segunda-feira, 8 de julho de 2024
Bolsonaro ganha meia- página no New York Times. Como meliante...
domingo, 7 de julho de 2024
França vive! Cordão sanitário isola vírus do fascismo, mas eterna vigilância é fundamental
Foi por pouco. Um movimento popular estendeu um cordão sanitário para conter a extrema direita francesa, a doença fatal que ainda ameaça a França. Diante do mal maior, a esquerda e parte do centro ergueram uma barricada contra o fascismo e o neonazismo que se aproveita de um momento de crise para impor políticas racistas e o radicalismo da corrupção neoliberal. A apuração não esta concluída. E etapa importante virá em seguida diante da urgência de um acordo que defina a maioria democrática no Parlamento da França.
sábado, 6 de julho de 2024
Na capa da IstoÉ: A democracia é refém do Biden
por Flávio Sépia
Comentário do blog - É quase impossível distinguir um democrata de um republicano nos Estados Unidos. São gêmeos univitelinos. Mas, concordo, qualquer mer#a é melhor do que Donald Trump, um cara que além de ser racista, misógino, assediador e fraudador, é tudo isso junto: um fascista.
O problema é que Joe Biden está fora de sintonia. Não é crime, muitos de nós temos alguém na família igualmente lutando para se agarrar às últimas lembranças. É triste e dramático.
Agora imagine tudo isso no foco de uma campanha presidencial de um dos mais poderosos países do mundo.
Quem mais torce para Biden se manter candidato é Trump. Isso diz tudo.
Paris 2024 - "Aux toilettes, citoyens! - Manifestantes contrários às Olimpíadas ameaçam poluir o Sena com um "cagalhaço"
![]() |
Protesto contra Olimpíada ameaça o Rio Sena. Foto de Jussara Razzé |
Evento coletivo de defecação no Sena tem até site para orientar manifestantes |
por José Esmeraldo Gonçalves
Assim como no Brasil, em 2014, quando aconteceu o protesto "Não vai ter Copa", algo parecido está rolando na França às vésperas da Olimpíada 2024. Parisienses encontraram um modo mais original de mostrar desagrado com os jogos que interferem na rotina da cidade e já consumiu mais de 1 bilhão de euros dos contribuintes. A ideia é promover um evento coletivo de defecação.
A guerrilha do cocô estava prevista para acontecer sob planejamento detalhado. No dia 23 de junho, os parisienses seriam convocados para sentar nos respectivos vasos sanitários das suas residências e ali depositarem o maior volume possível de fezes. Supõe-se que os organizadores dão preferência a um cocô mais consistente que, ao contrário da versão mais liquefeita, terá mais visibilidade ao desembocar no Sena. Uma dieta de batatas, por exemplo, pode contribuir para massificar excrementos. Outra opção é comer um prato raiz da culinária francesa: Andouillette. É coisa para os fortes. Trata-se de um bolo de carne feito de intestino de porco, pimenta, vinho, cebola e temperos. Embora os restaurantes garantam que a iguaria passa por controle sanitário e não oferece risco, acontece que cheira a merda e xixi.
Os líderes do cagalhaço calculam que, após lançado no vaso, o chamado "quilo" levará em média uma hora e meia para chegar às águas do Sena. Isso em tempo médio e a depender da distância do arrondissement. Bairros mais perto da margem do rio terão entrega praticamente expressa. O importante é que cada um se esforce para que sua contribuição fecal chegue ao rio no máximo até meio-dia. Sob a hashtag #JeChieDansLaSeineLe23Juin (algo como "eu caguei no Sena em 23 de junho"), um site facilitaria o calculo da velocidade do pacote.
O comitê de logística da manifestação espera muitas adesões. A alegada despoluição do rio terá custado, segundo eles, cerca 1,4 bilhão de euros, uns 9 bi de reais tropicais. O Sena será a raia da maratona aquática e da etapa de natação do triatlo e muitos atletas ameaçam não entrar na água caso, até a hora da prova, as autoridades não comprovem índices aceitáveis de coliformes fecais. Aí está a questão: se a inundação de cocô acontecer e se realmente for massiva, haverá tempo para uma operação emergencial de despoluição até o dia 26 de julho, data da abertura oficial dos jogos de Paris?
Atualização - O Cagalhaço de 23 de junho foi adiado. A ideia era que coincidisse com um anunciado mergulho de Anne Hidalgo e Emmanuel Macron nas águas do Sena. A prefeita e o presidente adiaram o que seria uma jogada de marketing para provar a despoluição do rio. Ambos alegaram que irão nadar após o segundo turno das eleições francesas marcadas para este domingo. Provavelmente evitaram ser vítimas do tsunami de fezes. A nova data deverá ser 15, 16, ou 17 de julho. O Cagalhaço também transferiu sua data e poderá acontecer tão logo as duas autoridades remarquem o mergulho no Sena.
quarta-feira, 3 de julho de 2024
BC Private Party, traje a combinar : a festa é deles
por Pedro Juan Bettencourt
Países que adotam BC ou FED autônomos incluem regras para probidade da autonomia.
O Congresso supervisiona o BC ou o FED.
O presidente eleito tem o poder de demitir o presidente do BC ou do FeD assim que toma posse. Pode mantê-lo, se quiser.
O FED é o BC americano.
No Brasil, a lei de autonomia do BC não tem regras de probidade, é desembestada. O presidente do BC pode se beneficiar das políticas que adota, sem amarras. Roberto Campos Neto, por exemplo, tem investimentos pessoais atrelados ao dólar em paraísos fiscais, pode participar de boca-livre de churrasco na intimidade de quem o nomeou.
No momento, ele nem usa as reservas para conter o aumento do dólar. Medida que adotou várias vezes durante o mandato de Bolsonaro, mentor.
O presidente americano nomeia ou confirma o presidente do FED para quatro anos de mandato. É seu direito. No Brasil o presidente eleito ao tomar posse sofre uma espécie de cassação parcial do seu próprio mandato. Durante dois anos é obrigado a governar com a política monetária sob controle de alguém nomeado pelo seu antecessor . A lei de autonomia do BC rouba metade do mandato presidencial.
Ou seja: a lei de autonomia do BC foi criada para reduzir os poderes do presidente eleito, qualquer que seja ele.
Juntando a autonomia do BC, o papel das agências neoliberais, a eleição de deputados e senadores (no caso, um terço) para mandatos não coincidentes com o do Presidente da República e a farra das emendas secretas ou disfarçadad que dão um extraordinário poder financeiro ao Congresso, o eleito pelos brasileiros para o Palácio do Planalto já chega lá como "pato manco" (lame duck), a expressão usada na política dos Estados Unidos para definir o titular de um cargo cujo poder é em parte decorativo.
A autonomia do BC brasileiro, sem efetivas regras e sem supervisão de probidade, transferiu o poder de definição da política monetária para a especulação financeira. Foi o golpe que deu certo. Não foi necessário invadir o BC nem quebrar relógio, rasgar poltronas ou defecar em mesas de reunião.
segunda-feira, 1 de julho de 2024
sábado, 29 de junho de 2024
Avisem ao Biden que, em 1986, Ulysses Guimarães sofreu de confusão mental. A mídia veiculou muitas informações falsas sobre o problema que, em seguida, foi diagnosticado: era intoxicação medicamentosa. O político superou a crise, presidiu a Constituinte e foi chamado de Sr. Impeachment por ajudar a despejar Collor de Mello do Palácio do Planalto.
por Flávio Sépia
Observando o drama público que vive Joe Biden não pude deixar de voltar a um acontecimento parecido ocorrido na pollítica brasileira.
Em 1986, Ulysses Guimarães, então presidente da Câmara dos Deputados, deu sinais, em público, de confusão mental, alternava momentos de muita euforia e de profunda tristeza. Na verdade, como sua mulher, Mora, revelou ao jornalista Jorge Bastos Moreno, constatou-se depois que ele foi vítima de uma intoxicação medicamentosa provocada por prescrição de remédios inadequados para combater a depressão.
Enquanto não se encontrou o motivo, Ulysses sofreu uma cruel perseguição de adversários e por parte da mídia que veiculou informações falsas geradas por politicos. Uma hora, diziam que Ulysses tinha um um tumor no cérebro ou circularam informações falsas de que, desorientado, criara confusão em um voo. Após um tratamento de desintoxicação, Ulysses retomou o protagonismo na política e, menos de um ano depois presidiu a Assenbléia Nacional Constituinte, candidatou-se a presidente em 1989 e foi chamado de Sr. Impeachement ao ajudar a despachar Collor de Mello no rastro de graves escândalos de corrupção.
A baixa performance de Joe Biden durante debate com Trump, somada ao seu comportamento errôneo nos últimos meses, assusta os democratas. Algumas lideranças, em off, já admitem a troca do candidato do partido. Sobram avaliaçoes polúticas, mas faltam transparência e informações médicas sobre a saúde física e mental de Biden. Pode ser curável, assim como no caso de Ulysses? Pode se agravar? Sem que essas questões sejam esclarecidas aos eleitores, as piadas, as fake news e o deboche de Donald Trump até novembro (e está previsto outro debate da TV após as convenções partidárias) seguirão causando danos irreparáveis ao democrata.
sexta-feira, 28 de junho de 2024
Na capa da Time: e ninguém anotou a placa
Comentário do blog - Não apenas os democratas estão em pânico. O mundo está. O primeiro debate dos candidatos à Casa Branca foi um desastre.
A capa da Time faz a leitura mais dramática .
Biden encurralado pela própria mente; Trump desfilando um pacote de mentiras. Difícil acreditar que Biden encontre energia e estratégia para enfrentar Trump em novembro. O eventual retorno do magnata à presidência. Imaginar que os democratas tomarão a decisão mais difícil da história do partido - retirar Biden da corrida presidencial - é, por enquanto, só imaginação. Escolher um substituto é outro desafio. E o regra três, se vier, terá menos tempo de articulações e campanha. Será a versão americana do nosso Fernando Haddad em 2022, que teve apenas um mês para se apresentar aos eleitores.
A França sitiada pela ultra direita
Desde a surpreendente vitória da ultra direita e do fascismo nas eleições para o Parlamento europeu, aumentou a violência contra imigrantes na França. Casos de agressões são registrados em várias regiões. O jornal Libération pede uma mobilização geral dos eleitores. Em uma analogia histórica, a França vai decidir se quer a democracia ou se vai voltar à República de Vichy.
Na Carta Capital - Não é opcional. Todo dia o contribuinte brasileiro ajuda um rico
quarta-feira, 26 de junho de 2024
O Pantanal está em chamas e o Estadão queima a verdade
O Pantanal queima mais uma vez. O que também é reincidência pela enésima vez é a irresponsabilidade do agronegócio: 80% dos grandes focos de incêndio estão em propriedades privadas e não têm causas ambientais, são resultado de queimadas, prática proibida, mas criminosamente adotada por fazendeiros. A participação do clima se dá pela falta de chuvas que deixa a vegetação seca, o que fornece o combustível para a propagação do fogo, é fato. O gatilho, contudo, é a mão do homem. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, informa que o governo federal combate 20 dos 27 grandes incêndios, mesmo não sendo da competência federal. "Temos uma responsabilidade sobre as unidades de conservação, mas o fogo não é estadual, não é municipal, o fogo é algo que destrói a vida e cria prejuízos econômicos e sociais" disse ela ao Poder 360.
O Estadão prefere politizar a questão, contornar o problema, e livrar a cara dos criminosos.
segunda-feira, 24 de junho de 2024
Fotomemória da redação: Há 40 anos Erasmo Carlos deu um close nela e não foi "cancelado"
Roberta Close e Erasmo Carlos em 1984. A foto da capa da Manchete foi assinada por Vantoen P. Jr., que... |
também fez a página dupla interna. |
por Ed Sá
Em junho de 1984, Erasmo Carlos e Roberta Close gravaram em em Ipanema o clipe da música "Close", um grande sucesso naquele ano. Praia lotada, multidão em volta, os dois circularam impunes em meio à curiosidade da massa. O Brasil daquele ano talvez fosse mais cordial, embora preconceituoso. Pelo menos, Roberta não foi biblicamente apedrejada nas ruas pela guarda da moral e dos valores e Erasmo não foi cancelado pelos bons costumes. Ela "fez a praia inteira levantar numa apoteose a beira-mar", como escreveu Erasmo.
Hoje, não sei, as milícias religiosas talvez partissem para a briga. Há 40 anos Erasmo ousou homenagear a primeira sex symbol transsexual da nação e a sua música foi um dos maiores sucessos do ano. Roberta Close, aliás, foi capa da Manchete várias vezes e, em nenhum momento, um deputado qualquer subiu à tribuna para mandar as "ovelhas" incendiarem as bancas. O Brasil mudou pra pior, Erasmo (ele mesmo uma figura cordial) não está mais aqui e Roberta Close completará 60 anos em dezembro. Casada com o empresário suíço Roland Granacher, ela mudou-se para Zurique em 1990 e declarou em entrevistas que não voltaria a morar no Brasil. Motivo: o preconceito, hoje mais agressivo e imprevisível.
P.S - Coube à página Fotos Históricas Plus, do Facebook (https://www.facebook.com/fotoshistoricasplus) relembrar esse encontro típico dos anos 1980 que virou capa de Manchete e repercute neste post assinado pelo incansável Ed Sá.
domingo, 23 de junho de 2024
Na capa da Carta Capital: mulheres vão às ruas contra os "aiatolás" brasileiros
Comentário do blog. Uma conspiração ocorre às claras no Brasil. Ninguém pode dizer que não a vê. A sala de comando está nos porões mais imundos do Congresso. De lá saem projetos que viram leis e que têm dois fluxos principais. São iniciativas para tirar dinheiro do Estado laico em favorecimento da indústria religiosa, desde uma montanha de isenções de impostos, convênios, dispensa de taxas e contribuições previdenciárias ou são leis de construção de uma futura teocracia propriamente dita. Os "aiatolás" já temos, a guarda religiosa está em formação, o poder legislativo já está dominado, a ocupação avança no judiciário e no executivo em estados, municípios e na submissão e concessões da Presidência em busca da "base" inalcançável. Já se sabe que a reação dificilmente virá dos políticos. Aqueles capazes são minorias. No caso da proposta de criminalização do aborto nos casos até aqui protegidos pela lei, a reação veio das ruas essa redes sociais com as mulheres à frente. Desculpem o pessimismo, mas é possível prever que os desafortunados que viverem verão a obra do fascismo neopentecostal pronta e operante.
sábado, 22 de junho de 2024
Olimpíada Paris 2024. Time Brasil mostra seu uniforme de congresso neopentecostal
O COB escolheu a marca bolsonarista Riachuelo para vestir os atletas brasileiros que vão à Olimpíada de Paris 2004. Aparentemente, esqueceram de avisar ao estilista responsável que os Jogos são competição esportiva e não um congresso neopentecostal. Tudo aí é ruim, a calça frouxa, a saia virginal, os chinelos, o casaco impróprio para o verão parisiense. Foto de Alexandre Loureiro/COB/Divulgação.
IstoÉ bota na capa o circo dos horrores do Senado
quarta-feira, 19 de junho de 2024
Nos passos de Anouk Aimée (1932-2024) em Deauville, set do filme "Um homem, uma mulher"
Anouk Aimée em "Um homem, uma Mulher". Foto Divulgação |
por José Esmeraldo Gonçalves
A notícia do falecimento da Anouk Aimée, ontem, em Paris, aos 92 anos remeteu a memória de uma geração a um ano (1966) e a um filme "Um homem, uma mulher". A atriz atuou em clássicos como "A Doce Vida" e "Oito e Meio", mas seu sucesso mais popular foi mesmo o filme dirigido por Claude Lelouch. Além da fama internacional, a história de um amor que nasceu na Normandia a levou ao tapete vermelho das premiações como a Palma de Ouro em Cannes, em 1966, ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro, em 1967, uma indicação na categoria Melhor Atriz, também no Oscar e um Globo de Ouro. Para as plateias brasileiras, a trilha sonora oferecia uma atração a mais: a música “Samba da Bênção”, de Vinicius de Moraes e Baden Powell.
![]() |
Trintignant e Anouk Aimée: cena do filme, na praia. Foto Divulgação |
![]() |
O set ainda inspira casais de turistas. Foto de J.Esmeraldo |
![]() |
Les Plantes: o cinema desfila na passarela de madeira em Deauville. Foto de Jussara Razzé |
Em 2016, 50 anos depois das filmagens, de alguma forma refiz os passos do casal Jean-Louis Duroc (Jean-Louis Trintignant) e Anne Gauthier (Anouk Aimée) em Deauville, o elegante balneário francês à margem do Atlântico Norte. Viúvos recentes, os personagens do filme se encontram na pequena cidade durante uma visita ao colégio interno dos respectivos filhos. Inicialmente ficam amigos, mas a saudade dos ex-parceiros adiciona alguma dor à passagem para o status seguinte, o de amantes.
![]() |
Deauville: placa em homenagem ao filme. Foto de Jussara Razzé |
Fotomemória: O dia em que o repórter Tarlis Batista reuniu a MPB em Montreux. E ele mesmo fez a foto
terça-feira, 18 de junho de 2024
"Dicotomia Haia-Rio": Sergio Zalis inaugura exposição no Instituto Antônio Carlos Jobim nesta quinta-feira, 20 de junho, às 18h
A mostra focaliza os parques urbanos Jardim Botânico, no Rio e Scheveningse Bosjes, em Haia, na Holanda e ocupa a galeria do Instituto Antônio Carlos Jobim, na Rua Jardim Botânico, 1008.
Nos links abaixo você poderá ver teasers (*) do making of da captura de imagens para exposição "Dicotomia Haia-Rio". Os três vídeos curtinhos mostram o fotógrafo Sergio Zalis trabalhando nos dois parques. As fotos foram depois processadas segundo a técnica focus stacking. O resultado é um diálogo de formas e cores entre o Jardim Botânico carioca e o Scheveningse Bosjes.
(*) Os teasers de divulgação foram filmados por Frederieke Jochems (Haia, outubro de 2023) e por Fernando Lemos (Rio, abril de 2024).
Teaser 1
https://www.youtube.com/shorts/AjhpJkETPTI
Teaser 2
https://www.youtube.com/shorts/-Sk3afQQsrk
Teaser 3
domingo, 16 de junho de 2024
Copa América vem aí: futebol na gringa tem mudanças. Para pior
por Niko Bolontrin
Os Estados Unidos empreendem nos últimos anos uma ofensiva para ganhar relevância no futebol e atrair torcedores de várias etnias. Não tem sido fácil. Por enquanto, são os hispânicos, em grande maioria, que vão aos estadios. Tanto que os agentes de imigração adoram circular nas arquibancadas dando incerta no pessoal que atravessa o Rio Grande a nado sem lenço nem documentos.
Os fãs saxões de basebol e futebol americano, por exemplo, rejeitam algumas regras do soccer, como chamam. Lei do impedimento é uma delas, o empate com resultado final de um jogo é outra e gostariam de uma alternativa à expulsão: punir o jogador com 5 ou 10 minutos forade campo.
Pode-se dizer que o recente jogo Brasil 1 X 1 Estados Unidos não foi exatamente de futebol. Mais pareceu de futebol society com a diferença do uso de 11 jogadores de cada lado (o futebol society escala sete em cada time). Simples: como a Copa América será jogada em estádios adaptados do futebol amqricano, o campo de jogo é muito menor. Enquanto na Copa do Mundo e em outros torneios importantes como Champions, Eurocopa, Libertadores, Brasileirão, jogos das ligas europeias etc os campos medem 105 metros de comprimento por 68 de largura, na Copa América terão 100 metros por 64. Uma grande diferença. No total uma redução de 740 m². Ou seja, estão fora dos padrões Fifa, mas dentro do lobby para empurrar o soccer goela abaixo do white power dos Estados Unidos. Como disse acima, difícil projeto: os supremacistas brancos, por exemplo, se surpreendem quando alguém explica que o futebol foi criado pelo ingleses. Muitos pensam que o soccer surgiu na África jogado por macacos e com cocos no lugar da bola.
Sobre a torcida brasileira em Orlando, local do amistoso contra os Estados Unidos, uma curiosidade: muitos colocaram a mão no peito durante a execução do hino dos EUA, que eles chamam de "América". Fofos.
Panis cum ovum: 15 anos de um blog que é "spin off" do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou"
O BLOG QUE NASCEU... |
DE UM LIVRO |
por José Esmeraldo Gonçalves
Em junho de 2009, há 15 anos, este blog entrou no ar. O propósito de lancá-lo vinha de antes. A coletânea "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" (Desiderata), cuja noite de autógrafos foi realizada em 3 de novembro de 2008 na Livraria da Travessa, no Leblon, já previa essa extensão digital.
![]() |
Os principais veículos do país abriram espaços para o lançamento do "Aconteceu na Manchete". Fotomontagem por Jussara Razzé |
O livro obteve amplo espaço nos principais jornais e revistas e a extraordinária receptividade reforçou a ideia de construir um spin off na internet.
![]() |
Acreditamos que a coletânea merecia essa derivação. O próprio projeto gráfico do "Aconteceu na Manchete", concebido por J.A.Barros, que foi diretor de Arte de O Cruzeiro, Manchete, Fatos&Fotos e Fatos, continha nas margens das páginas onde seguiam os textos principais uma coluna com histórias divertidas, curiosidades politicamente corretas e incorretas e revelações jornalísticas e fotojornalísticas das redações da Manchete, Fatos & Fotos, Fatos, Amiga, Desfile, Ele Ela, Carinho, Pais e Filhos, Mulher de Hoje e Sétimo Céu. Esses pequenos e bem-humorados textos ganharam o título de Blog da Bloch. Muitos deles são peças quase rodrigueanas da vida como ela era no Russell, tanto o que acontecia sob as luzes fluorescentes dos andares corridos quanto os enredos menos iluminados e jamais contados até que a irreverência da coletânea fez acontecer.
Embora faça um contexto da história do grupo, o "Aconteceu" não é sobre a editora que foi uma das mais importantes do país. É sobre pessoas, profissionais que lá trabalharam e os momentos marcantes das suas trajetórias naturalmente vinculadas ao universo paralelo do conjunto de prédios da Rua do Russell.
Não cabe aqui detalhar o conteúdo do blog Pão com Ovo (Panis cum ovum, segundo o apelido que lhe deu o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, ele próprio um dos autores que participaram da coletânea). Essa multiplicação de pão era um evento tradicional nos tensos fechamentos que muitas vezes varavam a noite. Livros judaicos dizem que "o pão vivo desceu do céu para nos salvar". No caso, quem nos salvava era o sanduíche preparado pela cozinha laica da Bloch.
O conteúdo acumulado do Panis cum ovum - o blog que virou manchete é autoexplicável no arquivo que o Google guarda nas nuvens. São, hoje, 16.548 posts acompanhados de 19.544 comentários, muitos deles relevantes, e centenas de fotos que em 15 anos foram vistos por 2.052.836 visitantes.
Vários colegas que participaram dessa saga já se foram, saíram do grupo mas não das memórias que seguem vivas na web.
Pra quem fica, segue o fio enquanto houver pão com ovo.
terça-feira, 11 de junho de 2024
A suspeita tentativa de privatização das praias
Projetos de privatização das praias são recorrentes no Congresso. De tempos em tempos as elites corruptas se mobilizam para tomar conta do litoral. Políticos que defenderam o projeto mais recente alegam que não há risco de privatização. Mentem. Matéria do Globo mostrou que há mais brechas no texto do que havia buracosde tatuí na areias antes da poluição acabar com a espécie. A omissão é proposital e costuma ser adotada em projetos suspeitos. Depois, ao longo da tramitação os "izpertos" encaixam tudo que interessa. O projeto atual teve seu caminho fechado diante da repercussão negativa da armação. Tenham certeza de que voltará, o lobby dos spas, dos condomínios de luxo, dos resorts, dos loteamentos, da invasão de mangues, dos clubes vips e das marinas em áreas de preservação os não desistirá.
Há exemplos de privatização de praias absolutamente condenáveis. No México, em muitas praias, a faixa de areia é dividida. Pequenas áreas para o povo e localizações privilegiadas para quem pode pagar caro pelo privilégio. Seguranças impedem o acesso de pessoas sem credenciais ou pulseiras de identificação. Na República Dominicana, a situação também é de apartheid no lazer. Quem não pode pagar - ou seja, se não é hóspede dos muitos resorts - que mergulhe nos trechos congestionados por algas.
Indignadas ou bem-humoradas, as reações ao projeto malandro tomaram conta das redes sociais. Através de memes e projeções da hecatombe ambiental que atacará as regiões litorâneas e ilhas os brasileiros mostraram os riscos. Imagine quantos "jabutis" (o contrabando de artigos que os legisladores costuma embutir em leis) um projeto desses poderá receber já que está aberto a tudo praticamenter.
Siga abaixo alguns exercícios de imaginação.
* Como acontece como frequência, a bancada evangélica também vai querer um pedaço. Digamos, para construir uma mansão para os chefes ou até mesmo uma igreja a beira-mar.
* A bancada da saúde reivindicará terrenos para erguer hospitais de alto luxo. Milionários poderão curtir a vista do mar mesmo se estiveram espetados na UTI por fios, agulhas e sensores. Damas elegantes poderão parir voltadas para a brisa marítima.
* Autoridades exigirão uma "capitania" para construir complexos hoteleiros, polos gastronômicos e centros de convenções para debater "políticas governamentais" , "melhorias para as populações de baixa renda" e subsídios fiscais para Elon Musk.
* A bancada da bola tentará ocupar quilômetros de praias em vários estados para a instalação de "centros de treinamento destinados a jovens promessas do futebol". Claro, haverá um resort para receber cartolas e suas famílias.
* A bancada da bala pedirá terrenos para montar clubes de tiro no Guarujá, na Barra da Tijuca, no Balneário Camboriú e em outras praias bem localizadas.
* A futura lei permitirá a construção de lojas e supermercados na orla. Lojas Havan, Riachuelo, restaurantes Madero e Como Bambu, por exemplo, academia Smart Fit, rede Centauro etc, poderão, caso se habilitem, conquistar espaços nas praias privatizadas.
* Partidos políticos podem projetar Centros de Conscientização e Lazer em Búzios, Canoa Quebrada, Itacaré, Arraial d'Ajuda etc.
* Em tese, o proprietário de uma praia poderá cobrar ingressos dos locais e dos turistas. O critério deverá ser por hora e a taxa será individual. Deputados e senadores que votarem a favor da privatização terão acesso livre, algo como direito perpétuo e extensivo às respectivas famílias de frequentar qualquer praia gratuitamente com bebidas e croquetes inclusos.
* Os banhistas que frequentarem trechos de praias ainda não ocupados receberão um colar rosa-choque que terá gravadas a área e a metragem onde poderão circular livremente entre as guaritas de segurança das faixas dos proprietários privados.
segunda-feira, 10 de junho de 2024
A primeira grande vitória de Vini Jr contra racistas espanhóis
Oi poder público, pode ceder uma ajudinha aí? Clubes de futebol adoram trocar passes com governos para obter vantagens...
Em 1985, escrevi o capítulo "Futebol e Poder" para a coletânea "Esporte e Poder" (Vozes)
organizada pela professora Gilda Korff Dieguez: o tema está mais atual do que nunca.
por José Esmeraldo Gonçalves
Em 1985, a convite da organizadora e autora Gilda Korf Dieguez, fui convidado para participar de uma coletênea intitulada "Esporte e Poder" (Vozes). Escrevi o capítulo "Futebol e Poder: algumas reflexões sobre o jogo da política". Entre outras ligações perigosas com políticos e governos, citei situações em que clubes de futebol foram favorecidos por verbas ou doações públicas. Um paternalismo político tradicional que implica em transferência de dinheiro ou favores para entidades privadas.
E isso que, de certa forma, atualizo aqui (o livro ainda pode ser encontrado em sebos). Nada mudou. Se Eurico Gaspar Dutra presenteou o Flamengo com um valiosos terreno, Getúlio Vargas matou a bola no peito e concedeu ao mesmo clube empréstimo a juros de amigo para a construção de um grande e valioso prédio vendido há pouco tempo. São apenas antigos exemplos. De lá pra cá, governadores, prefeitos e presidentes usaram a "caneta" - e não me refiro ao famoso drible dos craques - para fazer lançamentos - e também não me refiro aos passes de longa distância - que acertam os cofres dos times, geralmente aqueles de grandes torcidas. No Congresso existe até uma bancada da bola sempre atenta a criar leis que facilitam a vida dos cartolas. O bônus para os políticos deve vir em forma de votos, é o que esperam.
Entre os exemplos mais recentes que o capítulo no livro não alcançou estão o nebuloso financimento do estádio do Corinthians e a polêmica concessão do Maracanã que privilegia Fluminense e Flamengo. Duas outras jogadas de efeito estão em curso e devem ser observadas até o desfecho. Cessão de terrenos públicos para construção de centros de treinamento é outra prática recorrente utilizada por prefeitura em todo o Brasil. Uma é a negociação de um terreno pertencente à Caixa Econômica, em região central do Rio de Janeiro para construção de um estádio para o rubro-negro. A Caixa estipulou um preço, o Flamengo tenta pagar menos, o que o banco público não pode aceitar ou cometeria um ato de improbidade. Mas em anos de eleição as pressões vão além dos cartolas e envolvem políticos. O prefeito Eduardo Paes, segundo a imprensa divulgou, pretende ir a Brasília falar com deputados para encontrar uma solução. A outra jogada tem o interesse do Vasco da Gama que reivindica ajuda para reformar o histórico estádio de São Januário. A prefeitura carioca enviou à Câmara dos Vereadores um projeto que transfere o potencial construtivo de São Januário para outras áreas da cidade, como Barra da Tijuca, na Zona Oeste, e outras na Avenida Brasil. O Vasco venderia o tal potencial construtivo como forma de viabilizar a reforma e modernização do estádio. Mamão com açúcar, como se diz.
domingo, 9 de junho de 2024
Na capa da Carta Capital: o terrorismo do mercado aponta mísseis para o BC
quinta-feira, 6 de junho de 2024
Deu no New York Times: Foto de Serra Pelada, de Sebastião Salgado, está entre as 25 imagens que definem a Era Moderna
![]() |
Reprodução New York Times |
O jornal estadunidense informa que as 25 imagens que definem a Era Moderna desde 1955 foram escolhidas por uma equipe de especialistas. O brasileiro Sebastião Salgado figura ao lado de nomes como Alberto Korda (o famoso close de Che Guevara está entre as imagens selecionadas), Robert Frank, Gordon Parks, Diane Arbus, Malcolm Browne, Richard Drew, entre outros.
quarta-feira, 5 de junho de 2024
Fotomemória Chico Buarque 80 anos: em 1969, um momento feliz no exílio em Roma
Talvez o blog já tenha publicado, em algum momento, essa foto. De qualquer modo, vi que este post do Facebook faz menção à revista Fatos& Fotos, aí envio. Registrando que Chico Buarque fará 80 anos no próximo dia 18 de junho recupero esse momento da vida dele, há 55 anos (Nilton Muniz de Oliveira)
* Boa lembrança. O blog agradece a colaboração. Essa matéria exclusiva da Fatos & Fotos teve texto do próprio Chico Buarque e fotos de Alécio de Andrade, um dos maiores fotógrafos brasileiros. Na época, 1969, ele trabalhava na sucursal das revistas da Bloch em Paris.
No link abaixo vai o acesso à reportagem completa.
https://paniscumovum.blogspot.com/2019/01/memorias-da-redacao-ha-50-anos-chico.html
70 anos no lugar certo na hora certa • Roberto Muggiati compartilha alguns dos melhores momentos de uma carreira que já atravessa oito décadas
Tragédia nos céus de Curitiba • Na noite chuvosa de 16 de junho de 1958 fui mandado ao Hospital da Cruz Vermelha para entrevistar o sobrevivente de um desastre aéreo nas imediações do aeroporto Afonso Pena. “Estava muito escuro, da traseira do avião só ouvi um baita estrondo!” Atrelado a uma cama hospitalar, o rapaz louro não exibia um curativo sequer. Foi um dos oito sobreviventes do voo do Convair da Cruzeiro do Sul de Porto Alegre ao Rio de Janeiro, com escalas em Florianópolis, Curitiba e São Paulo. No outro extremo da cidade, no Hospital do Cajuru, fui ver a chegada dos 22 mortos, entre eles o Senador Nereu Ramos, que ocupara a presidência do país. Dois socorristas carregavam uma caixa metálica de meio metro cúbico. “É o corpo do governador de Santa Catarina”. Há quase um ano eu nutria um ódio visceral por Jorge Lacerda. Na época, jornalista mal pago, decidi escrever matérias pagas. Até o respeitável Dicesar Plaisant, da Academia Paranaense de Letras, praticava a “picaretagem”. Ouvi dizer que o Jorge Lacerda estava distribuindo dinheiro a rodo e viajei a Florianópolis para pleitear o meu. Encontrei-o à saída do palácio, recusou rispidamente qualquer proposta. Talvez procurasse poupar aquele jovem imberbe de se tornar um “picareta”. Ao vê-lo reduzido àqueles míseros despojos, fui tomado de profundo remorso. Lamento até hoje a morte, aos 43 anos, do filho de imigrantes gregos formado em medicina e em direito, brilhante político e poeta que ombreava nos suplementos literários com Drummond e Bandeira, Raquel de Queiroz e Lygia Fagundes Telles.
![]() |
Arte: Roberto Mendonça Muggiati |
O General não segurou o Homem da Vassoura • Ao sufocar o golpe de Carlos Lacerda e asseclas contra a posse de JK, eleito legitimamente no pleito presidencial de 1955, o general Henrique Batista Duffles Teixeira Lott se consagrou como defensor da democracia e candidato natural à sucessão de JK. Entrevistei Lott na sua campanha em Curitiba: seu perfil austero não era páreo para os esquetes histriônicos de Jânio da Silva Quadros, o Homem da Vassoura, que venceu em outubro de 1960 por uma enxurrada de votos em mais uma explosão de populismo delirante do nosso povo. Empossado como o primeiro Presidente em Brasília (que ele odiava), depois de uma série de medidas autoritárias e idiossincráticas – proibição do biquíni, da lança-perfume, das rinhas de galo e das corridas de cavalo nos dias de semana, a mania dos bilhetinhos e a adoção de alpercatas e um uniforme funcional apelidado de pijânio – após 237 dias de governo Jânio Quadros renunciou. Darcy Ribeiro escreveu: “Ninguém sabe, até hoje, por que Jânio renunciou. Nem ele.” O tresloucado gesto provocaria uma agitação nas camadas tecnônicas da nossa política que levaria inexoravelmente ao golpe militar de março de 1964.
Minha última noite em Berlim me arrancou da atmosfera de pesadelo para uma de sonho. Jantando na cobertura do Hotel Hilton com um grupo de jornalistas brasileiros, inadvertidamente invadimos outra festa, bem maior, e passei a trombar com figuras que me pareciam vagamente familiares. Spencer Tracy? Montgomery Clift, com sua indefectível capa de chuva? Sim, e sem a menor dúvida Marlene Dietrich, Judy Garland, Burt Lancaster, Richard Widmark, o ‘Risadinha’ – era o elenco milionário au grand complet do filme Julgamento em Nuremberg, num dos maiores lançamentos cinematográficos de todos os tempos. A Guerra Fria vivia um de seus momentos mais acalorados.
O homem invisível dos Anos de Chumbo • No auge da Revolução Cultural, sugeri à Bloch um livro que fundisse a biografia de Mao Tsé-tung com a história da China comunista. Alberto Dines, o intelectual da família (era casado com uma sobrinha de Adolpho), ficou tão entusiasmado com o projeto que me deu um adiantamento de mil dólares e colocou à minha disposição as sucursais internacionais, que me forneceram uma montanha de livros, na época a China era um dos temas favoritos das editoras do mundo inteiro. Nas brechas da reportagem – e num mês de férias que dediquei exclusivamente ao livro – escrevi Mao e a China, um volume robusto de 502 gramas e 374 páginas. Quando deixei a Manchete pela Veja, cinco mil exemplares já impressos ocupavam um bom espaço na gráfica de Parada de Lucas. Em represália à minha saída, Adolpho se recusava a lançar o livro, mas o bom senso comercial o fez repassa-lo para outra editora. Em concorrida noite de autógrafos, Mao e a China foi lançado na segunda-feira, 9 de dezembro de 1968 (foto). Na sexta-feira 13 era decretado o AI-5. Mais inoportuno do que a Veja, foi o livro errado na hora errada. Mao e a China era uma declaração de amor ao comunismo chinês. O livro, uma incitação à luta armada, passou a aparecer menos nas vitrinas das livrarias do que nas exposições de “material subversivo apreendido pelo exército”. Quando o guerrilheiro Carlos Lamarca morreu fuzilado em 1971, no sertão da Bahia, os jornais do país inteiro publicaram trechos de suas cartas para a companheira Iara Iavelberg. “12 de julho: Lendo Mao e a China, de Roberto Muggiati, me impressiono cada vez mais em tudo e vejo a necessidade urgente da Revolução Cultural dos quadros de vanguarda.” Mao e a China foi o último livro que Lamarca leu. Estranhamente, em momento algum a ditadura veio bater à minha porta. Com um forte sentimento de rejeição, autointitulei-me O Homem Invisível dos Anos de Chumbo. Só tempos depois matei a charada. Em 1969 voltei para a Manchete e para o Rio. Tivesse ficado em São Paulo, a coisa seria bem diferente. Num documentário sobre Vladimir Herzog, vi colegas meus da Veja e da Realidade – ideologicamente autênticos sacristães comparados a mim – que foram presos e torturados nos porões do DOI-CODI em São Paulo. Eu tinha tudo a ver com Vlado: nascemos no mesmo ano e, quando deixei o Serviço Brasileiro da BBC em Londres, em 1965, ele foi ocupar a minha vaga. A volta para o “balneário da República” – quem diria? – salvou a minha vida.