava em parte das tais análises e supostas tendências, quase campanha. Aparentemente, os estudos econômicos da maioria - privatistas a qualquer custo, incluindo aí moeda podre e doações do estado -, estão contaminados por ideologia. Deram a impressão nos últimos meses de que só Eike Batista pesquisava e supostamente encontrava petróleo tantas e repetitivas são as notas em colunas e matérias que exaltavam o desbravador. Hoje, grifam como "surpresa" os números da Petrobras relativos ao primeiro trimestre anunciados ontem. Leiam alguns tópicos:
- O lucro líquido do trimestre aumentou 42% na comparação com o 1T10 e 4% em relação ao 4T10;
- A produção total de petróleo e gás subiu 3% em relação ao 1T10, alcançando a média de 2 milhões e 627 mil barris/dia;
- Início de novos Testes de Longa Duração (TLDs) no pré-sal das Bacias de Campos e Santos: TLDs de Brava, Tracajá e de Lula Nordeste;
- Descobertas nos reservatórios no Pré-Sal na Bacia de Santos, tais como Carioca Nordeste e Macunaíma;
- Início das operações do gasoduto entre o Piloto de Lula e a plataforma de Mexilhão e do gasoduto entre Caraguatatuba e Taubaté (Gastau);
- Os investimentos totalizaram R$ 15 bilhões 871 milhões no 1T11, 83% destinados às atividades de Exploração, Produção e Refino;
- Emissão de títulos no valor de US$ 6 bilhões com vencimentos de 5, 10 e 30 anos;
- Aprovação da distribuição antecipada de remuneração aos acionistas, sob a forma de juros sobre o capital próprio, no montante de R$ 2 bilhões 609 milhões.
Está aí a surpresa. Aliás, os autores dessas e de outras "previsões" tanto se surpreendem e tomam sustos que vão acabar vítimas de enfarto. Já aconteceram antes muitas vezes. Por exemplo, quando anunciaram que a recente crise mundial deixaria o Brasil de quatro a pedir esmolas ao FMI.
Os analistas surpreendidos ainda admitem que o lucro da Petrobras poderia até ser maior "se a empresa repassasse ao consumidores a alta do petróleo". Pois é. Aí está outra importante característica de uma empresa estatal: a função social. Investir, criar empregos, faturar, crescer mas não pensar apenas no lucro. Coisa que a Vale, onde o governo é majoritário, deveria passar a fazer. Respeitar o meio ambiente, por exemplo, após a era Agnelli. Está provado que o exercício da função social das estatais, quando bem administradas, claro, não afasta os acionistas privados. Isso também surpreende os analistas e a velha mídia. Para completar: países desenvolvidos, que praticam um capitalismo menos atrasado e predatório como esse que está aqui e assim é defendido pelos tais analistas em nome do mercado que tudo pode, mantêm empresas estatais estratégicas que não dispensam suas funções sociais.