Não tenho e não quero nenhuma procuração para sair em defesa do hoje deputado federal Stepan Nercessian no episódio que envolve seu nome no turbilhão de denúncias ”caso Cachoeira”. Na verdade, embora eu tenha atuado jornalisticamente muitos anos no meio artístico, não conheço Nercessian pessoalmente, mas sempre tive dele as melhores informações de caráter e conduta, além, é claro, das artísticas. Stepan Nercessian cometeu sim (ele sabe disso) um “pecado mortal”, principalmente para um político, ao pedir empréstimo de declarados R$160 mil para dar de entrada na compra de um apartamento. Nercessian garante que já pagou o empréstimo e está livre da dívida, mas não do prejuízo político que o fato lhe trouxe. Não chega a ser tão grave recorrer a quem pode emprestar o dinheiro quando não se pode contar, como geralmente, acontece com os bancos. Nercessian errou sim, colocou uma mancha vermelha em seu currículo político, abriu a guarda mais investigações (que sem dúvida incluirão sua passagem no comando do Retiro dos Artistas, que queiramos ou não deve muito ao seu trabalho), mas isso não o transforma em um constante deputado “graneiro”, como costumam ser quase todos (que cada um coloque a carapuça que lhe couber). Só acredito que é um exagero crucificar Stepan Nercessian nesse momento, principalmente se o que ele fez foi só pedir (e pagar como afirma) um empréstimo.
A sociedade precisa sim exigir e cobrar conduta e atitudes exemplares como as que
sempre espertou de Stepan Nercessian, que deve ser condenado, mas não necessariamente crucificado. Afinal, ele não é um Demóstenes e esperamos que não venha as ser. (Eli Halfoun)