por Eli Halfoun
Tudo que se disse sobre Joãosinho Trinta é pouco, mesmo sendo muito, para enaltecer a importância que ele teve para o carnaval transformado em uma ópera graças à sua genialidade criativa e principalmente ao amor que dedicou até depois de doente para a maior festa popular do mundo que ele fez ainda maior e mais bonita. Na hora de criar os enredos, o céu parecia ser o único limite para as fantasias do maranhense baixinho de fala mansa. Agora o céu é mesmo o limite, mas o carnaval de Joãosinho continuará nos desfiles influenciando outros carnavalescos e dando ânimo e beleza para todas as escolas de samba. As escolas de samba são divididas entre grandes e pequenas. Para o amor do carnavalesco Joãosinho não havia escolas pequenas: ele deu grandeza á todas que evoluíram no ritmo de entusiasmo, luxo e beleza implantado por esse mago do carnaval. Joãosinho respirava carnaval. Estive com ele duas vezes: uma durante um vôo do Pará ao Rio. Durante toda a viagem, ele só falou mansa e entusiasticamente de carnaval e em três horas de vôo construiu alguns enredos que se não colocou em prática serviram para que ele nunca deixasse de ser um apaixonado por escolas de samba. Na segunda vez que estive com Joãosinho foi no barracão de uma escola: durante a entrevista de mais de duas horas (era um prazer conversar e aprender com Joãosinho). Em nenhum momento das conversas, Joãosinho falou como se fosse o dono da verdade, o dono do carnaval. Sua fala era humilde, mas nem por isso sem a consciência de que ainda havia muito a fazer para inventar desfiles ainda maiores e mais belos. Joãosinho Trinta era pequeno no tamanho, mas grande na arte de enfeitar a vida antes, durante e depois de qualquer desfile, de qualquer carnaval. . Joãosinho Trinta pode não ter sido o carnaval, mas foi sem dúvida que escreveu as mais importantes e belas páginas da maior festa popular do mundo. Joãosinho Trinta era o mundo. Era vida. Continuará sendo. Eternamente. (Eli Halfoun)