deBarros
Imaginea você assistindo ao filme "O último tango em Paris", na televisão e na primeira cena com Marlon Brando ele aparece falando em português com sotaque paraibano.
Roberto de Niro, no papel em que faz o Dom Corleone jovem, no filme "O poderoso chefão", fala com sotaque gaucho. Nesse filme, Roberto de Niro interpreta as cenas falando um inglês misturado com italiano.
Já imaginou Al Paccino, nesse mesmo filme, interpretando o filho mais moço de Dom Corleone, falando com sotaque baiano?
Angelina Joly, no filme "Lara Croft", aparece falando carioquês, cheio de chiados, você não iria aguentar. Não é verdade?
Estou citando esses artistas, que emprestam as características das suas vozes aos papéis que representam. A voz do artista faz parte da arte de representar. A voz é também a personalidade do ator. Nas cenas mais dramáticas, o tom da voz é fundamental para exprimir a tragédia que é representada no momento. Cada ator sabe muito bem usar o dom da sua fala para tornar mais reais as cenas que interpreta.
Mas para dar emprego a artistas brasileiros que não conseguem se firmar como artistas, estão fazendo deles dubladores, agora em quase todos os filmes que rodam na Net, tirando uma das características mais marcantes dos atores cinematográficos, que é a sua voz.
É impossível ver um filme com Marlon Brando sem a sua voz original.
Essa tendência tem caráter político ou é em razão de um nacionalismo barato sem nenhuma razão de ser?