segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

1982 • Antes do começo do fim

por Roberto Muggiati

Os editores reunidos: de pé, a partir da esquerda: Janir de Hollanda, Roberto Muggiati, Lincoln Martins (Geográfica Universal), Edson Pinto (Amiga), Roberto Barreira (Desfile), Daisy Prétola, Gervásio Baptista (Fotografia). Sentados: Marília Campos (Carinho), Justino Martins (Manchete), Vera Gertel (Desfile), José Resende Peres (Agricultura de Hoje) e Teresa Jorge (Pais & Filhos).

A foto – posada no estúdio do Russell para a edição de 30 anos da Manchete – irradia uma alegria contagiante. Era 1982 e ainda corria nas veias de Adolpho Bloch tinta de impressão, como ele costumava dizer.

A Bloch se candidatara a um canal de televisão em 1975. Naquele mesmo ano, 23 de outubro, uma dupla derrota para Adolpho. O Presidente Ernesto Geisel concedia a outro judeu, o Abravanel de Niterói, Sylvio Santos, o canal 11 de televisão. E do Petit Trianon chegava a notícia de que um escritor quase desconhecido, o goiano Bernardo Élis, era eleito para a Academia Brasileira de Letras, derrotando Juscelino Kubitschek. Foi o único Presidente da República rejeitado pela Academia (Getúlio foi eleito em 1941, Sarney em 1980 e Fernando Henrique em 2013). A derrota se deveu pura e exclusivamente à pressão da ditadura militar, que não o queria ver Juscelino eleito sequer síndico de condomínio...

Adolpho e JK decidiram não chorar sobre o leite derramado. Abriram o salão de festas, estouraram algumas garrafas de champanhe e o ex-presidente pé-de-valsa dançou o Peixe Vivo até altas horas. Anos depois, assumiu o último Presidente militar, João Baptista de Figueiredo, com uma postura mais simpática. Ao receber D. Sarah Kubitschek em Brasília em meados de 1979 para a construção do Memorial JK, começaram as tratativas para conceder uma TV à Bloch. Em 1980, Figueiredo distribuiu entre Adolpho Bloch e Sylvio Santos nove concessões das extintas Redes Tupi e Excelsior. Cinco delas couberam à Bloch: Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza. Era a Rede Manchete de Televisão que surgia e iria ao ar na noite de domingo, 5 de junho de 1983, com o fabuloso logotipo do M voador.

Era a crônica de uma morte anunciada. A TV viera para sepultar a editora. O segundo de publicidade na telinha valia mais do que milhares de metros quadrados de páginas duplas impressas. Uma morte ao mesmo tempo real e simbólica marcou esta transição. Em 10 de agosto de 1983, dois meses depois da estreia da TV, Justino Martins chegou à redação uma terça-feira, lá pelas dez da manhã, era o dia mais calmo, depois do fechamento na segunda e antes da saída da revista nas bancas na quarta. Com sua clássica sacola da Air France a tiracolo, falou comigo, que era o seu “segundo”: “Toma conta das coisas, tchê, que vou fazer um exame no Hospital dos Servidores.” O Servidores era uma referência, o Presidente Figueiredo internou-se lá quando teve sua crise cardíaca, e o diretor, Raymundo Carneiro, era um grande amigo do Adolpho. As notícias não foram nada boas. Justino tinha um câncer de pâncreas fulminante. Duas semanas depois, foi transferido para a Clínica Sorocaba, em Botafogo, onde morreu na noite de domingo, 28.


A Rede Manchete fez uma televisão de alto nível, com programas de qualidade e novelas esmeradas e de repente topou com um filão de ouro ao lançar a novela Pantanal, sucesso absoluto de março a dezembro de 1990, com um ibope devastador. Ironicamente, a novela, Amor pantaneiro, ficou engavetada na Central Globo de Produções, e acabou cancelada na estação de chuvas de Mato Grosso. Quando a Rede Manchete contratou Benedito Ruy Barbosa, ele veio com Pantanal debaixo do braço. Os elevados índices de ibope assustaram a todo-poderosa Globo. Por que a novela das oito da Globo começa depois das 21 horas? Porque a Globo não ousava iniciar a sua novela das oito enquanto Pantanal estivesse no ar. Ia então esticando interminavelmente o Jornal Nacional.


Infelizmente, a Bloch – prisioneira da cultura da empresa familiar – não soube tirar proveito do êxito de Pantanal. Ao contrário, mergulhou em águas turvas e foi se complicando cada vez mais. Investiu em fracassos estrondosos como Brida, novela baseada no livro de Paulo Coelho, e Tocaia Grande, de Jorge Amado (não era uma Gabriela, nem um Dona Flor nem uma Tieta.) Tocaia foi ao ar em 16 de outubro de 1995.

Poucos dias depois, descendo do restaurante do 12º andar para o elevador do 11º, Adolpho me pediu que o amparasse naquela escada terrível sem corrimão com piso de tapete felpudo. Enquanto eu segurava seu braço com todo cuidado do mundo, ele se lamuriou: “Muggiati, estou fudido. Você não queira ter a minha vida de jeito nenhum...”

Um mês depois, no Dia da Bandeira, 19 de novembro, na madrugada de domingo, ele morria num hospital de São Paulo.

Outra ironia: foi por ter sido avalista de uma dívida irrisória da TV, coisa de uns dez mil dólares, que
acabou se transformando numa bola de neve, que a Bloch Editores se encaminhou para a concordata e a falência final.



Antes do fim da editora, a TV foi passada adiante. Um arremate sórdido que diz tudo da novela: em 2010, o M voador que era o símbolo augusto da Rede Manchete, foi encontrado em alto estado de corrosão num brechó de beira de estrada na BR-465, antiga Rio-São Paulo.

Ainda não apareceu ninguém para arrematar a peça.



Uma liminar, urgente! Para o "incerto amanhã" de 2018, Carmen Lúcia recomenda muita autoajuda ..

por O.V.Pochê

Neste 2017 que se apaga, a ministra Carmen Lúcia, presidente do STF, não trouxe muita luz às trevas constitucionais. Ao contrário, recebeu críticas por promover alguns apagões, como os votos de desempate no caso da obrigatoriedade do ensino religioso em escolas públicas e ao passar a bola para o Legislativo como instância a decidir o destino dos seus próprios e muitos corruptos. Deu no que deu e o STF ainda tenta botar ordem no terreiro.

A pedido do Globo, Carmen Lúcia escreveu um texto sobre o que devemos fazer em 2018. Ela descreve os tempos atuais como "desensofridos". O Houaiss diz que a palavra não existe. Mas isso não tem importância. Guimarães Rosa, conterrâneo da ministra, também gostava das veredas do neologismo.

Parece claro que 2017 realmente não foi o ano da ministra. O texto, ressalvando que a ministra tem todo o direito de exercer seu espírito natalino, é uma espécie de previsão em estilo de diário de normalista ou de discurso de apresentador do Big Brother Brasil. Tem mais pérolas do que o tesouro do Marajá de Baroda. Vale registrar alguns destaques:

* "Gente é feita para ser feliz, por isso espera o agrado"
* "Em tempos tão desensofridos é difícil planejar. Que venha o ótimo"
*  "Certeza é nenhuma, só a esperança pousa em forma de louva-a-deus na janela".
* "Mas e esse ano mal acabado? Calma filha, amanhã as coisas se ajeitam"
* "Não há colo materno a acalmar o incerto amanhã nessas tão enevoadas noites brasileiras"
* "Talvez no mundo as trevas tenham sido densas.É que vivo brasileiramente. Ando meio amarrotada"

Não me ajudou. Já me conformei a entrar em 2018 mais confuso e do que esse 2017 me deixou. Parodiando Cazuza, "quero uma liminar pra viver".

Primeira capa: 2018 é o Ano do Cão. Mas o mundo continuará fingindo que não vê o elefante na sala


No horóscopo chinês, 2018 é o Ano do Cão. O elemento é a Terra, que indica um período de forças conservadoras ainda prevalecendo no mundo. Mas, por conta do perfil do Cão, as pessoas tenderão a ser mais tolerantes e solidárias. 

Não se sabe se as energias milenares interpretadas pelos sábios da China alcançarão a Casa Branca, com o elefante (o símbolo do Partido Republicano do Tio Trump) dominando as salas, como a New Yorker retrata, plantando guerras e enquadrando o Cão, que vai precisar de muita sabedoria para sair das enrascadas. 
O Cão tentará aproximar opostos, é o que dizem. 
. O Ano do Cão acontece a cada 60 anos. Segundo a tradição chinesa, o animal favorece novos projetos, abre perspectivas em todos os campos. 

Se servir de estímulo, 1958, a última vez que o Cão deu as caras, foi considerado um período favorável ao Brasil. Não que fosse um paraíso, mas a barra estava bem mais leve. A seleção era campeã na Suécia,  João Gilberto lançava "Chega de Saudade" e a Bossa Nova ia junto, a Manchete mostrava ao Brasil as linhas e colunas já definidas do Palácio da Alvorada, Nelson Pereira dos Santos inaugurava o Cinema Novo com "Rio Zona Norte", o Fusca nas ruas anunciado o boom da indústria automobilística, estradas e hidrelétricas em construção, havia denúncias de corrupção, claro, mas sem fotos de malas de dinheiro e apartamentos entupidos de grana, a inflação ficou em menos de 12, 4%, um pouco mais mais baixa do que em 1957...

Se 1968 foi o ano que não terminou, 1958 é comemorado como o ano que acabou bem. 
A tarefa não é fácil, mas bem que o Ano do Cão podia repetir o celebrado alto astral da época.

Roma: exposição comemora 100 anos de Fotografia Leica

Foto de Christer Strömholm,  Place Blanche Paris, 1961.  Exposição "I Grandi Maestri,
100 Anni di fotografia Leica". Divulgação


Foto de Ramón Masats, Madrid, 1960. Exposição "I Grandi Maestri. 100 Anni di fotografia Leica". Divulgação

Se a sorte o levar a Roma até 18 de fevereiro de 2018, um bom programa é visitar a exposição "I Grandi Maestri. 100 Anni di fotografia Leica" no Complesso del Vittoriano - Ala Brasini, na Via de San Pietro in Cacere.

A Ur-Leica original criada pelo engenheiro alemão Oskar Barnack.


A mostra celebra a primeira câmera 35mm e os fotógrafos que a usaram desde a década de 1920 até os dias de hoje. A Leica surgiu em 1913, criada pelo engenheiro alemão Oskar Barnack, mas só se popularizou entre os fotógrafos depois da guerra, especialmente às vésperas dos agitados anos 1920. O Complexo Vitoriano reúne em quatro salas cerca de 350 fotos, de Cartier-Bresson e Robert Capa, de Eliot Erwitt a Robert Frank, René Burri e Sebastião Salgado, além de câmeras, revistas, livros e documentos originais.
Se Roma não estiver no seu roteiro até fevereiro, a editora Contrasto lançou um livro (veja capa no foto acima), organizado pelo fotojornalista Hans-Michael Koetzle, que organizou uma exposição sobre o mesmo tema, em 2014, em Hamburgo. São 191 páginas  com 130 fotos selecionadas. O livro custa 29 euros.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Manchete no Russell, 1968-2000 • A HISTÓRIA DA TORRE DE PAPEL

Por Roberto Muggiati

No final de 1968, a Bloch tornou-se a primeira grande empresa editorial a ter sua sede na Zona Sul. O Jornal do Brasil se mudara de um prédio da belle époque na Avenida Rio Branco para o mastodonte do começo da Avenida Brasil. O império do Chatô, que tinha como carro-chefe a revista O Cruzeiro, ficava numa péssima vizinhança, na Rua do Livramento, quase na zona do cais do porto. O Globo se escondia na Rua Irineu Marinho, nas proximidades do antigo IML.


Em uma das mesas no hall da Manchete, em noite de gala que Ibrahim Sued apontou como a mais espetacular do ano,
os casais Denner e Maria Stella, Walinho Simonsen e Regina Rosemburgo (de vermelho),
então musa do society  carioca. Regina casou-se depois com o empresário Gérard Léclery.
Ela foi uma das vítimas do acidente do Boeing 707 da Varig, nas imediações do
Aeroporto de Paris/Orly, em 1973.
Clique nas imagens para ampliar. Reproduções Revista Manchete

Em 1965, ao voltar de Londres, comecei a trabalhar como repórter do Globo. Fui cobrir um congresso da Interpol no Hotel Glória, voltei, bati a matéria, deixei na mesa do chefe de reportagem Alves Pinheiro, peguei o paletó e me mandei. Achei o ambiente opressivo. Não posso dizer que a redação da Manchete em Frei Caneca fosse muito diferente. Para se chegar à redação era preciso caminhar meio quilômetro através de um galpão cheio de máquinas sucateadas e pegar um elevador de carga até o terceiro andar. Quase não havia janelas, o calor sufocava e os ventiladores de poste só ajudavam a circular o bafo quente. As salas da reportagem e da redação eram separadas por tapumes de madeira barata e vidro chapiscado. No entanto, ali fiquei, mesmo porque repórter vivia na rua. E havia uma promessa no ar. Em dezembro de 1965, Adolpho Bloch promoveu o que seria o maior evento do ano, no prédio do Russell parcialmente pronto: um jantar de gala com o anúncio da lista das Dez Mais Elegantes de Ibrahim Sued e o leilão para fins de caridade do modelo número um do carro Willys-Itamaraty.

Lembro que Zevi Ghivelder, chefe de redação da Manchete, tomou as dores da reportagem, que não foi convidada para a festa. Nem seria o caso, mas o bom Z’vi, para reparar o que considerava uma injustiça, ofereceu um almoço de sábado para os repórteres em seu apartamento na Hilário de Gouveia, em Copacabana. Lembro do jovem Roberto Barreira, recém-chegado de uma temporada na Sucursal de Milão, e já ligado em moda, ousando exibir meias cor de abóbora. Afinal, já eram os tempos das cores cítricas de Carnaby Street.

Antiga sede da Manchete, Rua do Russell. Foto de Gil Pinheiro

Em março de 1968, troquei Frei Caneca pela redação da Veja (seria lançada em setembro), na Marginal do Tietê. Em setembro de 1969 voltei para dirigir a Fatos&Fotos no prédio da Rua do Russell, 804. O terreno foi conquistado após anos de dinamitagem para cavar espaço no imenso rochedo. Com isso, o terreno adquiriu uma profundidade notável: depois do prédio, vinha o platô do terceiro andar, com o restaurante à beira da piscina dando para a fachada monumental do Teatro Adolpho Bloch. Na verdade, o público não entrava por ali: saía, nas noites de gala, pelos fundos do palco, para a piscina e a ceia luxuosa servida no restaurante.

A fachada do Niemeyer era um portento, o prédio todo tinha assoalhos de tábua corrida, banheiros de mármore de Carrara com torneiras de latão reluzente, móveis de jacarandá desenhados por Sérgio Rodrigues, as telas dos melhores pintores brasileiros nas paredes, tapetes persas no hall dos elevadores de cada andar. Um detalhe que me tocou: um dia chega um senhor de aparência simples, calça marrom e camisa branca, para pintar as palavras BLOCH EDITORES nas divisórias de vidro com tinta de ouro. Eu o via dias a fio, apoiando o pincel numa vareta, pintando com a mesma concentração com que Michelangelo pintara a Capela Sistina.

Apesar da beleza externa, o prédio, no seu interior, era todo problemas. Niemeyer era um poeta, um escultor, mas descurava do conforto e dos aspectos funcionais. O excesso de madeira concentrava brutalmente o calor. O sol nascia na entrada da baía de Guanabara apontando seu canhão para a Bloch. As belas janelas de vidro, que compunham a estética da fachada, só abriam poucos centímetros para dentro, impedindo a ventilação. Mesmo no inverno, a temperatura interna era dez graus a mais do que a da rua. Manter o ar ligado o tempo todo implicaria em custos astronômicos. Era nestas horas que surgia a figura heroica de R. Magalhães Jr. Irritado e suarento, o acadêmico tirava a camisa – exibindo seu torso nada apolíneo – colava uma lauda na testa e descia ao primeiro andar, onde Adolpho Bloch começava o dia despachando com o financeiro, descascando pepinos e abacaxis, empinando papagaios e maldizendo os banqueiros. Mas a fúria do Magalhães pegava o Adolpho de surpresa e imediatamente ele ordenava que o ar condicionado fosse ligado... só no andar da Manchete. Eu costumava comentar que o Oscar Niemeyer, comunista velho de guerra, era coerente: havia aplicado a teoria da luta de classes à sua arquitetura.

Nos almoços naquele platô do terceiro andar rolavam discussões homéricas, mesmo porque Homero Homem era um dos participantes, ele o poeta Ledo Ivo, também repórter especial da Manchete, e o Magalhães. Uma das controvérsias era se a mulher de Oswald de Andrade Patrícia Galvão, a Pagu, tinha mesmo trazido a soja da China para o Brasil. Outro tema de debate acalorado versava sobre quem teria desvirginado Carmen Miranda, no qual intervinha o Rodrigo Miranda, tradutor da Embaixada americana, que se dizia sobrinho da cantora, mas não esclarecia nada. Magalhães apontava para o terreno vizinho e dizia que o dono dele foi quem deflorou a Pequena Notável, o Maciel Filho, a quem também era atribuída a redação da carta-testamento de Getúlio Vargas. Advogado matreiro, que também trabalhou para Assis Chateaubriand nos anos 1930, Maciel tinha erguido ali um bizarro castelinho, imenso apesar do diminutivo. Maciel morreu em 1975 e Adolpho comprou o terreno. Demolido o castelo, ali seria construído o segundo prédio, o Russell, 766. Uma extensão da fachada do 804, mas alguns metros mais longo do que ele. Quando o novo prédio ficou pronto, em 1980, não foi imediatamente ocupado, lembro que Adolpho costumava promover lá um chá das cinco, com uma meia dúzia de gatos pingados – eu, o Cony, o Geraldo Matheus.

A ocupação do 766 teve efeitos irreversíveis. Morreu o restaurante do terceiro andar ao ar livre, vicejou o chique restaurante com ar condicionado no décimo segundo andar do novo prédio; morreu também o décimo andar do 804 como sala de visitas, as recepções agora eram no décimo segundo do 766. Esta era a nova entrada no térreo para as redações, com vários Krajcbergs nas paredes, mas nenhum com a monumentalidade do 804, que tinha um pé direito altíssimo. A televisão foi ao ar em 1983, construiu-se um banheiro exclusivo para o PH, filho do Presidente FH, que tinha um emprego na TV, como muito antes o irmão do Collor, o Leopoldo, também ganhara uma sinecura na TV em São Paulo.

O castelinho foi demolido para a construção do segundo prédio do conjunto
desenhado por Niemeyer para a Manchete. Um contínuo, o Sammy, convenceu a proprietária
a vender a casa vizinha ao castelo para Adolpho Bloch, onde foi erguido o terceiro prédio. A expansão parou aí. A terceira casa, obra do arquiteto italiano Antonio Virzi, com cúpulas, mastro e colunas retorcidas, ao lado do prédio de apartamentos, foi tombada pela prefeitura do Rio de Janeiro. Foto Acervo RM

A promiscuidade – ou vamos chamar de democracia – unia contínuos aos donos da empresa. O Sammy Davis Jr. prometeu ao Adolpho que ia conseguir para ele o terreno contíguo ao 766, cantando a senhorinha que era dona. Depois de anos, Adolpho comprou a casa e construiu ali, em 1986, a terceira fatia do bloco do Niemeyer. (Ignoro se o Sammy levou o dele.) Entre o primeiro e o segundo, havia um afastamento, uma fresta discreta. Já o terceiro era colado ao segundo e não tinha entrada autônoma. Foi ali que embarquei numa roubada: fazer para o programa da Anna Bentes, com a presença da própria, uma entrevista chapa branca com o grande especialista em fertilidade, Roger Abdelmassih, o médico paulista que foi condenado a trocentos anos de  prisão por abusar das pacientes. E foi no topo dessa terceira fatia que vivi meu ano e pouco de Santa Genoveva (matéria recente no Panis). Enfim, a história é esta, confiram as fotos – a do castelinho do Maciel acho que é inédita.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Tem gente hipotecando casas para investir em moedas digitais. Economistas dizem que isso pode não acabar bem

Express alerta sobre bitcoins
e  relembra o "crash" das tulipas. 
por Pedro Juan Bettencourt

Que os americanos costumam se endividar para consumir não é novidade. O problema é quando essa dívida tende a crescer exponencialmente, como aconteceu na crise de 2008.
Pois é, analistas de economia, lá, apontam novo salto no pendura dos consumidores da terra do Tio Trump.
Dessa vez, com um componente de alto risco: pessoas que hipotecam casas para investir em moedas digitais. Se essa bolha for perfurada - avaliam -, o mundo vai tremer.
Alguns artigos estão comparando as moedas digitais, como a bitcoin, com a famosa e devastadora crise das tulipas holandesas no século 17. Na época, um tipo de contaminação viral produziu uma raríssima tulipa púrpura que se valorizou no mercado. Por ser rara, óbvio, fez disparar as cotações. Acontece que os bulbos só floresciam no fim da primavera. Os produtores criaram então uma espécie de mercado futuro. O sujeito comprava um papel, que podia revender, que dava direito a um determinado número de tulipas quando estas florescessem. A cadeia financeira tornou-se especulativa e os preços dispararam. Muitas pessoas tomaram empréstimos ou venderam bens para comprar certificados de tulipas que passavam adiante horas depois por muito florins a mais. O negócio era tão bom que os agentes financeiros passaram a vender mais títulos do que a produção de tulipas garantia. A partir dos primeiros caso de investidores que não conseguiram resgatar seus capitais, a bolha estourou e abalou a Europa.
Como as tulipas na febre de 1626, a moeda digital não tem lastro. Diz a City londrina que muita gente pode ficar com o bulbo na mão.

Chappaquiddick: filme desvenda o acidente que fechou as portas da Casa Branca para Ted Kennedy. Veja o trailer...




Foi liberado o trailer do filme Chappaquiddick, que será lançado nos Estados Unidos em abril do ano que vem. Deve chegar ao Brasil no segundo semestre de 2018.



O longa conta a história do acidente de carro, dirigido por Ted Kennedy, em julho de 1969, no qual morreu sua acompanhante, a professora Mary Jo Kopechne, que trabalhava na sua campanha eleitoral.



A tragédia virou escândalo e marcou a carreira política do mais novo dos Kennedy, eliminando suas chances de chegar à Casa Branca. O filme foi dirigido por John Curran, Kate Mara vive Mary Jo e Jason Clarke faz o papel de Ted Kennedy.

O acidente deixou muitas perguntas. Uma delas, sobre as razões para a família Kennedy ter levado dez horas para avisar à polícia; Ted conseguiu escapar depois que o carro mergulhou no rio, mas não teria prestado ajuda à acompanhante - ele disse que tentou - mas não explicou porque abandonou o local, foi tomar banho e dormir em um motel. Mais tarde, se declarou culpado por ter fugido da cena do acidente, foi condenado a um ano com direito condicional.

VEJA O TRAILER DE CHAPPAQUIDDICK, CLIQUE AQUI

Então é Natal...

Decreto de Michel Temer amplia alcance do indulto natalino e favorece presos por corrupção.

Do outro lado, acordos mamão-com-açúcar assinados com muitos e felizes delatores já colocaram em prisão domiciliar vários empresários e altos funcionários que entregaram esquemas dos quais eram peças principais.

No meio, a caneta de Gilmar Mendes, a mais rápida do Centro-Oeste, também manda pra casa indiciados de fino trato.

A turma tem mais é que comemorar o Papai Noel.

"The Crown" na vida real: racismo no almoço de Natal da família real britânica

A princesa Michael of Kent, com o broche que retrata uma escrava africana. Ela escolheu a joia
para ir ao almoço de Natal onde estava presente Meghan Markle, futura
mulher do príncipe Harry, que é filha de uma afro-americana. Foto: Reprodução The Guardian


por Jean-Paul Lagarride

Não demorou muito e uma integrante periférica da família real britânica mostrou seu veneno. A princesa Michael of Kent, casada com um primo da rainha Elizabeth, tirou da caixa um broche com efígie de uma escrava africava e levou o adereço para o almoço de Natal no Palácio de Buckingham. 

Quem tem visto a série The Crown, no Netflix, já percebeu que nada no reino dos Windsor acontece por acaso, nem as formalidades e muito menos os barracos À mesa estava a futura mulher do príncipe Harry, Meghan Markle (na capa da Vanity Fair, ao lado), que é filha de pai branco e mãe afro-americana. 

Diante da repercussão, a princesa Michael de Kent pediu desculpas, mas seu recado já estava dado. O tipo de joia que ela usou já é há muito tempo visto no Reino Unido, por parte da sociedade, como inconveniente por representar o que era antigamente uma demonstração de "orgulho" diante do sangrento e cruel  império colonial: a submissão de uma raça conquistada por uma etnia "superior".   

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Edição impressa do Jornal do Brasil será relançada em fevereiro de 2018

Adquirido por Omar Peres, o Jornal do Brasil voltará às bancas em formato standard tradicional no final de fevereiro. O diretor de Redação será o jornalista Gilberto Menezes Côrtes. A informação está no site do próprio JB.

Memória da propaganda...

CLIQUE AQUI

É coisa de vídeo - Globo desliga William Waack um mês e meio depois de vazamento de flagra de racismo

A Rede Globo comunicou hoje que em acordo com William Waack foi decidido encerrar o contrato de prestação de serviços que a emissora e o jornalista mantinham desde 1996.

O ex-âncora do Jornal da Globo estava afastado desde o começo de novembro quando foi vazado um vídeo onde ele usava expressões de cunho racista antes de entrar no ar, em Washington, quando cobria a eleição de Donald Trump. Na nota oficial, assinada pelo diretor de jornalismo Ali Kamel e pelo jornalista, observa-se que Waack não admite o que o vídeo mostrou, diz que "em nenhum momento teve o objetivo de protagonizar ofensas raciais", não explica as expressões lamentáveis que usou, mas pede desculpas "a quem se sentiu ofendido". A Globo, logo abaixo, das evasivas do seu ex-âncora, "reafirma seu repúdio ao racismo".

Há alguma semanas, especulou-se que o SBT estaria interessado em contratar o jornalista.

Leia o comunicado da Globo:

"Em relação ao vídeo que circulou na internet a partir do dia 8 de novembro de 2017, William Waack reitera que nem ali nem em nenhum outro momento de sua vida teve o objetivo de protagonizar ofensas raciais. Repudia de forma absoluta o racismo, nunca compactuou com esse sentimento abjeto e sempre lutou por uma sociedade inclusiva e que respeite as diferenças. Pede desculpas a quem se sentiu ofendido, pois todos merecem o seu respeito.

A TV GLOBO e o jornalista decidiram que o melhor caminho a seguir é o encerramento consensual do contrato de prestação de serviços que mantinham.

A TV GLOBO reafirma seu repúdio ao racismo em todas as suas formas e manifestações. E reitera a excelência profissional de Waack e a imensa contribuição dele ao jornalismo da TV GLOBO e ao brasileiro. E a ele agradece os anos de colaboração.

Ali Kamel, diretor de Jornalismo da TV GLOBO

William Waack, jornalista e apresentador de programas jornalísticos da TV GLOBO"

ATUALIZAÇÃO ÀS 15H49 - Segundo o colunista Ricardo Feltrin, do UOL, William Waack se reuniu com a Globo por quatro vezes desde o vazamento do vídeo. Essas reuniões, como a última, que gerou o comunicado, foram tensas e o jornalista estava acompanhado de advogado. O caso, segundo Feltrin, pode acabar na Justiça.

Professor Bonner dá aula de filmagem com celular





William Bonner usou alguns segundos do Jornal Nacional para fazer um rápido tutorial de como se deve gravar vídeos com celulares. O apresentador não gostou de um tosco vídeo amador sobre um acidente de carro provocado por um deputado bêbado. O telecurso de Bonner foi visto por milhões de brasileiros e repercutiu na web que, claro, não perdeu a chance de produzir as últimas memes de 2017. Internautas pedem que ele ensine técnicas de selfie, nudes, assédio no trem, de político recebendo mala de dinheiro e flagrantes de traição em motéis. 
VEJA A AULA DO TIO BONNER. CLIQUE AQUI

Isso pode? "Estagiário" da Fox Sports engana leitores... tudo por um clique

Reprodução Twitter Fox Sports, 21/12/2017 13:46/ postado em São Paulo
O "estagiário" do Fox Sports acordou ontem, achou que ainda estava no fundão da sala da escola fundamental e resolveu sacanear os leitores do twitter do canal. O rapaz teve uma ideia genial para descolar alguns cliques a mais e marcar ponto com o tutor que supervisiona seu "treinamento". Bolou um título sobre um "estrela" do PSG que estaria fazendo "o último jogo pelo clube" e, logo abaixo botou uma foto do presidente do  time francês (Nasser Al-Khelaïfi, mas ele não identificou provavelmente por não saber quem é) com o boné do Neymar em primeiro plano. A intenção, claro foi induzir a fake news de que o brasileiro estaria indo para um "gigante italiano". A matéria chupada do Le Parisien era sobre o meia argentino Javier Pastore. Como os leitores não são desligados,  logo choveram comentários criticando a apelação. Horas depois, a Fox aparentemente deletou todos. Abaixo a reprodução da mesma matéria no Le Parisien, com título, foto coerente e enfoque corretos. Aprende, "estagiário".

Le Parisien/21 décembre 2017, 10h00|

Reprodução/Comentários no twitter Fox Sports


quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Vai Malandra - 30 milhões de views até agora. É Anitta quebrando a internet

Anitta no Vidigal
por Ed Sá

Anitta fecha 2017 com o clipe mais polêmico da sua carreira.

Mas enquanto a academia discute sexismo, machismo e outros ismos, o funk Vai Malandra (com participação de MC Zaac, Maejor e DJ Yuri Martins) domina a cena, é visto por 30 milhões de fãs e o marcador continua rodando no Brasil e no exterior.

Pela primeira vez, uma música brasileira ficou na ponta do Spotfy.
Na placa da moto, alusão ao número do
projeto de lei proposto por evangélicos e
que ameaça criminalizar o funk.
Isso significa que foi uma das mais ouvidas no mundo nessa semana.

Fotografado no Morro do Vidigal por Terry Richardson - sem tratamento digital das celulites, por imposição de Anitta - o clipe é pura raiz do funk no som, na concepção, na alma, na cara do felliniana do Rio partido. Exagero? Veja você mesmo.
 VAI MALANDRA, CLIQUE AQUI

A revista Rolling Stone entrega os pontos e é vendida para a Variety

Bob Dylan foi entrevistado para a edição
comemorativa dos 50 anos. . 
Fundada em 1967, a revista Rolling Stone muda de mãos aos 50 anos. Jann Wenner, um dos fundadores, acaba de vender a maioria da ações ao grupo Penske, que edita a Variety.

A família Wenner permanece cuidando do operacional da revista e investe no on line, para onde os seus leitores migraram já há alguns anos. A Rolling Stone nasceu como publicação musical, mas absorveu ao longo do tempo pautas políticas, e comportamentais que impulsionaram a cultura pop.

Além da crise do mercado das publicações impressas, a RS foi abalada, em 2014, ao publicar uma reportagem sobre um caso de estupro em uma universidade. A história se revelou falsa, custou à publicação uma indenização milionária e entrou para os manuais de como não se deve fazer jornalismo investigativo. A suposta vítima, que era identificada apenas por um pseudônimo, mentiu,  a revista não checou a história com outras fontes e sustentou a reportagem apenas no testemunho fantasioso. Transparente na repercussão do episódio, a RS assumiu o erro, mas não evitou alguns danos à imagem quase na reta final de 50 anos como bíblia da contracultura.

Não deixa de ser irônico ver o DNA rebelde Rolling Stone cruzar com a Variety, uma típica célula do entretenimento hollywoodiano. Vale observar de quem será o gene dominante.


"Xerife" da Câmara de Vereadores de Uberlândia agride repórter da Band


Dona Alice Ribeiro deve ser uma madame poderosa em Uberlândia. Casada com o vereador Hélio Ferraz (PSDB) e, por coincidência, procuradora da Câmara Municipal, parece achar que imprensa com ela é pra ser finalizada no octógono do UFC. Ela agiu como uma "xerife" que não deve satisfações a ninguém. Ainda mais se o repórter ousa questionar aumento de quase 20% nos salários que a vereança se concedeu e aos funcionários. Uberlândia não está em crise, ao contrário, o PIB municipal deve estar crescendo a 30%  ao ano para justificar tanta bondade com dinheiro público.

Um dos problemas do Brasil é a corrupção, que custa caro ao país, mas bem mais caros e permanentes são os super salários institucionalizados e sustentados por leis que a casta beneficiada se encarrega de criar.

Como Uberlândia, o Brasil também deve ser uma potência econômica. Se não, como explicar que os contribuintes brasileiros sustentam os representantes dos três poderes, eleitos ou concurseiros,  mais bem remunerados do mundo, deputados e senadores e vereadores com salários e penduricalhos mais valorizados do que muitos jogadores da Liga dos Campeões, ministros, secretários e figuras dos altos escalões que acumulam vencimentos bombados e, depois, aposentadorias de megassena?

Foi pra defender tanta bonança que Dona Alice agrediu o repórter Ricardo Martins, da Band, e o chamou de "ordinário".

Vereadores contrários ao aumento foram à Justiça, que concedeu uma liminar suspendendo a medida. A procuradora avisou que vai recorrer.

Dona Alice acertou. Somos todos brasileiros "ordinários".

Se não fôssemos, não permitiríamos tanto abuso e arrogância.

VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI


quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Os 'manés' da 'pulítica'

Da coluna Gente Boa, do Globo.

Estava escrito...

Edson Aran, ex-diretor da Playboy, foi buscar nos seus arquivos e publicou no twitter a capa premonitória do Planeta Diário. Maluf preso. A profecia foi feita há 33 anos.

Leitura Dinâmica: pai de santo presidencial, novo cangaço, Maluf, Gilmar Mendes...

por O.V.Pochê 

* Durante cerimônia de entrega da Ordem Cultural do Mérito, Temer revelou que quis ser jornalista. Chegou a trabalhar no jornal Última Hora, mas preferia ser repórter de rua e o colocaram para copidescar textos. Erro do Samuel Wainer, dono do jornal, que não o incentivou. Hoje o homem seria apenas jornalista. Tinha que manter isso, viu ?

* Alguém recolha o passaporte do Crivella. Em quase um ano de mandato ele já tem uma quilometragem de viagem ao exterior equivalente a três voltas ao mundo. Agora está em Orlando, na Flórida. Não se sabe se voltará a tempo de concluir seu único projeto: dar "um banho de loja na Rocinha".

* Polícia prendeu uma mulher suspeita de assaltos em série no Tocantins. A novidade é que ela integraria uma quadrilha que pratica o que as autoridades chamam de "novo cangaço". Parte do bando de neo-Virgulinos assalta bancos, postos de combustíveis e lojas enquanto outro grupo ataca delegacia e batalhões policiais para desviar a atenção dos agentes. A nova Maria Bonita acabou presa.

* Um suposto pai de santo identificado com Uzeda deu uma geral em Temer que, segundo ele, está com muito vodu em cima. Haveria até três cabeças de burros de plantão em um dos palácios, além de bonecos como foto do presidente. O pai de santo não deu nome aos burros.

* O Globo opinando sobre o já velho e engavetado escândalo do metrô (a investigação de agora é do Cade, apenas administrativa, portanto) no terreiro do PSDB. Como se sabe, tucano não é corrupto, no máximo "tem evidências de relações não republicanas com as empresas".


* O PMDB está preocupado com a imagem de corrupto e mudou de nome. Volta a se chamar MDB. tal qual a antiga sigla com que foi fundado pela ditadura militar. É como o Super Homem, que basta botar uns óculos vira Clark Kent e ninguém reconhece.

* Folha de São Paulo avisa que Maluf se entregou "para ser preso". E eu pensando que era para um churrasco de fim de ano na PF, um convite para o Natal do Ministério Público ou um reunião nostálgica de "amigo oculto" sobre o processo dele que começou nos distantes anos 90.

* Ouvido nos becos e botecos: "É verdade que Gilmar Mendes descerá de helicóptero no Maracanã, vestido de Papai Noel e fará distribuição de habeas corpus gratuitos?".


Robótica: as androides já chegaram e dão até entrevista...

Reprodução
por Ed Sá
O cinema já mostrou muitos robôs a serviço do homem. Geralmente eram mordomos, secretários ou aventureiros como os simpáticos R2d2 ou C-3PO de StarWars. Mas isso era ficção. Na real, os robôs humanoides que estão no mercado e cada vez mais evoluídos são as bonecas sexuais inteligentes. Você só não se deparou com uma dessas no quarto do seu sobrinho nerd porque o preço ainda é proibitivo: os modelos mais sofisticados custam em torno de 20 a 30 mil reais dependendo da configuração e dos requisitos que o freguês desejar. Não por acaso, os maiores compradores estão nos países desenvolvidos, pela ordem, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e França.
Elas demonstram emoções, têm um vocabulário básico (algumas conversam fluentemente e guardam milhares de frases no HD), sensores em zonas erógenas e foram esteticamente aperfeiçoadas (esqueça aqueles jurássicos modelos infláveis que só motivavam presidiários nas solitárias de Alcatraz).
O mercado está em alta com a evolução da robótica e da nanotecnologia, mas o que impulsiona a indústria é o modo de vida atual, com menos oportunidades de convivência social. Os marqueteiros da nova indústria partem para a provocação e adicionam um novo quesito nessa análise: bonecas não fazem denúncia de assédio sexual. Isso não envolve qualquer crítica às mulheres que defendem seu direito de dizer não e reagem aos importunadores, mas é um novo dado mercadológico em avaliação pelos fabricantes. A tendência é que muitos homens, principalmente aqueles sem ficha corrida de assédios e conscientes dos novos comportamentos, redobrem a cautela e evitem abordagens que corram o risco, mínimo que seja, de serem interpretadas como inapropriadas. Estes se sentirão mais seguros com a imitação tecnológica.
Se serão felizes, o tempo dirá. Mas, com certeza, será difícil esperar que uma androide, por mais aperfeiçoada que seja, inspire um Vinicius de Moraes do futuro. 
VEJA UMA CÔMICA ENTREVISTA COM UMA ANDROIDE. CLIQUE AQUI

"Ela sabia". Meryl Streep é criticada por não revelar o histórico de assédio sexual do produtor Harvey Weinstein

por Ed Sá 
Sobrou para Meryl Streep. Circula nas redes sociais uma foto da atriz com o produtor Harvey Weinstein, que assediou onze em cada dez estrelas de Hollywood. Na imagem, uma venda onde se lê:  "She Knew". A informação é do Mashable.

Streep é acusada de ter ficado calada durante anos embora soubesse das investidas predatórias de Weinstein.

Ela nega que tivesse conhecimento dos casos e confirma que vai se vestir de preto em todas as premiações, inclusive no Oscar, para demonstrar seu repúdio ao assédio sexual.

Revista Carioquice vira Almanaque. Conheça o Rio que diz "Xô, baixo astral!"


Lançada há 12 anos, a revista trimestral Carioquice, do Instituto Cultural Cravo Albin, muda de formato e de periodicidade. Passa a se chamar Almanaque Carioquice e será anual.
Veja no link abaixo:
http://almanaquecarioquice.com.br/pdf/almanaque.pdf

Marcelo Odebrecht no Le Monde. Oh, que delícia de prisão...



por Jean-Paul Lagarride

O Le Monde destaca a chegada em sua mansão - que o jornal chama de palácio - de Marcelo Odebrecht.

O empresário se junta ao time dos delatores premiados que voltam a levar boa vida. Odebrecht chegou a São Paulo a bordo de avião fretado por ele. A mansão tem piscinas, ginásio, home theater. Se os acusados de corrupção da Arábia Saudita estão hospedados em um hotel de luxo, o "príncipe", como era conhecido antes da investigação da "Lavage Express", tem seu próprio cinco estrelas.

A foto do Le Monde mostra a agitação dos fotógrafos diante da mansão-prisão. Segundo o Le Monde,  Odebrecht deixou saudades na prisão, em Curitiba: ele compartilhava com o demais presos iguarias que recebia durante visitas da mulher.

O "preso" pode receber visitas, mas com limites de até 15 pessoas, o que parece suficiente. Vamos combinar que não são esperadas mais de 15 pessoas para ver um empresário que entregou à Justiça um arquivo com 200 nomes de políticos, autoridades e funcionários que receberam propina.

Que, sem perder a elegância, chamamos de pot-de-vin.


terça-feira, 19 de dezembro de 2017

A melhor arma do jornalismo profissional contra fake news é a velha e boa honestidade aliada a uma antiga lição: apurar antes de publicar. Parece básico, mas não é...

por José Esmeraldo Gonçalves

Em tempo de fake news - fenômeno impulsionado por redes sociais, mas ao qual a grande mídia nunca esteve imune -, uma tentativa de fazer com que o Washington Post caísse em uma armadilha apontou para uma antiga lição: nunca dispensar a apuração rigorosa dos fatos antes da publicação.

É norma básica do jornalismo, até "cláusula pétrea", como se diz da Constituição, mas é muitas vezes desprezada pela pressa (nos sites dos veículos é grande a pressão para volume de cliques), por engano ou por interesses políticos, corporativos e até pessoais dos veículos, dos seus editores e colunistas.

A maior parte das fake news que circula em redes sociais, os fatos mais absurdos e até inverossímeis, é compartilhada e passada adiante por pessoas que "querem muito" acreditar naquele conteúdo que "combina" com suas ideias ou opiniões sobre determinados fatos ou pessoas. Não seria exagero dizer que o mesmo sentimento ou interesse pode levar um jornalista a ser, digamos, receptivo, a uma notícia falsa. Os bons profissionais devem resistir a esse impulso e deixar permanentemente ligado o alerta de fake news.   

O Veritas Project, organização americana de extrema direita, enviou um email à repórter Beth Reinhard com um "dica" explosiva sobre Roy Moore, candidato ao senado do Alabama. Segundo a "fonte", o político teria se envolvido com adolescentes no fim dos anos 1970 e obrigado uma delas a fazer um aborto. A repórter entrevistou a "fonte" duas vezes, percebeu lacunas do relato, incoerências, recusa em dar detalhes precisos sobre a suposta vítima. O Washington Post não publicou a história e optou corretamente por apurar e denunciar o grupo especializado em produzir fake news.

O Washington Post admite o uso eventual de "fonte" não identificada. Mas os editores exigem, nesse caso, que os repórteres investiguem seus informantes, suas ligações e, principalmente, suas motivações. Qual o interesse em passar adiante determinada informação? Em quais circunstâncias teve acesso à informação? A quem será útil? Quem se beneficiará daquela revelação, o leitor ou a "fonte'?

A grande mídia brasileira está longe de ser assim tão rigorosa. Claro que já foi pior. Aqui, há um flagrante excesso no uso da figura de "um interlocutor", "uma pessoa próxima" e "fontes ligadas ao fulano" etc, não como uma indicação para a apuração de uma informação, mas como a própria informação pronta e acabada e assim levada ao público. Nos anos 1950 e 1960, algumas reportagens eram peças de ficção, como seus próprios autores revelaram anos depois. Na década de 1970, a mídia ratificava as versões oficiais sobre fatos que envolviam a guerrilha urbana, crises econômicas e omitia, por exemplo, tragédias ambientais e o extermínio de tribos cometidos em obras como a Transamazônica e a instalação de agrovilas em plena floresta. Nem sempre sob veto da censura, quando esta estava ao lado dos mesmos e corporativos interesses. Houve depois o Caso da Escola Base, do programa de TV entrevistando falso líder do PCC, outro que exaltou falso filho do dono de uma companhia aérea, além de pós-verdades e omissões deliberadas de determinados escândalos de corrupção. Há pouco meses, o caso do reitor Luiz Carlos Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina, mostrou a passividade da grande mídia diante da versão oficial de uma operação contra suposto desvio de recursos na instituição. O reitor foi enfaticamente citado como envolvido nos roubos, quando estes, se efetivamente provados, aconteceram antes da sua gestão. Cancellier era alvo da operação apenas por uma também até aqui suposta "interferência nas investigações". O reitor, como se sabe, se suicidou e, em bilhete, atribuiu o gesto à injustiça sofrida, o que nenhuma agência de checagem ajudaria a corrigir.

O aparecimento de agências de checagem de notícias, especialmente sobre fatos ou declarações que têm origem nos discursos e números que autoridades divulgam, é bem-vindo. Mas não basta, até porque a checagem é feita a posteriori. Se a notícia publicada for falsa, os seus efeitos já terão se realizado. Muito antes da onda das fake news alguns colunistas já eram criticados por publicar a notinha recebida de uma "fonte", não checa-la (sob a alegação de "falta de tempo") e, no dia seguinte, publicar o desmentido. Com se fosse legítima essa espécie de efeito suspensivo da fake news por 24 horas. E os danos às vítimas da informação inverídica?

No ano que vem, prevê-se, no Brasil, tsunamis de fake news, robôs e algoritmos como elementos de  campanhas eleitorais. A participação das agências e sites de checagem será essencial. E o rigor na apuração dos fatos e notinhas, antes da publicação e não como suíte de matérias e colunas, é o que os leitores merecem esperar da grande mídia.

Há alguns meses, The New York Times - precisamente em função dos efeitos das polêmicas sobre a cobertura das últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos -, lançou uma grande campanha publicitária cujo tema seria bem aplicado aqui no complicado ano que vem: “The Truth Is Hard to Find”.

Fácil não é, mas deveria se obrigatória.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Montreux, 1985 - A noite mágica de João Gilberto, segundo Roberto Muggiati

João Gilberto está na Veja dessa semana. Não há música nem poesia nessa matéria de capa. Aos 86 anos, o cantor e compositor, uma lenda da bossa nova, vive um drama pessoal. Há muitos momentos marcantes na brilhante trajetória do genial baiano de Juazeiro desde o seu disco de estreia, o Chega de Saudade, que entrou para a história. Mas sua performance no Montreux Jazz Festival, em 1985, é apontada como a melhor hora de João Gilberto. Foi também uma dramática queda-de-braço entre ele e Tom Jobim, uma confrontação terrível entre as duas figuras maiores de bossa nova. O editor Roberto Muggiati e a fotógrafa Lena Muggiati estavam lá. Aconteceu (na Suíça), virou Manchete...




Filme "O Paciente", sobre Tancredo Neves, faz remake da foto histórica de Gervásio Baptista


Foto de Gervásio Baptista

A jornalista Mônica Bergamo divulga hoje na Folha de São Paulo o remake de uma famosa foto de Tancredo Neves, Risoleta e médicos feita por Gervásio Baptista, publicada em primeira mão na Manchete, em 1985, e  logo depois replicada por todos os veículo do país.

A cena atual, fotografada por Ricardo Borges, da Folhapress, é das gravações do filme "O Paciente", de Sérgio Rezende, sobre os últimos dias de Tancredo, longa que será lançado ano que vem, com Othon Bastos revivendo o mineiro e Esther Goés interpretando Risoleta.

A Folha só faltou dar o nome do autor da foto original: Gervásio Baptista que está com 93 anos e teve o prazer de fotografar Tancredo Neves em vários momentos da sua vida pública e familiar. Gervásio também fotografou Aécio. Mas essa é outra história a provar que ninguém é perfeito.