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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Leia na CartaCapital: "Agora há jornalistas dizendo aos patrões para serem mais reacionários do que já são"

Depois de 27 anos de trabalho na redação, em abril de 2016 o jornalista Moisés Mendes pediu demissão de Zero Hora – o mais importante jornal do grupo RBS, afiliado da Rede Globo no Rio Grande do Sul. O estopim para a saída foi a redução da periodicidade da coluna de opinião que Mendes assinava: de quatro para três dias da semana.

O colunista também perdeu o espaço nobre do domingo, porque Zero Hora deixou de circular nesse dia com a criação da chamada “superedição” de fim de semana, distribuída aos sábados.

O jornalista diz não se surpreender com o corte no espaço que ocupava, porque acredita que o “alçapão” para preparar a sua saída já estava sendo armado. “É como um casamento ou uma relação de amizade: tem uma hora em que você estabelece um limite. Eu estabeleci um limite em relação à RBS e fui embora, até porque eles iriam me pegar mais adiante”, avalia.

Moisés Mendes e outro colunista do jornal haviam criado, embora involuntariamente, uma espécie de “Gre-nal” de opinião, “ele à direita e eu à esquerda, que é uma posição que sempre tive”, explica.

Mas os tempos andam áridos para o exercício da pluralidade na imprensa brasileira: “Na Zero Hora e em todos os grandes jornais brasileiros, a opção pelo ultraconservadorismo é uma coisa impressionante”, diz. Para Mendes, o debate sobre o oportuno conceito de pós-verdade, um dos termos-chave de 2016, não pode eximir a imprensa. “A internet mente como as pessoas sempre fizeram no mundo, mas a imprensa institucionalizada não pode mentir.”

Aos 62 anos, o jornalista – que começou a trabalhar em redações do interior gaúcho aos 17 – publica uma coluna no jornal Extra Classe, do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul, e mantém um blog “porque escrever é uma cachaça e não é possível parar”.

Também é convidado frequente em debates sobre jornalismo e política (“depois que saí da Zero Hora, virei o ‘Homem Elefante’: ninguém queria o meu trabalho, mas queriam me ver e me ouvir”, brinca). No final do ano, lançou uma reunião de crônicas no livro Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim, 160p., R$ 39,90). Sobre o livro e os rumos da imprensa e do País, Moisés Mendes concedeu em Porto Alegre a seguinte entrevista:

CartaCapital: A imprensa brasileira vive o seu pior momento?

Moisés Mendes – Na Zero Hora e em todos os grandes jornais brasileiros, a opção pelo ultraconservadorismo é uma coisa impressionante. Um dia escrevi que, na época da ditadura, os patrões mandavam os jornalistas escreverem a favor do golpe; agora há jornalistas dizendo aos patrões para serem mais golpistas do que já são.

A gente pega a capa d’O Globo, por exemplo, vê as chamadas para quatro colunistas ou formadores de opinião do jornal e os quatro são conservadores, para não dizer reacionários. Na Folha, escapa o Janio de Freitas. É uma coisa meio assustadora.

O jornalismo fez uma escolha conservadora para preservar o público que o sustenta e que mantém os jornais vivos, e esse público é conservador. Há uma crise profunda no ambiente político, e a mídia é parte disso ao fazer a opção pelo golpe. (...)

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