domingo, 31 de agosto de 2025

Luís Fernando Verissimo (1936-2025) - Ele psicanalisou o Brasil. Botou deitado no sofá esplêndido o país do coqueiro que dá coco




por José Esmeraldo Gonçalves

Érico Verissimo e Luís Fernando Verissimo foram próximos à Manchete, de certa forma. Érico era cunhado de Justino Martins, diretor da revista do final dos anos 1950 até 1983, quando faleceu. Talvez Verissimo, o filho, tenha herdado essa afinidade. Costumava atender os repórteres da Manchete, para a qual escreveu vários depoimentos e pelo menos duas grandes matérias: uma intitulada "Os Gaúchos", outra, "Minha Vida com Papai". 

Verissimo parecia sempre manso e discreto, mas era capaz de se multiplicar em tantas e intensas versões. Uma divisão celular talvez tenha criado os Verissimos escritor, cartunista, humorista, tradutor, roteirista, dramaturgo, publicitário e saxofonista. Não é exagero dizer que Verissimo psicanalisou o Brasil deitado no sofá esplêndido.  

Não era homem de buscar conflitos. A ironia que os alvos mal percebiam era a sua arma mais poderosa. Um diálogo das Cobras de Verissimo, nos anos 1970, talvez tivesse um poder de fogo maior do que todos os artigos do irado Paulo Francis. As cobras eram um alter ego divertido e venenoso do escritor. Verissimo fará falta, aliás faz falta desde que um AVC o afastou da escrita. 

Neste registro, recordamos alguns textos de Verissimo na antiga revista Manchete

Você pode acessá-los nos links abaixo.

Um Gaúcho em Manhattan

https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=004120&pesq=Lu%C3%ADs%20Fernando%20Ver%C3%ADssimo&pagfis=196651



Os Gaúchos

https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=004120&pesq=Lu%C3%ADs%20Fernando%20Ver%C3%ADssimo&pagfis=225908




Luís Fernando Verissimo - Minha Vida com Papai

https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=004120&pesq=Lu%C3%ADs%20Fernando%20Ver%C3%ADssimo&pagfis=227058

 

sábado, 30 de agosto de 2025

Na capa da Fórum: a esquina do pecado


Comentário do blog  - Se o mercado fosse uma religião, a rua Faria Lima seria o Vaticano da especulação financeira. O mercado é uma espécie de divindade para os comentaristas de economia da midia neoliberal e para os próprios economistas. 

Sempre que o governo toma uma medida pensando no país e não apenas na banca, todos correm para ouvir o mercado. Seja lá o que for, a mídia propaga no dia seguinte: "o mercado reagiu mal". Sabe-se agora que a Faria Lima reagia bem era ao PCC.

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Na capa da Carta Capital: o novo figurino do golpe

 



Comentário do blog  - Dilma foi golpeada por um conluio jurídico, legislativo e empresarial. Bolsonaro e os kids pretos, com apoio do agronegócio e dos neopentecostais tentaram o golpe após o primeiro turno das eleições, recrutaram terroristas para explodir o aeroporto de Brasília, planejaram assassinatos e criaram o túmulto do 8 de janeiro como a última chance de atrair a ala fascista das Forças Armadas. Foram barrados por militares que não aceitaram participar do golpe..Agora tentam outros caminhos. A "ajuda" da extrema direita trumpista, o impacto financeiro do tarifaço provocado pelos Estados Unidos, uma tentativa de criar uma crise no Banco do Brasil através de fake news e da recusa do agro em pagar os empréstimos do banco que tradicionalmente financia o agronegócio. Essa é a nova rota para implodir a democracia brasileira. O que choca os brasileiros democratas é a insistência da mídia em dar espaço para os golpistas e tratar como iguais tanto que defende quanto quem ataca os valores democráticos. Se a mídia não entender o que está acontecendo vai repetir o seu papel sujo de 1964.


quinta-feira, 28 de agosto de 2025

" A lei nóis mesmo faz"

Se uma PEC pretende "legalizar" crimes deve ser chamada de PEC da Blindagem ou PEC da Bandidagem? 


Revista The Economist pega Bolsonaro pelos chifres

 


Na capa da revista britânica The Economist, edição atual, Bolsonaro aparece com o figurino do extremista "viking" que invadiu o Capitólio incentivado por Trump quando perdeu a eleição para Joe Biden. 

Foi o "8 de janeiro" deles. 

Trump saiu impune, foi reeleito depois e deu no que deu. 

"O que o Brasil pode ensinar à América" , é isso que a revista compara. Bolsonaro vai a julgamento. Pode ser condenado. Mas a extrema direita pretende melar a possível condenação. E tem muitas chances com o projeto de anistia e outras medidas. A interpretação da Economist é válida por destacar a democracia brasileira - resistente a cada ameaça - e classificar Bolsonaro, definitivamente, como um extremista da direita enlouquecida. 

Sim, o Brasil é uma democracia, apesar das mentiras dos bolsonaristas. Trump acredita neles. O que perde credibilidade no mundo é a democracia americana. Fora do gado trumpísta, uma parcela considerável da opinião pública estadunidense acredita que Trump faz o impensável: coloca em risco instituições seculares.  

A capa da Economist circula nas redes sociais. Bolsonaro talvez lute contra os neurônios para entender a mensagem. Oficialmente, não pode se conectar à internet, mas algum amigo sempre lhe empresta o wifi. 

O que a revista britânica jamais imaginaria é que a rapaziada da web dá interpretação livre para o par de chifres. E isso também é Brasil.      

Bozobet - faça sua aposta - O que vai acontecer com Bolsonaro...

por O.V.Pochê 

A Polícia Federal teme que Bolsonaro deixe a casa escondido em mala de carro. Já as redes sociais comentam que ele pode pedir emprestado o disfarce do pastor peguette e se mandar de peruca loura e fio dental. Veja as demais hipóteses da bolsa de apostas.

- Trump vai enviar marines para resgatar o seu parça. 

- Com tochas fumegantes, como nas manifestações nazistas, o gado insone vai ocupar a esplanada até a conclusão do julgamento de Bolsonaro. 

- As igrejas de Silas Malacraia estarão em virgília permanente e em greve de fome. 

-  As bancadas bolasonaristas no Congresso vão anistiar o passado, o presente e o futuro de Bolsonaro.

- Se inocentado, Bolsonaro vai subir de joelho as escadas que levam à suíte de Trump na Casa Branca. Logo atrás, Valdemar Costa Neto e Tarcísio de Freitas levarão almofadas para as devidas pausas para o descanso do "mito" no sacrifício.

- Bolsonaro será condenado a 12 anos de cadeia em regime fechado, dividindo a cela com Carla Zambelli e Michelle. 

- Bolsonaro será condenado mas terá a pena convertida para  prestação de servioos domésticos na mansão de Trump em Mar-a-Lago, Flórida.

- Bolsonaro será condenado a ler todos os livros de Olavo de Carvalho. 

- Se anistiado e eleito ano que vem, o primeiro ato de Bolsonaro será extraditar Alexandre de Moraes para os Estados Unidos sob custódia de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo. 

Mídia - o caso do gari assassinado e a campanha para "humanizar" o assassino confesso

Um famoso advogado carioca muito atuante dos anos 1970 em casos de homicídio de grande repercussão costumava dizer que os primeiris dias após o crime era a hora da defesa ganhar a hora de ganhar ma causa. Ele enumerava várias estratégias. Algumas: ficar atento às possíveis falhas da perícia;  pinçar as contradições das testemunhas: alimentar e confundir a opinião pública com as várias versões do assassino; e, por fim, mostrar o "lado humano" do criminoso arrependido. Coincidência ou não essas lições são usadas no caso do assassinato do gari em BH. O crime foi tão gratuito e covarde, que logo impactou a opinião pública. O assassino, que já trocou de advogados três vezes, desfila uma série de versões.

- Inicialmente falou que não havia passado pela rua onde se deu o crime, que o carro visto no vídeo não era o dele.

-- Alegou que o GPS do seu carro estava à disposição para confirmar trajeto e horários.

- Revelou que ao chegar em casa ligou para a mulher, delegada, " para pedir orientação".

- Essas alegações foram, aos poucos, ladeira abaixo.

- As principais testemunhas deram relatos coerentes e seguros. Não tiveram dúvidas em reconhecer o criminoso.

- A placa do carro vista no vídeo levou ao endereço e nome da proprietária, a mulher do assassino confesso. 

- As câmeras do prédio onde mora o assassino confesso mostraram o momento em que ele guarda a arma do crime em uma mochila.

- A polícia confirma que a arma que o assassino confesso portava estava registrada em nome da delegada e a perícia confirmou que foi a arma usada no crime.

- O assassino confessou o crime e, em seguida, enumerou remédios que tomava para conter a ansiedade ou algo assim. 

- A última justificativa para o ato covarde foi dizer que tudo não passou de um lamentável acidente. 

- Outros ezemplos de humanização certamente virão ao longo do pocesso.

Mídia: a "arte" de surfar na pauta alheia

por Ed Sá

Um fenômeno que piora quando as redações estão tensas e sob voos de passaralhos. A Globo, por exemplo, tem dois conhecidos apresentadores que cultivam o mau hábito de surfar na prancha, digo, pauta alheia. 

Observem. Uma determinada reportagem levanta um assunto exclusivo e forte. O apresentador ou a apresentadora cumpre a função de chamar o repórter e conduzir o roteiro da edição e, em certo momento, anuncia: "liguei para uma fonte" e blá blá blá", tenta acrescentar algo à noticia. Geralmente nada que adicione uma "bomba* ao que o repórter ou a repórter trazem. Dá a impressão de que o impulso é apenas vaidade ou é um recurso pouco ético para impressionas as chefias.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Netanyahu acaba de alcançar um recorde: é o líder cujas bombas já mataram mais jornalistas do que a Primeira e Segunda Guerras e o conflito do Vietnã




por José Esmeraldo Gonçalves

Benjamin Netanyahu já está na galeria dos mais brutais criminosos de guerra desde que as Convenções de Genebra tentaram ordenar os excessos nos campos de batalha. Em 1929, chocados com as atrocidades cometidas na Primeira Guerra Mundial, os líderes ocidentais assinaram compromissos e normas para a defesa de prisioneiros de guerras, feridos, doentes e civis. Aos primeiros documentos seguiram-se vários acordos adicionais para proteger não combatentes, náufragos e proibir o uso de gases venenosos. Ao longo de décadas, a evolução tecnológica das máquinas de guerra foi objeto de outros protocolos. 

A guerra em Gaza praticamente rasga essas posturas. 

A reação aos atentados realizados pelo grupo terrorista Hamas foi legítima na origem, mas ultrapassa todos os limites e provoca reação mundial. A guerra também é alvo de protestos de muitos israelenses e condenada por judeus em vários países. O poderoso governo de extrema direita que comanda Israel ignora essas reações. Uma consequência dos ataques à população civil de Gaza (estima-se em mais de 60 mil o número de mortos) são os lamentáveis episódios de antisemitismo que ocorrem principalmente nas cidades da Europa. 

Netanyahu e seus comparsas viram na ação terrrorista do Hamas uma oportunidade para varrer a Palestina no mapa. Um símbolo cruel da estratégia rumo a esse objetivo são as cenas que mostram soldados israelenses metralhando multidões famintas que disputam os alimentos que eventualmente chegam a Gaza.  Essas imagens atravessam o cinturão militar e chegam ao mundo graças a repórteres, fotojornalistas e cinegrafistas que registram a barbárie. Esses profissionais são alvo da ira de Netanyahu que se incomoda com a divulgação das atrocidades. Os números em escalada mostram que 194 jornalistas foram mortos em Gaza desde 2023 (o Sindicato de Jornalistas Palestinos estima em 246 os profissionais da mídia assassinados em menos de dois anos e  a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) estima que  mais de 200 profissionais de imprensa que foram mortos desde o início da guerra entre Israel e o Hamas). São cifras que ultrapassam os da Primeira e Segunda Guerras somados (69 vítimas) mais os jornalistas mortos na guerra do Vietnã (71). Na guerra da Ucrânia, até agora, 19 profissionais foram assassinados.

O último ataque de Israel ao hospital onde estavam os jornalistas emula uma terrível tática aplicada durante a Segunda Guerra Mundial e replicada nas décadas seguintes por grupos terroristas. Trata-se do ataque da "segunda bomba". A primeira devasta o alvo, deixa mortos e feridos; a segunda visa arrasar os sobreviventes e, principalmente, as brigadas e voluntários que socorrem os feridos. Foi essa segunda bomba que ampliou o rio de sangue no hospital bombardeado. Os ataques teria sido efetuados por drones cujas câmeras visualizam e confirmam detalhes do alvo, o que reduz a hipótese de erro 

Netanyahu sempre justifica as mortes com o argumento de que terroristas do Hamas estão infiltrados entre os correspondentes de guerra da AFP, Reuters, Al Jazeera, New York Times. O ataque ao hospital visava, segundo ele, um repórter que supostamente foi ligado ao Hamas. Provas? Netanyahu nunca precisa de provas para lançar bombas onde quer que seja sobre não combatentes, incluindo crianças.                        

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Jaguar (1932-2025) - Em 1957, o cartunista que seria um dos fundadores do Pasquim publicou sua primeira página exclusiva na antiga revista Manchete, da qual foi colaborador



 

Em 1957, Jaguar dangou uma página na Revista Manchete. Reprodução da edição


por José Esmeraldo Gonçalves  

A edição 271 da antiga Manchete trazia uma página assinada por Jaguar. Ele já havia colaborado com a revista que chegara às bancas em 1952.  A novidade oferecida ao leitores era a página exclusiva do cartunista que faria história a partir de junho de 1969, quando foi um dos fundadores do Pasquim e deu traços ao Sig, o rato implacável e inesquecível.  O jornal foi um fenômeno de vendas, soube fazer a hora e, usando o humor como arma, tornou-se um símbolo da luta contra a ditadura. Os gorilas entendiam de pau de arara e não sabiam lidar com humor. Chegaram a prender toda a redação invocando as mais variadas desrazões. No caso do Jaguar, o "crime" foi uma charge que parodiava o grito da Independência e botava D. Pedro pedindo mocotó às margens do Ipiranga. Odiaram a piada. 
Em cada uma das milhares de charges que criou Jaguar imprimia seu estilo único e certeiro. Difícil escolher a melhor. Entre aquelas que mais gosto e que resume humor com gotas precisas de acidez e bouquet de ironia vai essa abaixo reproduzida do Pasquim. 


    

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

O material de divulgação do novo álbum de Taylor Swift The Life of a Showgirl) remete a Nicole Kidman no filme Moulin Rouge


Taylor Swift como uma deslubrante showgirl europeia. Reprodução Instagram



O novo álbum dsa cantora ("The Life of a Showgirl" tem um certo clima que lembra 
Nicole Kidmann filme "Moulin Rouge". Foto Divulgação



por Ed Sá

Durante sua última turnê na Europa, Taylor Swift criou "The Life of a Showgirl", produzido na Suécia. Segundo a cantora, o novo álbum se inspira no que aconteceu nos bastidores da turnê "The Eras Tour". Musicalmente, é um retorno ao pop. O que não se sabe é se "The Life of a Showgirl" fará referência a um acontecimento trágico que marcou sua passagem pelo Rio de Janeiro quando uma fã não resistiu ao calor e sofreu uma parada respiratória fatal no Engenhão, palco da apresentação carioca da turnê Eras Tour.  

Mistério na Glicério - Sexto Capítulo - "Uma casa de bonecas" - Um folhetim noir escrito por Roberto Muggiati

 

O blog Panis Cum Ovum publica o folhetim Mistério na Glicério, de Roberto Muggiati, originalmente lançado no República, voz não-oficial da República Independente de Laranjeiras, editado quinzenalmente por Ricardo Linck, do Maya Café.




domingo, 17 de agosto de 2025

Efeito Felca faz andar projeto contra a exploração de crianças na internet, mas bolsonaristas atuam para impedir a regulamentação das big techs

O youtuber Felca lançou a denúncia contra exploração de crianças na internet.
Imagem reproduzida do programa Altas Horas/Rede Globo 
 

O efeito da denúncia do youtuber Felca sobre a exploração e sexualização de crianças na internet é obviamente positivo e o avanço da legislação para impedir o fator pedofilia nas redes sociais é inadiável. 

O problema é máquina de moer de Brasília. 

Tudo que chega ao Congresso é triturado e deformado. Há projetos para responsabilização das bigtechs engavetados há tempos. Bolsonaristas e bancadas "comerciais" impedem o avanço de leis "sensíveis" aos seus interesses. É o caso, também, da regulamentação da jogatina digital de "tigrinhos, sites de apostas futebolísticas e cassinos on line.

A denúncia do Felca ganhou ampla repercussão nacional que tornou impossível a suas (deles) excelências ignorarem o clamor público. Infelizmente deu aos bolsonaristas e ao Centrão a oportunidade de desidratar os projetos, focalizar na questão da exploração e sexualização de crianças e deixar de lado a responsabilização das big techs. O motivo? O ano eleitoral vem aí e a turba quer liberdade para produzir fake news, difamar pessoas sem provas, usar a IA para atacar adversários e enganar os eleitores. Os países desenvolvidos estão criando mecanismos para legalizar - a palavra é essa - as big techs e levá-las a respeitar as leis, direitos autorais, cidadania, civilidade, ética e, de resto, a democracia como qualquer outra atividade deve fazê-lo. Daí, a trituradora entrou em ação.

sábado, 16 de agosto de 2025

Na capa da Fórum: o influenciador de estimação de Donald Trump

 

Matéria assinada por Luiz Carlos Azenha, na revista 
Carta Capital mostra os pontos de contato entre Trump e a cartilha nazista. A eugenia se materializa na limpeza étnica da ruas de Washington, na caça aos imigrantes e aos pobres em geral. 



sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Primeiros momentos: o lado quinta série do encontro Putin-Trump

por Flávio Sépia 

Inicialmente,  os dois líderes chegariam à base aérea em território estadunidense em horários estipulados: Trump, o anfitrião diplomático, primeiro; Putin, o visitante, depois. Detonando o protocolo, o avião de Trump atrasou meia hora. Os dois acabaram chegando ao mesmo tempo. Havia tapetes vermelhos para cada um, mas Putin teve que caminhar até Putin. Nada disso foi gratuito. Ao seguir o tapete, o líder russo foi obrigado a passar entre caças enfileirados. Terceiro momento quinta série. Logo depois que os dois líderes se encontraram, um bombardeio B-2 fez um rasante sobre Putin, ele chega a olhar para cima e continua andando, parecia já esperar esse tipo de provocação. Outro ponto: não havia carro especial para conduzir Putin. O líder russo foi de carona na limusine do Trump. Do lado russo, outras provocações. Aos repórteres da comitiva russa foi servido Frango a Kiev.  Putin ostentou: usou o jato presidencial e mais três grandes aviões para levar sua tropa ao Alasca  Certo estava Serguei Lavrov, ministro do Exterior da Rússia, que desembarcou já no modo provocação: desembarcou usando uma camiseta com o logo histórico CCCP, um recado inconfundível. Cabe lembrar que muitos integrantes do governo russo discordaram do formato desse encontro tal como Putin o aceitou. As conversações deram em nada efetivamente. Trump, apesar disso, avaliou que houve avanços. 

Mídia: uma simples curiosidade.

Sem querer prejudicar empregos, a Globo não precisa de repórteres brasileiros nos Estados Unidos. Em questões geopolíticas, tecnológicas, de comportamento e comerciais, os tupiniquins repetem literalmente o discurso da Casa Branca em todos os campos. Os gringos poderiam reportar tudo isso sem intermediários. Até mesmo em ocasiões como a recente Copa do Mundo de Clubes evitaram falar sobre os problemas, incluindo as sucessivas e excessivas  paralisações de jogos em função de supostas ameaças de raios. Na verdade, motivadas por temor dos organizadores e dos seguradores de que os raios (que não vieram)  atingissem alguém no interior dos estádios.  Na linguagem da tropa da Globo tudo foi maravilhoso.  Há exceções na equipe entre comentaristas jornalisticamente mais honestos e com alguma independência. Em tempo de caça às bruxas convém não citar nomes ou correrão riscos trabalhistas.

Eleições 2026 - a corrida aos influenciadores que podem transformar likes em votos

Ilustração :TSE/Logotipo das Eleições 2026

Uma corrida silenciosa acontece nos bastidores do partidos. Com a aproximação do ano eleitoral, quando milhares de cargos estarão em jogo, os políticos passam uma lupa nos potenciais puxadores de votos que as redes sociais podem oferecer. Influenciadores com milhões de seguidores são o alvo principal. Muitos ainda não sabem que serão procurados. Basta aguardar. Claro que até a campanha eleitoral outros nomes surgirão, mas essa prévia abaixo faz todo o sentido. Se tais nomes toparam a disputa e se conseguirão transformar likes em votos é outra história.    

* Felca - ao denunciar exploração de crianças na internet, virou "objeto" de consumo de bolsonaristas e esquerdistas.

* Gominho - o amigo de Preta Gil construiu uma imagem de lealdade e solidariedade e ocupa as redes sociais. Vai receber convite? Nos bastidores do streaming produtores se movimentam para emplacar um doc sobre Preta Gil. Se confirmado o especial Gominho ampliará então sua visibilidade. 

* Virgínia Fonseca - Tem cerca de 20 milhões de seguidores. Depôs na CPi dos sites de apostas e, por ter apoio de políticos bolsonaristas, saiu-se bem. Ganhou prestígio nas bancadas favoráveis ao jogo. A CPI deu em nada, mas ela ficou na memória dos chefes de partidos. Vai ser lembrada.

* Luva de Pedreiro. Já  não tem alcance nacional, passou a onda, mas pode ter força para puxar votos regionais.

* Zé Felipe, ex-marido de Virgínia. Cantor sertanejo com forte presença na internet é observado para candidaturas na região oeste do país.

* Deolane Bezerra, advogada e influenciadora. Foi convocada pela falecida CPI das Apostas. É articulada e pode ser procurada por líderes de partidos.

* Jojô Todinho. Figura polêmica, tem pretensões políticas, é aliada a posições da extrema direita bolsonarista.

- Danilo Gentile - o apresentador de TV costuma compartilhar suas opiniões políticas conservadoras de perfil direitista. 

* Felipe Neto - o youuber se coloca à esquerda, é cobiçado pelos progressistas, sua opinião terá alcance eleitoral, mas dificilmente será convencido a concorrer a cargos políticos.

* Luciano Huck - A cada eleição o apresentador se movimenta rumo à política partidária. São surtos, logo desiste. Em 2026 terá nova oportunidade, quem sabe...

* Gustavo Lima - O cantor foi tema de pesquisas que sondaram uma possível candidatura a presidente. É conhecido nacionalmente e as as enquetes demonstraram isso. Tem perfil bolsonarista. Por enquanto, nega pretensões eleitorais. 

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Na capa da Carta Capital: os intocáveis

 


O "pastor da calcinha" é puro "Nelson Rodrigues". Uma investigação abaixo de qualquer suspeita

por José Esmeraldo Gonçalves 

Falta um Nelson numa hora dessas. 

Um sujeito rico, pastor e alto funcionário público, foi flagrado de fio dental e peruca loura aparentemente rodando a bolsinha em uma calçada de luz difusa. 

Os vizinhos se assustaram com aquela figuraça novata no pedaço e gravaram o religioso travestido e em ação. 

Após a cena viralizar na internet, ele gravou um vídeo justificando a fantasia. Alegou que se disfarçou para realizar uma investigação particular. Queria descobrir um certo endereço. Não deu maiores detalhes. Talvez uma boa busca no Google revelasse o CEP em questão sem querer apelasse para o fetiche. O "homem de Deus" ainda não disse porque precisava tanto do tal endereço.

No vídeo-resposta em que tenta limpar a barra,o pastor aparece ao lado da mulher. Segundo ele, a "conja", como chama Sérgio Moro, não sabia detalhes da operação investigativa na qual o marido fazia figuração de trottoir. 

Um dos vizinhos revelou que o pastor compareceu à calçada por várias noites.

Nelson Rodrigues adorava expor a hipocrisia dos homens e mulheres "de bem". Se o pastor estava em missão investigativa ou não é problema ou solução dele. Para o jornalista e dramaturgo importava a inspiração para a sua crônica em A vida Como ela é no jornal Última Hora e, depois, na Fatos & Fotos.

sábado, 9 de agosto de 2025

Na capa da Carta Capital: a facção do esparadrapo

 


Os "kids pretos" do Legislativo

 

06-8-2025 - A cena é grotesca. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, é assediado por bolsonaristas que assaltam a Mesa da Câmara. A pauta deles: forçar a aprovação de anistia para os golpistas de 8 de janeiro e da blindagem para impedir que o STF julgue deputados.  Querem também o impeachment do ministro Alexandre Moraes. Na prática, pretendem golpear as instruções democráticas. Durante horas, Hugo Motta respirou o bafo fétido da facção bolsonarista, até que, produzido o conteúdo para as redes sociais, foram enviar likes e "nudes" políticos para o clã. Foto: Reprodução TV Câmara 





Fevereiro de 1981. Fascistas sob o comando do coronel Tejada invadiram o Parlamento da Espanha. O objetivo era impedir a democratização do país após a ditadura de Franco. Os democratas resistiram e o golpe fracassou. Tejada puxou cadeia de verdade, sem direito a romaria. Não se sabe se os bozorocas tentaram imitar Tejada. Talvez sequer conheçam o fato. Optaram pela farsa por afinidade com o método.



Passaralhos sobrevoam a Globo News.

O passaralho que fez ninho na Globo News parece não ter saciado o apetite. Depois das demissões de Daniela Lima, Eliane Cantanhede e Mauro Paulino, o clima é pesado nas redações do canal por assinatura. 

Uma recente pesquisa do Quest teria captado a Globo News como "esquerdista". E isso incomodou a cúpula do canal. Bem antes da pesquisa havia embates sutis ou às vezes, até declarados entre jornalistas com nuances progressistas e outros mais acomodados ao manual ideológico do planeta Globo. No You Tube há vídeos que registram esse suco de climão derramado nas bancadas dos telejornais.  

No embate entre a extrema direita bolsonarista e o STF, Daniela Lima vestia a camisa da democracia representada pelo time da toga em luta contra o golpismo. 

Não sei se a jornalista percebeu o movimento das peças da Globo expresso no perfil de novas contratações. Se consultasse o GPS veria um redesenho da terceirização de opiniões. Algo como o "recreio" acabou, afinal 2026 está logo ali. A Cantanhede mexeu com o lobby israelense, O sociólogo Mauro Paulino sempre interpretou as pesquisas com um olho nos números críticos e outro na democracia ameaçada. Daniela entrou no canal a 120 por hora e acionou fontes que eram consideradas "privativas" de umas e outras. Nenhum dos três se deu conta de que o modelo em alta de comentários pontuados por âncoras é do Cesar Tralli onde a crítica tem doses de contenção, mentoria e auto ajuda. 

 À sombra de Trump e suas taxas e interferências, o STF torna-se um alvo de críticas das bancadas sobreviventes e comentaristas convidados. A biruta eleitoral ainda não indica claramente quem será  o novo Collor da Globo, mas os clones estão na mesa, sob observação. A indignação contra o 8 de janeiro dá vez a insistentes apelos de "moderação" enquanto o golpismo renovado e fortalecido dessa vez invade e subjuga a mesa diretora da Câmara.  

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Mistério na Glicério - Quinto Capítulo: "Cherchez la femme" - Um folhetim noir escrito por Roberto Muggiati

 


CARTA AOS LEITORES E LEITORAS




 "Mistério na Glicério", por Roberto Muggiati. O blog Panis Cum Ovum publica o folhetim noir escrito por Roberto Muggiati, originalmente lançado no República, voz não-oficial da República Independente de Laranjeiras, editado quinzenalmente por Ricardo Linck, do Maya Café.

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terça-feira, 5 de agosto de 2025

Veja: só ficaram dois... • Por Roberto Muggiati

 

Álbum de família da Veja em 1968: Muggiati à extrema esquerda, Mino ao centro. Entre os mortos ilustres, o escritor Caio Fernando de Abreu (3ª fila ao centro), que completava vinte anos naquele dia.

 

Quando a revista de texto da Abril foi lançada com inusitado estardalhaço em setembro de 1968, o editor-chefe Mino Carta capitaneava a semanal com a ajuda de cinco subeditores: Tão Gomes Pinto (Brasil), José Roberto Guzzo (Internacional), Roberto Muggiati (Artes e Espetáculos, Ulisses Alves de Souza (Vida Moderna) e Sérgio Pompeu (Chefe de Reportagem).

Pompeu se foi em 2000, aos 61 anos; UIisses em 2011, aos 78; e Tão em 2022, aos 83. Agora foi  vez de J.R. Guzzo, aos 82 anos. Mino Carta fará 92 anos em 6 de setembro; este que vos escreve espera chegar aos 88 em 6 de outubro. Ambos aguardam tranquilamente a marcha natural das coisas, pois já noticiava William Shakespeare em 1606 a existência “daquele país desconhecido de cujas fronteiras nenhum viajante jamais voltou...”

sábado, 2 de agosto de 2025

Ano 2000 - Há 25 anos: o bug da Bloch e o último réveillon da Manchete

2000 - O último Réveillon da Manchete


Primeiro de Agosto de 2000: Justiça lacra a Bloch - A edição pronta que nunca foi para as bancas


por José Esmeraldo Gonçalves
Semanas antes da virada para o ano 2000 a mídia estava obcecada pelo bug do milênio. Especialistas lançavam no ar um certo pânico. Havia quem guardasse comida, remédios e dinheiro. Os mais crédulos, especialmente uma cantora da MPB, acreditava em abdução de pessoas. Neopentecostais arrumavam as malas e juntavam dízimos para viajar de primeira classe rumo ao resort celestial. 

Em Copacabana, trabalhando no réveillon para a Caras, apenas concluí: se o bug seria mesmo tão terrível, não havia o que fazer. Nada aconteceu. À meia noite verifiquei o celular e relógio estava lá, certinho. O novo milênio apareceu, o bug, não. 

No Forte de Copacabana, encontrei a repórter da Manchete Aiula Eisfeld. Cobríamos o Réveilon de FHC. Seria o Baile da Ilha Fiscal se o bug tivesse derrubado a festança da elite. Como o apocalipse digital não veio, foi apenas uma noite brega. Não sabíamos, mas o que estava a caminho era o Dia B do Bug inevitável da Bloch Editores. Não sabíamos, mas aquela "festa pobre", como cantava Cazuza, seria a última registrada pela Manchete. Sete meses depois, no dia 1 de agosto, a empresa iria à falência. Manchete encerrava um ciclo de 42 anos de circulação regular (ainda seriam publicadas, nos anos seguintes, edições produzidas por uma cooperativa de ex-funcionários e revistas especiais de carnaval). Manchete saía de fininho e começava uma dramática etapa de vida para milhares de colegas. Eu havia deixado a Bloch em fevereiro de 1996 após 17 anos de trabalho em duas etapas; 11 anos na Fatos& Fotos e seis anos na Manchete

Acompanhei à distância a luta dos ex-funcionários então levados a credores da Massa Falida da Bloch Editores. Ontem, a batalha para reaver direitos, liderada por José Carlos Jesus na Comissão de Ex-Empregados da Bloch Editores, completou 25 anos. A maioria - entre os mais de 2 mil trabalhadores que foram habilitados inicialmente, recebeu o que os advogados chamam de "indenização principal".  A MFBloch ainda lhes deve parcelas de correção monetária (foram pagas apenas três cotas, apesar de parte dos credores trabalhistas terem feitos acordos com o objetivo de obter quitação total mais rápida). Um grupo de habilitados posteriormente ainda aguarda a indenização principal, segundo ex-funcionários. 

O último dia da Bloch foi tão dramático, de certa forma tão cruel, quanto a longa  espera por justiça. Os funcionários foram obrigados a deixar às pressas o conjunto de prédios da Rua do Russell, com poucos minutos para recolher objetos pessoais. Assim expulsos, deixaram para trás o hall de editora lacrada e caíram em tempos de incertezas. 



Cinco anos após a falência da Bloch, ex-funcionários começamos a escrever o livro Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou (Desiderata), esgotado mas ainda disponível em sebos na internet. O objetivo alcançado era deixar registradas a vida e as vidas naquela aldeia plantada na Rua do Russell. Abaixo reproduzo um dos textos que escrevi para a coletânea,  o de apresentação, e uma crônica de Carlos Heitor Cony publicada na Folha de São Paulo sobre o dia para não esquecer. 



Texto de apresentação do livro Aconteceu na Manchete,
as histórias que ninguém contou.

A crônica de Carlos Heitor Cony publicada na Folha de São Paulo e reproduzida neste blog. 
Clique nas imagens para ampliá-las.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

quarta-feira, 30 de julho de 2025

O New York Times de hoje publica entrevista com o escritor Peter Guralnick sobre o seu novo livro "O Coronal e o Rei". Trata-se de uma extensa pesquisa sobre a controvertida relação de Elvis Presley com o seu empresário Tom Parker


por Ed Sá

Elvis morreu em 16 de agosto de 1977, aos 42 anos. Na maior parte da vida teve ao seu lado, dirigindo todos os seus passos profissionaias e pessoais, o coronel Tom Parker. Para muitos um vilão na sua carreira. Para outros, o empresário que criou o primeiro mega star do rock. Peter Guralnick promete desfazer mitos, remover lendas e revelar o bem e o mal que o coronel fez ao cantor e ator.  Entre outras coisas, entrega que Tom Parker embolsava 50% de tudo que Elvis ganhava.  

Apesar disso, o coronel de Elvis era respeitado como gestor do cantor. O empreário dos Beatles, Brian Epstein,  passou alguns dias em Memphis, mal viu Elvis, mas ficou grudado em Tom Parker. Fez uma espécie de mentoria para lidar com ídolos e suas esquisitices, Coisa que Elvis tinha de sobra;   

A emboscada do oligarca

por Flávio Sépia

O ataque de Donald Trump ao Brasil é só em parte tarifário, mas a mídia quase ignora essa característica. O oligarca da Casa Branca e seus comparsas bolsonaristas colocaram na mesa elementos de negociação impossível, como a anulação do STF, o fim da investigação contra os golpistas, a anistia para os crimes de Bolsonaro e sua facção, rendição definitiva às big techs, imunidade para fake news contra regulação das redes,  acesso às terras raras,  privatização e o fim da gratuidade do Pix em favor das empresas de cartão de crédito e do braço de operações financeiras do Facebook, do WhatsApp e de outros gigantes da internet. 

Várias dessas "reivindicações" explícitas e veladas são baseadas em falsos pretextos. Por exemplo o "acesso" a terras raras. A única empresa que explora esses minerais estratégicos no Brasil, ainda em escala pequena, tem expressiva participação acionária de fundos estadunidenses. De resto, o setor de mineração brasileiro é amplamente dominado por multinacionais. 

Este é o pacote contaminado pelas pretensões golpistas do conluio da extrema direita liderada por Trump e Bolsonaro. As taxas absurdas e aleatórias, de 50,%, são apenas o quesito chantagista e mafioso da crise entre Brasil e Estados Unidos. 

Quanto à ida de Lula a Washington, uma frase dita pelo presidente e, em seguida, repetida por Haddad a um grupo de repórteres, não foi devidamente explorada por comentaristas dos principais veículos. Sugere indício de preparação de uma emboscada para o presidente brasileiro em pleno Salão Oval e ressalta que o governo brasileiro quer que um eventual encontro Lula-Trump ocorra em clima respeitoso.  A agressividade de Trump contra o Brasil instrumentalizada pela facção bolsonarista dá alta credibilidade a essa ameaça de emboscada. Seria algo pior do que o tratamento hostil que Trump deu ao presidente da África do Sul, é Cyril Ramaphosa. quando recebido na Casa Branca. Como naquela ocasião marcada por grosserias, Trump jogaria para a plateia da extrema direita ao receber Lula. 

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Regime Trump ameaça a liberdade de expressão. Por temer reação do presidente, galeria do Smithsonian Institute agiu para impedir exibição de obra de arte


Transforming Liberty: pintura vetada
para não irritar Trump. Reprodução Instagram 


A polêmica chegou ao New York Times

por José Esmeraldo Gonçalves 
A pintora Amy Sherald retirou sua exposição do Smithsonian Institute. O problema foi a atitude inusitada da galeria da instituição que, temendo a reação de Donald Trump, levou à artista uma "sugestão" para repensar a exibição do quadro Transforming Liberty, representação da Estátua da Liberdade em versão transgênero. 

Este é um dos múltiplos efeitos perniciosos do Regime Trump no país. Em maio, segundo o New York Times, o presidente já  havia ameaçado demitir a então diretora do Smithsonian por enxergar nela uma apoiadora da diversidade e da inclusão. Ela pediu demissão antes da canetada do oligarca.  
 
Vale lembrar que essa prática censória era comum na Alemanha nazista. Tanto que os curadores de Hitler não apenas retiravam certas  obras dos museus como organizaram um grande exposição só de "arte suja" para ensinar ao povo o tipo de expressão artística a condenar. 

A mostra American Sublime, de Amy Sherald, ainda está em cartaz no  museu privado Whitney, em Nova York, pelo menos até o dia 10 de agosto, incluindo a obra que assustou o Smithsonian. Quem quiser ver corra que Trump vem aí.

domingo, 27 de julho de 2025

O dia em que saí (de graça) na edição de 100 anos do Globo * Por Roberto Muggiati

 

Contei aqui há poucos dias como só trabalhei um dia, de graça, no jornal O Globo em 1965 e depois caí nos braços dos Bloch para passar 35 anos na Manchete. Agora, por causa da minha tradução de “O grande Gatsby”, de Scott Fitzgerald, ganhei também uma página no caderno Ela, na superedição de 500 páginas comemorando os 100 anos do jornal. Veja aí

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sábado, 26 de julho de 2025

O dia em que trabalhei (de graça) no Globo • Por Roberto Muggiati

Eu estava à toa na vida, no final de 1965, recém-casado, recém-chegado ao Rio e desempregado. Era jornalista há onze anos, mas interrompera a carreira nos dois anos de bolsa em Paris e nos três em que trabalhara na BBC de Londres. 

Rogério Marinho.
O Globo/Divulgação

Por recomendação do meu cunhado, Secretário Geral do IBC, procurei o dr. Rogério Marinho no Globo. Recebeu-me com fidalguia e me encaminhou ao chefe da reportagem Alves Pinheiro que, incontinenti, me passou uma pauta: “Você vai cobrir o encontro mundial da Interpol no Hotel Glória.”

Embarafustei-me na balbúrdia daquela babel, poucos minutos me bastaram, o repórter ainda não precisava fazer a famosa “apuração”. Nem depuração: a pauta banal não exigia muita criatividade. A volta à redação – aí é que a coisa pegava – envolvia toda uma logística. De um telefone fixo (indisponível no Glória) ou de um orelhão, você ligava para uma central radiofônica, dava suas coordenadas, e uma viatura do Globo vinha te buscar. Bati o texto de uma lauda e meia e deixei na mesa do chefe de reportagem, veterano pé-de-boi que tinha saído para um lanchinho. Virei as costas para a redação soturna da rua Irineu Marinho e nunca mais voltei. A redação da Frei Caneca era ainda mais sinistra, mas um mês depois eu caía nos braços dos Bloch para passar 35 anos na Manchete.

O mundo dá voltas curiosas. Cinquenta anos depois, trabalhei – dessa vez remunerado – para a filha de Rogério Marinho, Ana Luísa, casada com o saxofonista Mauro Senise, que me elegeu como redator oficial dos press releases do marido.


Faria Limer quer entregar a Trump até a mãe?

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por Ed Sá 

Os "especialistas" devem pensar que os demais mortais são idiotas. O impasse criado pela Casa Branca não é apenas comercial. O regime Trump botou na mesa as taxas e também o arquivamento dos processos contra Bolsonaro e a extrema direita golpista. Quer desmoralizar o STF, quer as terras raras, quer liberdade para fake news. O chamada "mercado", o agro e a indústria topam ceder a Trump.  Se o Brasil aceitar tudo isso, melhor transformar isso aqui em franquia do oligarca. Perguntinha: os Estados Unidos são o maior importador e consumidor de drogas do mundo. Perde de todos nessa "balança comercial". Daqui a pouco vem aí a taxa do pó. 

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Deu no Guardian - Palestina - Extermínio pela fome

 


Acredite. A guerra na Palestina chegou ao modo  absurdo. O extermínio pela fome torna-se estratégia militar em complemento aos bombardeios. Trump e Netanyahu sonham em construir um elegante resort onde hoje estão as ruínas de Gaza. Turistas irão lá? Provavelmente.Turistas não visitam Chernobyl?

Memória da redação - Há 50 anos- Jacqueline Onassis, a nudez castigada e a Manchete na mira da polícia

 

Recorte de jornal carioca: Acervo pessoal de Roberto Muggiati


Uma das páginas da edição da Manchete apreendida em 1975. 

“O Procurador da República, Pedro Rotta, encaminhou requerimento ao Juiz de Menores do Rio de Janeiro para a imediata apreensão do nº 1.198 da revista “Manchete”, que está em circulação desde quarta-feira passada, devido à sequência fotográfica das páginas oito e nove, em que Jacqueline Onassis é mostrada na intimidade na Ilha de Scorpios, em matéria sob o título “A Vida Amorosa de Jacqueline.

Segundo o Procurador essas fotos não poderiam ser veiculadas em revista exposta livremente nas bancas, sem que se cometesse grave ofensa à moral e aos bons costumes, tanto mais que o texto da matéria acha-se, ineludivelmente, lançado em termos de franco e desabrido deboche, inclusive na segunda parte, feita à guisa de reportagem, sob o título “A Última Viagem de Onassis.”

A Manchete não chegou a ser apreendida: quando aordem do Procurador foi finalmente implementada, ela já havia sio recolhida e substituída nas bancas por uma nova edição. Foi o próprio Aristóteles Onassis, procurando um pretexto honroso (e menos dispendioso) para se livrar de Jackie, quem facilitou o acesso à sua ilha exclusivíssima ao paparazzo Settimio Garritano. As fotos foram publicadas em 1971 na revista de escândalos americana Screw.

Meu primeiro heavy metal, com o jovem Ozzy em NY• Roberto Muggiati

 

Um Ozzy de cara lavada à direita

Pousei no Aeroporto JFK com minha primeira mulher, Lina, na manhã de 26 de dezembro de 1971. O amigo Ricky, com a namorada Tânia, nos recebeu com uma limusine preta do comprimento de um quarteirão (era amigo da mulher do dono) – um contraste brutal com a pobreza em que viviam no Village, num quartinho sem aquecimento, com água fria e banheiro coletivo no corredor. (Conheci Ricky Ferreira quando publicou na Manchete suas fotos de Janis Joplin topless na Praia da Macumba.) A limo nos depositou num hotelzinho do Gramercy Park, na altura da Rua 20, bairro aristocrático da Era da Inocência de Edith Wharton, conhecido como “um cavalheiro vitoriano que se recusou a morrer”. Lina tinha vendido um retrato seu encomendado a Di Cavalcanti por seu ex-marido doleiro, deu para pagar a viagem e ainda sobrou para uma recauchutagem no Pitanguy. (Lina tinha 42, eu 34 anos). Naquela última semana do havia shows por toda parte em NY. No Madison Square Garden, descobrimos o som e a fúria do rock com o heavy metal do Black Sabbath de Ozzy Osbourne. A adrenalina das grandes arenas mexeu comigo a ponto de me levar a escrever Rock: o grito e o mito. Dois dias depois, no Carnegie Hall, em cartaz duplo, duas lendas do rock ‘n’ roll: o branco Jerry Lee Lewis, que martelava de pé o teclado do piano apoiando-se nele para plantar bananeiras; e o negro Chuck Berry, que criou o solo de guitarra agachado deslizando pelo palco no passo-de-ganso. Rick tentou nos avisar, mas não estávamos no hotel e ainda não existia celular: na noite do réveillon, Bob Dylan tocou de graça no Fillmore East!

Lina morreu há muito tempo, Ricky recentemente, agora foi a vez de Ozzy, e a brasileira que se divorciou do americano dono da frota está pagando até hoje aquela corrida de limosine...


quarta-feira, 23 de julho de 2025

Mistério na Glicério - No Caminho da Pinheiro Machado - Quarto Capítulo de um folhetim policial escrito por Roberto Muggiati

  "Mistério na Glicério", por Roberto Muggiati. O blog Panis Cum Ovum publica o folhetim noir escrito por Roberto Muggiati, originalmente lançado no República, voz não-oficial da República Independente de Laranjeiras, editado quinzenalmente por Ricardo Linck, do Maya Café.



terça-feira, 22 de julho de 2025

Mar de lama onde havia gelo. A crise climática chega aos Alpes

 


por Flávio Sépia 

O planeta caminha alegremente para o cadafalso. Nunca se viu um condenado tão à vontade. A porção rica, claro. Os pobres já sofrem os efeitos da degradação do clima há vários anos.  Seca, inundações, epidemias, fome,  poluição etc, são sentidos em escala dramática nos países do Sul Global. Há outros fatores, as guerras, por exemplo, custam vidas e terras agrícolas envenenadas, projéteis não nucleares espalham restos de urânio "sujo". Tudo isso é mostrado em imagens que de tão banais quase não repercutem. 

E quando o drama ecológico se mostra na Europa, mais precisamente nos recantos elegantes do Alpes, aos pés do Mont Blanc? Talvez comova um pouco mais. A capa da recente edição do Libération é mesmo chocante. Uma equipe do jornal escalou quase três mil metros para mostrar um mar de lama onde já existiram geleiras. Aliás, já há alguns anos, algumas estações de esqui são obrigadas e adicionar camadas de neve artificial em pistas naturais. 

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Quando eu fui Gatsby • Por Roberto Muggiati

 


Quando posei para aquela foto na baía de Guaratuba, em setembro de 1953, poucos dias antes de completar dezesseis anos, jamais imaginaria que estava ilustrando uma cena importante do romance de Scott Fitzgerald O grande Gatsby, publicado há cem anos. E que 53 anos depois eu traduziria o romance na versão restaurada pelo próprio autor. Separados pela guerra, Gatsby e Daisy Buchanan (casada com outro) se reencontram nos anos 1920 na casa dele e ela se surpreende com uma foto que mostra o rapaz num iate. A frase: “A yacht? And a pompadour?”/ “Um iate? E um topete?” O iate era do ricaço que contratara o jovem para fazer trabalhos braçais a bordo. Depois, Gatsby teria dinheiro para comprar todos os iates do mundo. Quanto a mim, visitei o luxuoso veleiro sueco que aportou um dia em Guaratuba. Do iate, só guardei a foto. Mas é um bem inestimável, físico. No livro de Fitzgerald a foto não passa de um patrimônio imaterial, descrito em meras palavras.