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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Guerra do Rio: alô mídia, segura a onda, ouça o rap...

por Gonça
Na entrevista coletiva de ontem, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, estava naturalmente satisfeito com o desfecho da crise e a ocupação do Alemão, mas parecia mais contido do que a mídia. Ontem, um jornal estampava nas bancas, antes da invasão, um título que anunciava a "carnificina" que estava por vir. Não veio. Hoje, a mídia festeja a "vitória" e   exagera no tom. Parece que a cidade ganhou a Terceira Guerra Mundial. Não ganhou. Calma, pessoal. Hoje, segunda-feira, a polícia já registra três carros incendiados. Há favelas importantes na cadeia do tráfico, como Rocinha, Mangueira, Maré, Vidigal... ainda não ocupadas. O caminho é longo, o governo do Estado, pela primeira vez, tem um projeto para combater o crime e desalojá-lo das favelas. E esse projeto vai além das ocupações, tem componentes sociais que seguem a trilha das operações policiais e já alcançou algumas metas importantes. A euforia da mídia vende jornal e alavanca audiências mas o que a operação no Alemão demonstrou foi que o tráfico pode ser vencido e não que tenha sido esmagado.
Quer ver se falta muito?
Relembre a letra da música  "Sem esquecer as favelas", de MV Bill.

"MV tá no ar pra lembrar, pra falar, falei / C.D.D. em outro rap, eu já citei /Não esqueci do Iriri, Rato Molhado/Vigario Geral eu já mandei fechado/ Mineira, Pedreira, Chapéu Mangueira/Rocinha tem um baile que invade a segunda feira/Urubu, Prazeres, Cruzada/Tem polícia na rua, tem coroa assustada/Lugar que o bicho pega Vila Operária/Rio das Pedras, moradia precária/Vila Vintem, Padre Miguel,
Chácara do Céu, Portão Vermelho, Tatui, Borel, Estadão, Chumbada,, Chacrinha, Lixã, Casa Branca, Gogó da Ema, Cesarão, Favela da Maré, Formiga, Nova Holanda / Lugar que bicho pega, o gatilho que manda /
Boa Vista, Favela do Pira, Querozene / Pra ser inimigo, basta ser PM /
Parque União, Andaraí, Batô Muche, Turano /Alô Serrinha, humildemente eu tô chegando / Acarí, Para Pedro, Favela de Manguinho/ Se quiser chegar, chega no sapatinho/ Santa Marta, Fubá, Cajueiro, São José / Sem parar de lutar, sem perder a fé / Morro do Macaco, Morro do Amor / A maioria é careca e tem a minha cor / Pavão Pavãozinho, todo meu respeito/ Valorizo minha raiz que trago no peito / A lei da favela é a lei do cão / Se liga na fita bando pra não cair em contradição / A lei da favela é a lei do cão / Sangue bom, ladrão não dá dois papos igual de vacilão / Complexo do Alemão e Jorge Turco /
Quem vacila na favela tem o tempo muito curto / Encontro, Salgueiro, Vidigal, Barro Preto / Morro Azul, Morro Agudo e Ouro Negro/ Vilar Carioca, Muquiço, Jacarezinho/ Juramento, Boogui Ugui, Tijolinho / No sapatinho, Barão e Vila Sapê / Barreira do Vasco, Morro do Pinto, Dendê /Providência, Vila Cruzeiro, Chapadão / Mangueira, Antares, Vila do João/ Cidade Alta, Curicica, Playboy, Camorim/ Eu tô na Favela e a favela tá em mim / Morro da Palmeira, Castelar, Zé Moreno / Se enfraquecer, pra você vai ficar pequeno / Vila Rosali, Fumacê, Flamenguinho/ Cacuia, Cavalão, Chatuba, Amarelinho / Fazenda Botafogo, Cocotá, Arará / Muro Vermelho, Vila Nova, Gambá / Favela, pobreza fazendo dinheiro / Fogueteiro, Oteiro, Vila Cruzeiro, Rio de Janeiro / Ratolândia, Adeus, Carrapato / Um abraço pro Adão sangue bom do morro do Galo / Morro do Pinto, Penhão, Valão /
Serra Cará, Gogo de São João / Roupa Suja, Cardin, Gardênia Azul / Favela, Lugar que meu povo se instalou / Favela, a única coisa que sobrou / Caixa D¹agua, Ucrânia, Favela da Galinha / Embariê, Pereirão, Cachoeirinha /Muita criança, na escola uma esperança / Parada de Lucas, Vila Aliança / Grota, Coroa, Favela do Aço / Jardim Metropole, Parque Araruama/ Aqui não tem playboy, aqui não tem bacana / Barbante, Pombal, Dique, Barreira / Complexo da Penha, Rodo, Cruz Vermelha / o lixo é luxo é mole de ver / Parque Bom Menino, Batam, Pedra do B / Morro da Fé, Baixa do Sapateiro / Esse é o outro lado do Rio de Janeiro / São Geraldo, Rolas, Vila Ideal / Quem deixa falha tem um triste final / Curral das Éguas, Kenedy, Vargem Pequena / Toda comunidade sempre tem problema / C.D.D. minha área está no meu coração / Da zona sul à baixada de negão pra negão / Desculpe se sua favela, não citei / Estará presente no próximo rap, que eu sei / Orando pelo os seus e pelo os meus / A todas as favelas, fé em Deus"  
Ouça o rap, clique AQUI      

Direto do front: o tuiteiro do Alemão


Renê Silva: no Globo de hoje
por JJcomunic
Renê Silva, morador do Alemão, 17 anos, viu um furacão se mudar para sua vizinhança, nos últimos dias. O adolescente - e seu computador - estavam bem no olho desse furacão. Ao lado de dois amigos, Igor Santos, de 15 anos, Jackson Alves, de 13, Renê tuitou informações sobre o conflito no jornal A Voz da Comunidade. O endereço @vozdacomunidade que atraia 180 leitores bombou a partir de sábado para 20 mil seguidores e chegou à lista dos tópicos mais lidos do Brasil. On line 24 horas - eles mal dormiram - Renê e equipe, por conhecerem bem a favela, corrigiam informações dos repórteres, alertavam sobre tiroteios, desmentiam que moradores estivessem sequestrados. A quem perguntava se imagens de casa demolidas que apareciam na Tv eram resultados de bombas, ele explicava que eram as obras do PAC. O jornal Voz da Comunidade foi criado por Renê há cinco anos para reivindicar melhorias para a sua região. Recentemente, uma operadora de celular ofereceu patrocínio e lhe deu um iPhone, que virou instrumento de trabalho. O desfecho do conflito do Alemão trouxe fama e repercussão ao jornal comunitário, que foi parar nas páginas do Dia e do Globo, hoje. É a democracia da mídia social, que dá voz a quem não era ouvido e vez a quem não tinha oportunidade de se expressar.